A DC (Defesa Civil) divulgou que avalizou o início do trabalho de restauração da antiga fábrica de tecelagem Santa Adélia (anteriormente, chamada de Campos & Irmãos).
Conforme informou o responsável pela Comdec (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil), João Batista Alves Floriano, o órgão emitiu parecer técnico em 2013, dois anos antes da recomposição.
Tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo, a antiga tecelagem da rua Coronel Lúcio Seabra, no centro, vai abrigar segunda unidade de cooperativa. Ela terá área de atendimento de 2.100 metros quadrados.
A restauração teve início confirmado em janeiro deste ano, a partir da aprovação do projeto junto ao Condephaat. Em abril do ano retrasado, o Departamento Municipal de Fiscalização divulgou os laudos das condições estruturais da companhia desativada e da antiga fábrica de tecelagem São Martinho.
Na época, cópias dos documentos entregues à reportagem de O Progresso apontavam que os dois imóveis não apresentam riscos de desabamento.
Os prédios históricos passaram por duas vistorias. A primeira delas aconteceu em janeiro de 2013, antes do período chuvoso; a segunda, em março do mesmo ano.
Atendendo pedido do departamento, a Defesa Civil enviou equipe composta por técnicos e engenheiro civil sanitarista. Os profissionais realizaram vistoria após as chuvas, para ver “se elas iriam ou não interferir na estrutura dos prédios”.
Em 2013, a DC indicou a necessidade de intervenção da Santa Adélia, em relatório assinado no dia 2 de janeiro daquele ano e entregue ao proprietário.
Na ocasião, apontou risco de queda de uma das paredes da antiga fábrica, situada na rua 7 de Abril, próximo ao cruzamento com a rua Santa Cruz.
O órgão recomendou, em caráter de urgência, a demolição de, aproximadamente, dez metros da parede. Solicitou, ainda, a reconstrução de uma nova, com alvenaria, pilares, cintas de amarração e respaldo para interligação das paredes.
À época, o proprietário, que acompanhou a visita, realizou a intervenção “por conta própria, tendo solucionado o problema”. A medida aconteceu no dia seguinte à vistoria.
No dia 8 de março, a Defesa Civil retornou aos prédios. Acompanhada pelos proprietários das respectivas fábricas, a equipe de técnicos e o engenheiro refez as vistorias.
Os profissionais verificaram tanto a parte externa como interna dos prédios. O objetivo era procurar possíveis rachaduras, infiltrações ou riscos de desmoronamento.
Na São Martinho, a Comdec relatou que “não foi possível constatar perigo de queda”. Entretanto, detectou um “afastamento no início do paredão do lado esquerdo da fábrica”, no sentido centro-bairro. Por fim, apontou que a situação seria analisada “melhor na parte interna do imóvel, por meio de vistoria aos demais paredões”.
Em relação à Santa Adélia (Campos Irmãos), o laudo apontou que a fábrica pode ser considerada um “modelo de obra de arte, uma vez que as amarrações (pilares com tijolos à vista, “deitados”) dão sustentação aos paredões”.
A Comdec incluiu, no documento, que a adequação de reconstrução de um dos muros da fábrica, recomendada em janeiro, havia sido feita pelo proprietário.
Inseriu, também, a mesma recomendação feita à São Martinho, de realizar vistoria interna nos paredões, para verificar a ocorrência de infiltrações.
Os laudos foram produzidos pela DC após a queda do muro da antiga fábrica Cianê, em Sorocaba, que resultou na morte de sete pessoas, em dezembro de 2012. Floriano explica que o órgão agiu, em Tatuí, preventivamente.
Também afirmou que a DC não deve realizar nova vistoria, uma vez que todo o processo de restauração da fábrica está sendo acompanhado por “órgão competente”.
A tragédia em Sorocaba ocorreu por conta da queda de um muro com mais de dez metros de altura, que atingiu pedestres, motos e carros que passavam pelo local. Ele compunha estrutura da fábrica de 1913, que estava sendo restaurada para construção de um shopping. O acidente aconteceu no período da noite.