Associação dos Surdos dá inicio ao último ano do curso de Libras





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Entidade também incentiva prática de esporte entre seus fequentadores e é representada no futsal

 

A Astec (Associação dos Surdos de Tatuí Esporte Clube) “Lúcia Arruda Bertolaccini” iniciará na terça-feira, 3, o último semestre do curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais), na Escola Municipal “Professor José Tomas Borges”, localizada à rua Coronel Guilherme, 210.

A capacitação acontece das 19h às 21h, somando, ao todo, 180 horas. Desde 2008, a entidade forma moradores da cidade, deficientes auditivos e familiares deles.

Conforme a presidente da Astec, Leonides Bertolaccini Rodrigues, conhecida por Tili, o objetivo da AST é oferecer aos surdos a oportunidade de frequentar um grupo onde todos “falam a mesma língua” e fazer o surdo se conscientizar de que não é o único portador de deficiência, informar a respeito de leis, eventos e acontecimentos que interessam a eles.

A associação formou aproximadamente 620 alunos, entre surdos e pessoas sem nenhum tipo de deficiência, todos com certificados validados pela entidade.

O limite é de 20 alunos por sala. Porém, neste ano, a AST teve de abrir mais uma turma, que começará quarta-feira, 4, também na escola “Professor José Tomas Borges”, no mesmo horário.

“Este ano estávamos pensando em montar apenas uma sala, mas ultrapassamos o limite de vagas e tivemos que dividir em duas turmas”, explicou a presidente.

“Como muitos professores ficaram de fora, e por ser o último ano, resolvemos abrir uma exceção. E escolhemos quarta-feira para esses professores. Agora, estamos com algumas vagas para professores e estudantes de pedagogia”, contou.

Os interessados devem enviar e-mail para tilibras@hotmail.com, ou ligar para o telefone 99850-5050. Os deficientes auditivos e uma pessoa da família não pagam o curso; os ouvintes (pessoas que não apresentam deficiência auditiva) pagam uma mensalidade, cujo valor não foi divulgado pela associação.

O método de ensino da linguagem de sinais será ensinada de duas maneiras: a teórica, que estuda o conceito de Libras e seus parâmetros, e a prática, que ensina a técnica (sinais), por meio de vídeos e figuras em apostilas.

“Além de ser o segundo idioma oficial do Brasil, é importante para a comunicação com pessoas surdas. Aprendemos, também, a pensar visualmente e com rapidez, nos dá mais liberdade de expressão. Abre um leque para o mercado de trabalho, pois o Brasil precisa de intérpretes e, claro, a inclusão”.

“Qualquer idioma que começamos a aprender, no início, é difícil; depois, é questão de prática”, enfatiza.

A entidade está localizada à rua 15 de Novembro, 1.288. De acordo com Tili, a entidade ganhou o comodato de uma área de 700 metros quadrados. A construção da sede própria começará neste ano, mas não foi divulgada a data para o início da obra.

Novos projetos

A associação continuará a ministrar às aulas de Libras, mas de outra forma, apenas capacitando funcionários das empresas de Tatuí e região.

“A empresa forma uma turma e o professor da Astec é que vai até essa empresa ministrar aulas. Já temos algumas empresas inscritas para o segundo semestre de 2015”, relatou Tili.

Conforme a presidente, não há nenhum portador de deficiência auditivo desempregado na cidade. Atualmente, 52 pessoas estariam ativas no mercado de trabalho.

“Tatuí tem maior número de pessoas com conhecimento de Libras, temos pessoas capacitadas para atenderem os surdos, como, por exemplo, nos postos de saúde, delegacia, igrejas, comércio e outros. Estamos orgulhos disso”, declarou.

Até julho do ano passado, a Astec era conhecida apenas por “AST”. Mas, a diretoria decidiu incorporar as letras “E” e “C” ao nome da associação em razão do caráter esportivo da entidade.

A Astec incentiva os frequentadores surdos a participarem de diversos esportes. De acordo com Tili, neste ano, também o esporte será “carro-chefe” da associação.

O esporte mais praticado por eles é o futsal, pelo qual, inclusive, o time da associação foi campeão da região em 2014.

“Começaremos, neste ano, o vôlei feminino, natação e corrida. Arrecadaremos verbas para comprar equipamentos esportivos, como tênis de mesa, bolas, tênis, camisetas, redes para futsal e colchões, para recebermos atletas de outros lugares”, contou.

Tili afirmou que a associação não recebe auxílio financeiro de ninguém, além de não ter associados. Quando precisa de dinheiro, realiza eventos como bailes e bingos.

“Recebemos doações de empresas e comércios. Em 2013, um casa de material de construção e uma empresa de Iperó doaram camisas para o time do futsal”, disse.

“Nossos atletas treinavam todos os sábados na Emef “Professor José Tomas Borges”. A partir do dia 11 de fevereiro, às 19h, treinarão todas as segundas-feiras e quartas-feiras na Emef “Eugênio Santos”, localizada no centro. O sonho dos nossos atletas é conquistar o campeonato paulista de futsal dos surdos”, contou.

Ela ainda informou que os treinos do futsal seriam no Sesi. A única exigência do serviço era ter um professor formado e com registro no Cref (Conselho Regional de Educação Física), mas, como a entidade não tem esse profissional, não será possível a realização dos treinos no local cedido.

“Agradecemos à equipe do Sesi, iremos continuar com alguns eventuais jogos amistosos, que, por ventura, acontecerem na cidade”, esclareceu.

“Mas, se tiver algum professor de educação física, com Cref, interessado em aprender Libras, estamos à disposição. Não cobramos nada, só nos ajudaria nos treinos de futsal”, finalizou.