Chuva não adiará ‘São Silvestre Caipira’

Momento de largada da prova da categoria masculina adulto; neste ano, competição no bairro dos Mirandas deve reunir corredores amadores e profissionais de 15 municípios
Da reportagem

Faça chuva ou faça sol, a organização da Corrida Rural dos Mirandas – Diniz Polo será realizada. Pelo menos é o que garante um dos responsáveis pelo evento, o professor José Mesquita dos Santos. A disputa acontece no próximo dia 29, último domingo do ano, no bairro dos Mirandas, com percurso de cinco quilômetros.

De acordo com ele, os corredores devem competir mesmo que o tempo não colabore. “Caso chova muito, nós vamos esperar diminuir o volume para, depois, soltarmos a corrida. Neste ano, já fizemos uma prova para a Igreja de São Francisco mesmo sob temporal, de guarda-chuva na mão, mesmo”, diz.

Mesquita, como é conhecido, colabora na realização da competição desde que ela começou. A prova existe há 17 anos e só não contou com a colaboração do professor entre 2013 e 2016. “Fiquei de fora por divergências com a administração”, explica.

O professor de educação física integra o Setor de Corridas, da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude. A equipe é integrada, ainda, pela professora Mina Alves Garcia e pelo professor Eronides dos Santos, o Nide.

São estes profissionais os responsáveis por coordenar a pista de atletismo e a piscina pública. O setor trabalha, também, com uma equipe de ACDs (atletas com deficiência) e convencionais. “Organizamos todas as corridas da cidade. Quem pede apoio, nós estaremos lá para dar suporte adequado”, conta.

Conforme Mesquita, os membros do setor que não forem disputar as competições auxiliam como “staff”. O trabalho é supervisionado pelo professor Douglas Dalmatti Alves Lima, o Buko, que exerce a função de diretor municipal de esportes, e pelo secretário da pasta, Cassiano Sinisgalli.

Além de experiência em organização, o grupo possui vivência na corrida. Mina, por exemplo, já venceu cinco vezes seguidas disputas da categoria feminina. Até 2017, as largadas aconteciam no dia 31 de dezembro, no mesmo dia da tradicional Corrida de São Silvestre, inspiração para a “versão caipira”.

“Este é o segundo ano que realizamos as provas no domingo anterior à competição. E deu muito certo, porque nós somos profissionais da área”, argumenta.

Segundo ele, a alteração atende a pedidos dos competidores. Como a maioria deles vem de fora de Tatuí, os atletas acabam perdendo a chance de disputar a São Silvestre, em São Paulo, para estar em Tatuí, por terem de se deslocar. Com a viagem, os atletas perdem condicionamento, interferindo na performance.

Por causa da mudança, Mesquita aponta que o número de competidores vem aumentando. Neste ano, a organização havia aberto 250 vagas para os atletas na categoria adulto. Precisaram estender as inscrições em mais 50, chegando a 300.

“As vagas preenchem rapidamente, e se colocássemos prêmios em dinheiro, então, creio que ultrapassaria tranquilamente os mil inscritos”, acrescenta o organizador.

Junto aos atletas com 24 anos ou mais, a competição receberá corredores nas categorias “kids”, com um total de 40 vagas. Para os pequenos, as inscrições são gratuitas.

Para os adultos, contam com taxa no valor de R$ 35. O dinheiro é aplicado nos recursos de classificação das provas, como a instalação de chips para a identificação dos atletas e contagem do tempo.

Para 2019, são esperados atletas de Tatuí e de mais 15 municípios da região. Entre eles, Boituva, Capela do Alto, Capão Bonito, Cerquilho, Cesário Lange, Itapetininga, Sarapuí, São Miguel Arcanjo, São Roque e Sorocaba. A competição registra, ainda, participantes de outros estados brasileiros.

Neste ano, a categoria adulta contará com provas nas categorias masculina e feminina. Cada uma delas terá os competidores divididos nas seguintes faixas etárias: até 24 anos, de 25 a 34 anos, de 35 a 44, de 45 anos a 54; e de 55 anos acima.

Os competidores percorrerão cinco quilômetros, no mesmo percurso. A competição em 2019 não conta com dinheiro, mas a organização oferecerá troféus e medalhas para os competidores mais bem colocados.

“O legal é que todo mundo quer e tem a chance de ganhar. Mesmo que não consiga boa colocação na geral, existe a oportunidade de vencer por idade”, conta Mesquita.

Além de proporcionar uma espécie de “democratização” das premiações, a competição contribui para a propagação da modalidade esportiva.

Em Tatuí, segundo o professor, a prova começou a tomar corpo e a se profissionalizar a partir da divulgação nos veículos de comunicação da cidade, em particular, em O Progresso de Tatuí. “Quando noticiaram no jornal, a nossa prova começou a chamar a atenção dos competidores”, relembra.

Somado à divulgação, a organização apostou, nos anos iniciais, na distribuição de prêmios para chamar a atenção dos competidores profissionais. Tanto que, na primeira edição, uma bicicleta era entregue ao campeão da categoria geral.

De acordo com Mesquita, a estratégia deu certo, fazendo com que a prova entrasse no circuito dos competidores. O próprio professor chegou a disputar o evento. Ele correu na categoria veterana, no período da tarde, quando as provas eram realizadas. Neste ano, as largadas serão realizadas a partir das 8h.

Mais que tradição

Para os competidores, a Corrida Rural é mais que uma tradição. Representa a oportunidade de mostrar o resultado dos treinamentos. “É um incentivo”, acrescenta Mesquita.

O professor diz que a disputa estimula tanto atletas profissionais como amadores. No segundo caso, porque incentiva as pessoas a, por exemplo, melhorarem o condicionamento físico com os preparativos e, a partir daí, a saúde. “Funciona como as promessas de: ano que vem, eu vou fazer um regime”, cita.

Para os atletas profissionais, a meta é: “Ano que vem, eu vou conquistar um troféu”. Além do prêmio, os corredores mais experientes têm a chance de obter patrocínios, uma vez que têm os nomes e as colocações (resultados) divulgados.

Não bastasse isso, a “São Silvestre Caipira” transformou a realidade tatuiana e da região. Mesquita argumenta que a prova marcou o início de um movimento pela busca da corrida como atividade física. Isto porque o trecho de cinco quilômetros é indicado para quem está começando, sendo cumprido em até 45 minutos.

A partir da Corrida dos Mirandas, Mesquita diz que Tatuí “pegou gosto pelas disputas”. Tanto que 2019 está terminando como o ano em que o Setor de Corridas mais trabalhou. “Nós não temos mais data para tanto evento”, acrescenta.

Além das disputas promovidas pelo setor, o calendário da cidade foi preenchido com as provas promovidas pelas igrejas católicas, academias e empresas.

Para dar conta da demanda, o setor faz a programação no início de cada ano. Em média, a cidade registra 20 corridas por ano, disputando a preferência dos atletas que, atualmente, são convidados a correr em cidades da região.

“Itapetininga começou a imitar Tatuí. Nossa cidade é que projetou a corrida de rua. Mas, embora Boituva e outras cidades realizem competições, Tatuí está na frente, tanto em termos de prêmios como em organização”, diz o professor.

Nas provas do próximo dia 29, a organização contará com apoio de profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da GCM (Guarda Civil Municipal) e do DMMU (Departamento Municipal de Mobilidade Urbana).

Junto com as medalhas, Mesquita programa a entrega de uma cesta rural, premiação entregue pela primeira vez a Luciana Silva. A atleta iniciou na competição como amadora e, a partir da Corrida Rural, vem vencendo outras disputas.

“Ela começou a correr para perder peso, emagreceu 20 quilos e ganhou vários prêmios. Inclusive, obteve medalha como atleta de nível sul-americano, o que é uma glória para uma menina da idade dela, de 40 anos”, diz Mesquita.

Além dos atletas, a Corrida Rural dos Mirandas é aguardada também pelos moradores do bairro. O professor conta que o comércio da região e a população costumam se preparar para receber os atletas e os espectadores.

“É tanta expectativa que a comunidade começa a ligar três meses antes para saber quando faremos a competição. Para eles, a corrida é uma grande festa”, avalia.

Mesquita ainda conta que o DME (Departamento Municipal de Esportes) recebeu pedidos para alterar o local da competição. Entretanto, a organização negou. “A corrida é deles. Sem falar que o bairro tem muita melhora por causa da corrida, e isso é bom para quem vive lá”, argumenta.

A 17a Corrida Rural é uma realização da Trivella Eventos, com o apoio da Secretaria de Esporte, Setor de Corridas e Grupo Lucemi. As inscrições terminaram no dia 23. Mais informações são fornecidas pelos telefones: 3251-1114, 3251-4844, 99716-2559 (professor Mesquita) e 99118-4230 (professor Nide).