Cristiano Mota
Manu assina convênio com representantes de entidades beneficiadas ao final de inauguração de sede
Realizada na manhã do dia 13, a solenidade de inauguração – ou reinauguração, como prefere o secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Fernandes de Oliveira – do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) foi marcada por números.
Além da entrega oficial das novas instalações, na rua 13 de Fevereiro, 39, no centro, a cerimônia contou com assinatura de convênios para repasses de verbas a oito entidades.
No total, elas receberão R$ 742.350, sendo parte do dinheiro oriundo do Fundo Municipal do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente); a outra parte, de subvenção da Prefeitura e de recursos obtidos via projetos a partir de terceiros.
Locado pelo Executivo, o prédio no qual passou a funcionar o Creas é considerado “tudo de bom” por Nativa Quedevez de Souza. A coordenadora do órgão destacou que, por conta das novas salas, a “demanda aumentou”.
“O prédio antigo apresentava dificuldades de acesso. As pessoas que residiam no Jardim Gonzaga, por exemplo, tinham de pegar mais conduções para nos visitar. Agora, não só o local é maior como está bem centralizado”, disse.
Até o início do mês, o Creas funcionava no chamado Polo de Assistência Social, no Vale da Lua. Conforme a coordenadora, o prédio não só era mais distante para a maioria da população tatuiana, como oferecia menos privacidade.
Por conta da mudança e do aumento da procura por parte da população “vulnerável”, o Creas passará a contar com mais dois funcionários.
Eles se juntarão às quatro assistentes sociais, uma psicóloga, uma estagiária de serviço social, uma escriturária, um auxiliar administrativo, um motorista e um advogado que dá suporte à distância. “Nossa equipe está completa”, disse Nativa.
Trazido para o município em 2005, o Creas presta serviço a todas as pessoas que têm direitos violados, ou que estão em situação de vulnerabilidade.
Na sede antiga, ele registrava média de 200 atendimentos. Já no centro, o número passou para mais de 400, com a população idosa em segundo lugar.
Os idosos são auxiliados nos casos de abandono familiar ou negligência. Também há relatos e registros de pessoas que sofrem por “abusos financeiros”.
Nesse caso, parentes (filhos, netos ou outras pessoas) do idoso apropriam-se de cartões de pagamento de benefícios (pensão, ou aposentadoria) para uso próprio.
Esse tipo de abuso é registrado no centro por diversos meios. Entre eles, o “Disque Denúncia (100)”, a “procura espontânea”, ou por meio do telefone do órgão.
Em média, Nativa explicou que o Creas presta acompanhamento a 200 jovens que estão cumprindo medidas socioeducativas. Os idosos em situação de vulnerabilidade somam 140. Outros 80 casos envolvem crianças e adolescente e 73 são atendimentos prestados à população adulta.
“Isso tudo são dados de acompanhamento. Nós estamos, no momento, com 40 visitas feitas a partir de denúncias”, comentou a coordenadora. De acordo com ela, as queixas precisam ser averiguadas antes de qualquer providência.
Em se constatando a situação de vulnerabilidade, o Creas disponibiliza toda a equipe para acompanhar os casos. Ele também trabalha ligado aos órgãos de defesa dos direitos, como o Conselho Tutelar e o MP (Ministério Público).
Os casos de abusos financeiros são tratados, primeiro, no sentido de sensibilizar o parente que esteja desviando o dinheiro do aposentado.
“Nós informamos a pessoa que ela não pode continuar daquela maneira. Tendo resultado, a coisa termina. Não tendo, nós enviamos o caso para o MP”, disse Nativa.
Conforme ela, cada caso demanda um tempo específico de acompanhamento, não havendo um período pré-determinado. Em princípio, o Creas preconiza 12 encontros. “Mas, nem sempre é assim. Às vezes, são realizados muitos mais; outras vezes, muito menos”, argumentou a coordenadora.
A solução das denúncias envolvendo idosos, por exemplo, pode acontecer em um prazo menor, quando verificado uma “inversão”.
Nativa explicou que muitos filhos não sabem lidar com o envelhecimento e acabam não conseguindo impor regras aos pais. Nessas situações, pode ocorrer o abandono por conta de autonegligência, quando o idoso não quer ser cuidado.
“Ocorre que a responsabilidade continua sendo do filho. Então, nós ensinamos qual é o momento de se impor regras. E tem dado certo”, declarou.
Na solenidade, Oliveira disse estar satisfeito com o trabalho realizado pelo órgão. Em discurso, falou que ficou feliz com a indicação para o posto de titular da pasta e a respeito do trabalho desenvolvido por ele e pela equipe na área social. Antes de ser nomeado secretário, Oliveira ocupou cargo de diretor do Departamento Municipal de Bem-Estar Social e Cidadania.
“O caminho foi longo. Primeiro, encontramos apenas um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) na cidade. A ideia é termos quatro ou cinco, mas nós já inauguramos dois e caminhamos para mais um”, comentou.
Conforme o secretário, os centros são importantes por conta dos trabalhos desenvolvidos com a população em situação de vulnerabilidade social ou à mercê de violência. Oliveira destacou o empenho das equipes que atuam nas unidades e afirmou que a administração municipal tem conseguido “alguns êxitos”.
Ainda de acordo com ele, a mudança de endereço atende a exigência feita pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social). A pasta federal preconiza que o Creas funcione em ponto central, de modo a facilitar o acesso de pessoas de todas as regiões das cidades onde estão em funcionamento.
Segundo ele, com a transferência de prédio, o número de pessoas atendidas “praticamente dobrou”. O motivo apontado pelo secretário é a localização do imóvel. “Está mais fácil para que as pessoas se desloquem até aqui”, argumentou.
Oliveira disse, ainda, que considera o prédio “uma conquista e um novo passo da administração”. “É, também, uma conquista para o social”, completou.
Ele agradeceu a presença dos representantes das entidades beneficiadas com convênios. “Se vocês não existissem, o poder público, além de ter muito problema, não estaria fazendo um trabalho com tanta maestria”, disse.
No pronunciamento, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, também falou sobre o aumento do número de atendimentos do Creas. Segundo ele, a meta da Prefeitura é “atingir a maior quantidade de pessoas que precisam de ajuda”. “Quanto mais pessoas, maior o sucesso do projeto”, falou.
Manu comentou sobre o trabalho desenvolvido por Oliveira e ressaltou a redução da quantidade de crianças abrigadas na Casa de Aco-lhimento de Tatuí, a antiga Casa de Abrigo Transitório. “Tínhamos 50, estamos com 28, mas já tivemos 15. Acho que nunca atingimos números tão baixos”, apontou.
O prefeito falou, também, do trabalho desenvolvido pelo novo secretário junto ao programa Bolsa Família, do governo federal. Conforme Manu, Oliveira “acabou com irregularidades” (pagamentos a pessoas que não atendiam perfil) e teve participação na ampliação de atendimentos do “Banco de Alimentos”.
Ainda sobre os investimentos no setor, Manu falou a respeito da aquisição de hortifrutigranjeiros pela Prefeitura. Os alimentos produzidos por agricultores locais são utilizados na preparação da merenda escolar.
A ação une a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo e possibilita renda aos pequenos produtores do município, incentivando o desenvolvimento.
Durante a cerimônia, o prefeito falou sobre críticas de vereadores de oposição. A principal delas por conta de aquisição de imóvel no valor de R$ 1,8 milhão e que será transformado em creche para atender 150 crianças.
“Como gestor público, temos que apanhar, mas como estão batendo não está fácil”, declarou. Manu falou que os questionamentos sobre o valor e a localização da casa (no Jardim São Paulo) “não têm razão de ser” e que a compra atende a um estudo estratégico. Também disse que o município economizou.
Por fim, o prefeito anunciou repasse de recursos para entidades, assinando convênios com os respectivos represen-tantes.
Terão direito aos recursos disponibilizados via CMDCA, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), o Centro Social Arte pela Vida, a Casa das Ações da Unimed, a Casa do Bom Menino, o Cosc (Centro de Orientação e Serviços à Comunidade), o Lar “Donato Flores”, o Recanto Betel e o Recanto Vovô “Orlando Bolzan”.
A Apae será contemplada com R$ 110,4 mil, sendo R$ 99.190 de projeto em parceria com o banco Itaú. O Centro Social Arte pela Vida obterá R$ 72 mil.
O repasse para a Casa das Ações da Unimed somará R$ 25 mil. Já a Casa do Bom Menino terá R$ 15 mil; e o Cosc, o valor de R$ 97 mil do Fundo Municipal.
O “Donato Flores” receberá R$ 92 mil para o serviço de abrigo e R$ 171.950 para o projeto “Lar Espaço Feliz”. O Recanto Betel obterá R$ 95 mil, e o Vovô “Orlando Bolzan” terá R$ 64 mil.