A grade de cursos do Aeroclube de Tatuí voltará a crescer. Pelo menos é o que espera o presidente da entidade, Cesar Augustus Mazzoni. Conforme ele, o aeroclube está em processo de reativação do curso de formação de piloto de avião.
“Já entramos com pedido junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para que ele seja reativado”, declarou ele, em entrevista a O Progresso.
Atualmente, o aeroclube oferece cursos de piloto de planador, instrutor de voo e piloto rebocador de planador. Tem, ainda, o curso de piloto de avião homologado, mas preferiu solicitar a suspensão dele junto à Anac por “questões burocráticas”.
“Esse é um dos cursos que nós vamos trazer para que, no futuro, possamos colocar um de piloto comercial. Mas, a princípio, vamos trabalhar com os quatro”, disse.
O novo curso permitirá a pilotagem de aeronave sem remuneração. Mazzoni explicou que ele dá direito a um tipo de brevê que não permite relação comercial.
“É mais ou menos como a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Quando você tira sua carteira B, teoricamente, pode andar em qualquer carro, com mais quatro pessoas a bordo. Para trabalhar como taxista, tem que tirar a D, que é a profissional e pode ser remunerado. Na aviação é a mesma coisa”, disse.
A “carteira” de piloto privado possibilita o voo em “qualquer aeronave”. Existe apenas uma restrição: é preciso que o piloto verifique se ele está capacitado para pilotar a aeronave. Mazzoni descreveu que algumas delas possuem restrições, por conta de número de passageiros, de motores, entre outros.
Nesse caso, os pilotos privados podem voar a passeio, ainda que acompanhado de pessoas. Entretanto, não podem cobrar pelo serviço de condução. Com a carteira de piloto comercial, a remuneração pelo transporte é permitida.
A reativação do curso insere o Aeroclube de Tatuí no circuito de formação. No momento, os interessados nesse tipo de brevê têm como opções frequentar aulas em Sorocaba, Piracicaba e Tietê. Os aeroclubes dessas cidades oferecem cursos tanto de piloto privado como de piloto de aviação comercial.
“Agora, até para uma sequência de formação, nós vamos reativar esse curso”, disse Mazzoni. Segundo ele, o Aeroclube de Tatuí solicitou a suspensão da formação em 2009, por conta de uma série de exigências da Anac.
Na época, os sócios decidiram apresentar o pedido para a agência para que pudessem fazer as adequações. O prazo expirou no final do ano passado, quando o aeroclube enviou ofício solicitando a reativação do curso e a relação de documentação necessária para a regulamentação e o reinício das atividades.
“Estamos aguardando respostas para montarmos o curso dentro dos padrões da agência. Aí, o curso de piloto comercial pode ser que seja implantado no futuro”, falou.
No momento, Mazzoni destacou que a prioridade do Aeroclube de Tatuí é a formação em aviação leve (voltada a planador). Conforme ele, o curso representa o primeiro passo na “cadeia produtiva” ao longo da carreira comercial.
“Faz muita diferença. Muita gente procura tirar carteira de planador para completar as que vão conquistar, mais à frente na profissão”, afirmou o presidente.
De acordo com ele, quem se forma piloto de planador leva vantagem sobre quem procura o curso de piloto comercial como primeira opção. Os alunos que querem se formar como pilotos privados precisam completar, no mínimo, 35 horas de voo. O requisito para pilotos de planadores cai para 20 horas.
“Na hora que a pessoa põe na ponta do lápis, verifica que o custo sai mais barato para quem é piloto de planador. Isso porque a hora de voo em avião de instrução é de R$ 300. O custo para planador é de R$ 165”, comentou Mazzoni.
Outro diferencial é que os pilotos de planadores iniciam a formação de piloto privado com todos os conhecimentos de comandos básicos, meteorologia e altitude. Instruções que têm de ser adaptadas. “É só fazer a transição para voar em aeroave que tem motor”, declarou o presidente do Aeroclube.
Ao final da formação, Mazzoni disse que quem opta por começar em planador tem redução de custo. “Seguramente, por conta da hora de voo, a pessoa vai economizar 30%”, comentou.
O motivo é o preço da hora de voo de aviões comerciais. Ele salta de R$ 300 para R$ 700. “Estamos falando em, pelo menos, R$ 14 mil de economia”, falou.
A partir da resposta da Anac, o Aeroclube de Tatuí pretende fazer as adequações necessárias para reativação do curso no “menor prazo possível”. Mazzoni relatou que o prazo pode variar e, conforme contatos estabelecidos com entidades de outras cidades por ele, pode estender-se por até três anos.
“Infelizmente, a Anac é carente de equipe e ela burocratizou a situação”, disse. Segundo ele, há um “excesso de formalidade” que torna o processo mais lento.
Mazzoni afirmou que a maioria dos aeroclubes enfrenta “grande dificuldade” por conta de falta de agilidade dos técnicos da agência para análise de documentos. Também disse que o aeroclube local aguarda retorno neste mês.
Entre março e abril, os manuais do curso deverão ser concluídos. “Acredito que, num prazo de um ano e meio, esteja tudo liberado para o curso”, concluiu.