Cidade entrará em estado de emergência





A Prefeitura informou nesta sexta-feira, 6, que decretará estado de emergência no município por causa das consequências das fortes chuvas ocorridas na terça-feira, 3, e quarta-feira, 4.

As precipitações, que caíram durante toda a noite de terça e durante o dia na quarta, causaram estragos em vários pontos da cidade, sobretudo no cruzamento das avenidas Pompeo Reali com Nelson Fiuza e avenida Chiquinha Rodrigues. Três famílias foram desalojadas e remanejadas para espaços mantidos via aluguel social.

Em quatro dias, foram registrados 160 mm de chuva, quase o dobro da média do mês de novembro, segundo registros da Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas). A Defesa Civil está em estado de atenção em áreas consideradas de risco.

Os estragos causados pelas chuvas mobilizaram a Defesa Civil e a Guarda Civil Municipal. Houve registros de deslizamento de solo, quedas de muro e de árvore e um acidente envolvendo um mototaxista.

Ninguém ficou ferido, mas três famílias que residiam nas proximidades do ribeirão Manduca e Ponte Preta foram remanejadas pela administração municipal.

Por estarem em local considerado vulnerável, as famílias foram transferidas para espaços mantidos com o “aluguel social”, após atendimento do Fundo Social de Solidariedade.

No final da tarde de terça-feira, com o volume de chuva, uma “queda d’água” surgiu na avenida Pompeo Reali, cujo asfalto cedeu e foi interditada após a queda de um muro próximo a uma antiga serraria, já desativada. No mesmo trecho, um ponto de ônibus teve o telhado destruído.

O caso mais grave na avenida ocorreu na quarta-feira, 4, próximo à rotatória, na entrada da cidade, quando um mototaxista foi derrubado enquanto dirigia pelo local. Ele caiu e a moto foi arrastada por vários metros.

De acordo com a Polícia Militar, o motociclista foi atendido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não ficou ferido. A Prefeitura também informou que ele foi procurado e que “assistência foi oferecida”. A motocicleta sofreu danos, mas foi consertada por uma oficina local gratuitamente.

No bairro Morro Grande, um posto de combustíveis ficou alagado, também próximo à Pompeo Reali, na altura da rua Bento Quintino de Oliveira.

O proprietário do posto deverá realizar obras de contenção para evitar deslizamentos na rua, além de refazer o muro, realizando obras que envolvem a calçada.

De acordo com João Batista Floriano, coordenador da Defesa Civil, são necessárias bocas de lobo no local, uma vez que a rua “é muito íngreme, muito intensa e causa enxurradas bruscas, violentas e rápidas”.

A rua exigiu atenção de cinco departamentos municipais diferentes, afirmou o coordenador, no início da semana. “Tivemos de remover um poste. A Sabesp cedeu tubos e orientações para a rede de esgoto, o proprietário do posto forneceu maquinário e alguns homens para que fossem feitos desvios da enxurrada”.

“Quando há problemas emergenciais que podem afetar mais de um ponto, a ação é mais complicada. A queda de um muro poderia ser basicamente leve e relativa, mas, quando começa a afetar a via pública, isso torna-se mais grave e é preciso fazer contenção imediata”, afirmou.

A queda do muro causou interdição na avenida e, conforme Floriano, não há previsão para liberação do tráfego no trecho que dá acesso à principal entrada da cidade. “Dependerá do término da obra”, disse ele.

No bairro Jardim São Luis, uma árvore caiu sobre a rua e atrapalhou o tráfego no final da tarde, liberado durante a noite.

Problemas também ocorreram em parte da avenida Firmo Vieira de Camargo, ao lado da rodoviária e do Poupatempo. O nível da água quase encobriu as rodas dos carros estacionados na rua.

De acordo com Floriano, as chuvas de terça e quarta estiveram “acima da média”. “Só na terça-feira, foram 78.80 mm. Somando-se os quatro dias, foram quase 160 mm, ou seja, mais do que o dobro do limite da saturação do solo”, informou.

Conforme a Defesa Civil, para a próxima estação de chuvas, de dezembro a março, são esperadas menores quantidades, porém, mais intensas.

“Normalmente, quando temos um volume esperado, são chuvas torrenciais, pontuais. Elas são mais intensas e as pancadas de chuva pesadas causam transtornos e nos obrigam a trabalhos emergenciais”, destacou.

O coordenador da Defesa Civil afirmou que áreas consideradas de risco na cidade, como o distrito de Americana e o Jardim Thomas Guedes, estão em estado de atenção.

Ele alerta que as pessoas que residem próximo a córregos – caso do ribeirão Manduca – devem ficar atentas ao volume de água. “Quem mora próximo a encostas e barrancos deve observar as inclinações das árvores e postes”, afirmou.

Em caso de emergências, o socorro deve ser acionado pelo telefone 199.

Estado de Emergência

Segundo o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, o decreto de estado de emergência passa a vigorar a partir da segunda-feira, 9, quando será remetido, por meio da Defesa Civil Municipal, relatório sobre a situação do município.

“A equipe da Prefeitura está empenhada em levantar todos os dados necessários. Estamos embasando a situação com fotos e iremos encaminhar para o governo do Estado de São Paulo, solicitando a liberação de recursos para os reparos emergenciais”, afirmou.

O estado de emergência pode ser decretado por vários níveis de governo – do municipal ao federal – com base em desastres como chuvas fortes e grandes estiagens. O estado é decretado por órgãos de monitoramente metereológico e Defesa Civil, por tempo indeterminado.

Segundo o prefeito, a situação atual justifica o decreto e é o mecanismo necessário para a obtenção de recursos. “A chuva não afetou apenas Tatuí, houve estragos e muitos danos, mas, felizmente, ninguém se feriu”, disse Manu.

“O motoqueiro que foi arrastado foi procurado por nossa equipe e ninguém ficou ferido. Porém, acionaremos, a partir de segunda-feira, o governo do Estado de São Paulo para reparos do estrago em vias de suma importância para a cidade, como a Chiquinha Rodrigues, Nelson Fiúza e Pompeo Reali”, acrescentou.

O prefeito não soube precisar o valor necessário para os reparos efetivos nessas vias. Segundo ele, no momento da entrevista, as equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Planejamento, Obras e Infraestrutura estavam “levantando todos os custos necessários”.

“Por conta de tudo o que o município vem enfrentando, as dificuldades físicas, estruturais e financeiras, não temos como resolver esses problemas rapidamente”.

“A Prefeitura não tem homens nem equipamento para fazer os reparos em tempo hábil, e buscamos o caráter de emergência para tentar sanar o problema”, comentou.

O prefeito afirmou que, caso recursos estaduais sejam negados, a alternativa será “acionar empresas que realizaram obras recentemente nos trechos afetados e exigir que refaçam o serviço”. Ele citou, como exemplo, trecho da rua Assumpção Ribeiro, paralela à São Bento, que cedeu como resultado, segundo ele, de obra de uma construtora local e da empresa responsável pela rede de água e esgoto.

“Há obras recentes em outros trechos também, como na Chiquinha Rodrigues. Vamos acionar para que refaçam obras de drenagem e pavimentação”.

Ainda conforme Manu, auxílios emergenciais estão sendo prestados por empresários locais e, até, pela Prefeitura de Boituva.

“Agradeço a construtora Pacaembu, que cedeu uma retroescavadeira, a Prefeitura de Boituva, que enviou caminhão e máquina e ceramistas locais, em especial Caio Ermani, que estão nos ajudando nos reparos emergenciais iniciados nesta semana e que se estenderão pela próxima”, declarou.

Para o prefeito, não houve em seu período de administração chuvas tão fortes e com estragos nessas proporções como a do início desta semana.

“Quando assumi, em janeiro de 2013, houve problema na avenida Nelson Fiuza, mas em menor proporção. Na ocasião, pudemos fazer o conserto, e o trecho afetado desta vez é o que não foi recapeado por nós”.

“Também naquela ocasião, a avenida Senador Laurindo Minhoto, assim como o Pronto-Socorro e a frota municipal foram alagados. Realizamos obras de drenagem e os alagamentos não se repetiram”, concluiu.