Consultas de saúde pública em Tatuí têm quase 30 mil faltas em 4 meses

Somente na rede de atenção básica da cidade, são mais de 20 mil faltosos

No Cemem, houve mais de 4.000 faltosos no quadrimestre (Foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

No primeiro quadrimestre deste ano, quase 30 mil pacientes faltaram às consultas médicas agendadas nos serviços de saúde pública em Tatuí. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde e foram apresentados em audiência pública no final de maio.

O levantamento contém dados tabulados, entre os meses de janeiro e abril, junto às UBSs (unidades básicas de saúde), ESF (Programa Estratégia Saúde da Família), Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas), Centros de Atenção Psicossocial (Caps AD e Caps II) e psiquiatria.

Conforme o relatório do órgão, no período de quatro meses, ao todo, 29.102 pessoas que haviam feito o agendamento nos serviços de saúde deixaram de ir às consultas, desde clínico-geral a médicos especialistas, o que representa média de 7.275 faltosos por mês.

O dado é considerado preocupante pela secretaria da Saúde, Roseli Mochi, uma vez que a demasiada quantidade de faltas acaba prejudicando outras pessoas, que poderiam ter sido atendidas pelos médicos.

“Nós sempre reforçamos a necessidade de que, quando não puder comparecer ao atendimento médico, independente do motivo, comunique sobre a ausência – presencialmente ou por telefone -, para que a vaga seja repassada a outra pessoa da fila de espera, que também necessita do atendimento”, argumenta a secretária.

O maior número de faltas é na chamada rede de atenção básica (UBS e ESF). Nos quatro meses, 146.287 atendimentos médicos foram prestados nas 18 unidades de saúde do município (oito UBSs e dez ESFs). Contudo, outros 22.415 pacientes não compareceram às consultas.

No Cemem “Dr. Jamil Sallum”, a pasta contabilizou 32.738 agendamentos de consultas, entre as quais, houve 4.413 faltas e 28.325 atendimentos.

A unidade oferece atendimento em especialidades como ortopedia, dermatologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, endocrinologia, neurologia, cardiologia, gastroenterologia, angiologia, pneumologia, nutrição, urologia, reumatologia, ginecologia, audiometria, nefrologia, alergologia, endocrinologia infantil e hematologia,

As ausências de pacientes também abrangem os médicos especializados em psicologia, que atendem no Caps AD (álcool e drogas) e Caps II. Nos primeiros quatro meses do ano, as unidades contabilizaram 6.835 agendamentos. Desse total, apenas 6.774 se concretizaram. Outras 1.739 consultas não aconteceram por falta dos pacientes.

Já no setor de psiquiatria, dos 3.534 agendamentos, 535 pacientes deixaram de comparecer às consultas e 3.308 foram atendidos.

Considerando-se que as consultas são diárias, a secretária da Saúde avalia que as faltas geram prejuízos aos próprios pacientes. Também provocam um “efeito colateral”: a superlotação da UPA (unidade de pronto atendimento), que realizou 51.700 atendimentos nos quatro meses.

De acordo com Roseli, as ausências ocorrem em todos os horários de consultas e são registradas pelas equipes para serem repassadas à secretaria. Os dados permitem a mensuração do percentual de faltosos e uma avaliação de como as faltas impactam no atendimento da população.

Conforme levantamento do órgão, as faltas também ocorrem nos agendamentos de exames realizados pela secretaria e fora do município. Nos quatro meses, a pasta municipal agendou 22.698 exames como endoscopia, colonoscopia, raios X, ultrassom, ressonância magnética, tomografia e mamografia entre outros.

Foram 20.777 procedimentos agendados para ocorrerem na cidade e 1.921 fora dela. Deste total, 2.591 faltaram (2.285 em Tatuí e 306 fora) e 20.107 realizaram os exames (18.492 em Tatuí e 1.615 fora).

O relatório divulgado pelo órgão ainda inclui levantamento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), apontando que, nos primeiros quatro meses do ano, a unidade promoveu 2.863 atendimentos, sendo 380 em USA (unidade de serviço avançado), 2.349 em USB (unidade de serviço básico) e 134 transportes inter-hospitalar.

No período, a Secretaria de Saúde ainda registrou 7.108 atendimentos no CIR (Centro Integrado de Reabilitação), 10.873 no Centro de Fisioterapia, 9.817 no CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), 5.696 no SAD (Serviço de Atenção Domiciliar), 97.599 na farmácia municipal e 16.285 pacientes transportados pela frota para atendimentos em outros municípios.

O relatório da secretaria ainda inclui os dados do Núcleo de Apoio e Assistência ao Paciente com Câncer de Tatuí, que prestou mais de 200 atendimentos em menos de um mês. O espaço foi inaugurado no dia 28 de abril, começou a funcionar no dia 2 de maio e até o dia 26 do mesmo mês havia atendido 223 pacientes.

O núcleo é administrado pela prefeitura de Tatuí, por meio da Secretaria de Saúde, em parceria com a de Direitos Humanos, Família e Cidadania. A unidade oferece, de forma centralizada e gratuita, serviços de saúde especializados e direcionados ao paciente diagnosticado com câncer.

No local, são oferecidos serviços como acolhimento, consultas com nutricionista e psicólogo, ambulatório de enfermagem, assistência social, medicamentos e insumos (fraldas, leite, entre outros) com prescrição médica, agendamentos de exames e viagens com a frota municipal e encaminhamento para a Casa de Apoio ao Tratamento de Câncer de Tatuí “Gildete Spuri de Abreu”, no município de Jaú.

Segundo Roseli, mais de 600 tatuianos poderão ser atendidos na unidade. São aqueles que receberam o diagnóstico de câncer e fazem tratamento em hospitais de Sorocaba, Itapeva, Jaú e Botucatu.

Roseli explica que a intenção do núcleo é disponibilizar a maioria dos atendimentos de saúde e assistenciais em um só lugar, “facilitando o acesso aos serviços e oferecendo mais conforto aos pacientes, muitas vezes já debilitados pelo tratamento”.