Conselho Municipal de Cultura tem nova diretoria e define meta do ano





David Bonis

Jorge Rizek (em pé), Davison Pinheiro, Luis Antonio Galhego,  Manu e Sílvia Azevedo na cerimônia de posse

 

Aconteceu na noite de quarta-feira passada, 24, cerimônia de posse da nova diretoria do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Tatuí, existente desde 2001. O horário do evento, previamente marcado para às 17h, foi alterado para que o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, pudesse participar.

Professor, coordenador do curso de Produção Fonográfica da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” e presidente da Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí), Luis Antonio Galhego Fernandes assumiu o cargo de presidente da diretoria do grupo.

Em discurso de posse, ele lembrou a necessidade que o conselho terá de criar maneiras para incentivar a cultura na cidade “sem depender demais” dos recursos do Executivo local.

“A gente precisa aprender a andar com as próprias pernas, saber aliviar um pouco essa carga e produzir cultura, que é a grande vocação do município. Fortalecer o título de Capital da Música”.

Para atingir essa e outras metas, um dos objetivos será a aprovação do Plano Municipal de Cultura, que tratará, também, sobre a criação de um fundo de recursos destinado à produção cultural na cidade.

Esse fundo seria abastecido com recursos federais. Mas, para ser criado, a União exige que os municípios tenham um plano local de cultura.

O projeto para criá-lo já está “praticamente pronto”, segundo o novo presidente da entidade. O texto foi elaborado de forma consensual pelos membros do conselho.

“Quando temos essa discussão aberta, a inteligência coletiva entende a questão. Não tivemos nenhuma votação para rever algum ponto do plano. Foi tudo consensual”, reforçou Davison Cardoso Pinheiro, novo vice-presidente da entidade. Ele também é ligado à Amart e professor da Fatec.

Quando o texto que cria o Plano Municipal de Cultura estiver finalizado, ele será enviado ao prefeito Manu. Junto ao Executivo, a proposta deve passar pelo jurídico e enviada à Câmara Municipal para ser votada.

Outro objetivo do projeto é tornar Tatuí uma estância cultural/turística, para que o município possa receber a verba que as estâncias têm direito, sobretudo por meio do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), órgão ligado à Secretaria Estadual de Turismo.

A verba anual à qual as cidades reconhecidas como estância têm direito está estipulada em R$ 5 milhões anuais.

Para se tornar estância, Tatuí terá de atender a uma série de requisitos exigidos pelo Dade, como declaração contendo os endereços culturais e turísticos da cidade – adaptados a pessoas com deficiência -, ofício feito pelo prefeito ao secretário estadual de turismo, fluxo de turistas, capacidade mínima de hospedagem e outros.

São diversos requisitos, segundo o manual de formalização de convênios do Dade, elaborado pela Secretaria Estadual de Turismo.

Para atingir esse objetivo, contudo, há um longo caminho, admitem os membros do conselho. No entanto, o plano já está traçado. O primeiro passo será a criação de um calendário cultural.

“Vamos ter uma semana, anualmente, em que a cidade vai estar em função da cultura. Tentaremos levantar recursos para que tenhamos oficinas de várias áreas de artes. No fim dessa semana, essa exposição acontece para a população”, explicou o vice-presidente.

Em um segundo momento, essa semana de cultura – com as oficinas de arte – pode acontecer duas vezes por ano. No entanto, isso ainda não está definido.

“Nossa ideia é que essas pessoas que participem dessas oficinas possam duplicar esse conhecimento. Vem um oficineiro aqui de um tipo de música, por exemplo. E quem participa (da oficina) se capacita para passar aos seus próximos. É pouco esforço para muito resultado”, contextualiza Pinheiro.

A ideia é que esses festivais e oficinas coloquem Tatuí como polo cultural, a fim de que o município possa pleitear o título de estância turística e cultural, recebendo as verbas para que as ações nessa área possam acontecer sem dependerem apenas dos recursos municipais.

No entanto, o caminho para Tatuí ser reconhecida como estância não afetará apenas as propostas culturais da cidade, mas também os projetos e leis relacionados ao meio ambiente, educação, segurança pública e turismo.

Esses desafios legais vão demandar relacionamento com o Executivo local, embora o conselho não seja da Prefeitura. Por parte da administração pública, segundo Manu, haverá apoio para que o conselho atinja seus objetivos.

“Quem das pessoas aqui presentes não conhece alguém em outra cidade que fala do Conservatório, da nossa vocação cultural, que é a música? Então, nós temos que aproveitar. Temos tudo aqui. Vamos oficializar isso. Vamos formalizar nossa cidade como uma estância turística e cultural”, adiantou o prefeito.

“Quero deixar meu apoio, somos parceiros. Estamos demonstrando isso. Da parte da Prefeitura, estou aqui para abraçar esse conselho. Contem com o nosso apoio”, prometeu.

Para alcançar a meta de transformar a cidade em estância, outro desafio será dialogar com conselhos municipais de diferentes áreas, lembra Pinheiro.

“Nossa política é municipal. Teremos questões lá na frente ligadas ao meio ambiente, questões de segurança. É uma proposta de município, e a cultura é a ponta de lança nesse tipo de política. Mas, ela tem muita ramificação”, declarou.

“Nossa proposta para o Plano Diretor é que as nossas nomenclaturas tenham legenda no plano para acontecer. Então, o que falamos aqui tem que estar referenciado lá, para que tudo aconteça. A gente precisa é de um ‘metaconselho’, para amarrar todos com essa visão sistemática”, completou.

Embora o projeto que cria o Plano Municipal de Cultura esteja praticamente definido, o novo presidente ressalta que é importante a participação da população nas decisões que o grupo irá tomar.

“As reuniões são abertas ao público. Qualquer um que queira participar deve vir. Ele vai ser ouvido. É muito importante essa participação. O que vai acontecer é que, se houver uma votação, ele não terá direito ao voto. Mas, será ouvido”, convida Galhego Fernandes.

“Essa ferramenta democrática tem que ser incentivada porque, justamente, o clamor da população é por representatividade. Os conselhos são o melhor caminho para ter voz fora do cenário político, sem se vincular a um partido, sem estar dentro da política”, completa.

Além de Galhego e Pinheiro, Silvia Corradi Azevedo Cruz, neta do compositor tatuiano Bimbo Azevedo, integra o conselho como secretária. Eles permanecerão no cargo por dois anos.

Eles foram eleitos pelos membros do próprio conselho, que é formado por entidades da sociedade civil, como a Associação Comercial, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), a ONG (organização não governamental) “Toca Tatuí”, o Lar Donato Flores, e, também, outros produtores de cultura ligados a diferentes tipos de arte, como dança, teatro e música.

A Prefeitura também tem seu representante dentro do conselho. Trata-se do diretor do Departamento de Cultura e Desenvolvimento Turístico, Jorge Rizek.

A votação que elegeu a nova diretoria do grupo aconteceu em evento no mês passado. O conselho reúne-se toda última quarta-feira do mês.