Da redação
Como forma de celebrar o Dia da Libertação dos Escravos – comemorado na segunda-feira, 13 – e “reescrever” a exposição “Flores, Negros e Cerâmicas”, de autoria do professor e artista plástico Josué Fernandes Pires, promovida no ano de 2023, o Centro Cultural de Tatuí sedia, até o dia 29, uma quarta-feira, a mostra “Afrodescendentes Tatuianos”.
Com curadoria de Tonny Guedes, a exposição traz registros fotográficos históricos de afrodescendentes locais, clicados por Pires ao longo da trajetória dele como “memorialista”.
Guedes contou que os registros, com cerca de 90 imagens, foram cedidos pela família do professor. E antes de serem expostas, passaram por um processo de recuperação e higienização, devido ao longo tempo de armazenamento.
Além disso, as peças passaram por um estudo, para que fossem posicionadas de acordo com a montagem e a proteção das fotos expostas.
Para Guedes, a releitura da exposição de 2023 “foi uma forma de relembrar o grandíssimo artista, o qual deixou para a cidade um legado de obras, além do grande conhecimento como mestre”.
Guedes informou que os registros não possuem texto, em razão das personagens não terem sido identificadas na época das fotos. Desta forma, a curadoria disponibiliza, na mostra, um formulário que pode ser preenchido por quem se reconhecer nas imagens.
A exposição pode ser visitada gratuitamente, de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 17h, à praça Martinho Guedes (Praça da Santa), 12, no centro.
Professor e artista
Josué Fernandes Pires foi casado com Lindiomar Fornazzari Pires, pai de Jorge, Sônia, Sêfora e Jenner. Estudou no Grupo Escolar “João Florêncio”. Formou-se como professor e lecionou nas escolas “Sales Gomes”, “João Florêncio” e “Chico Pereira”, de Tatuí, e na escola “Alves Viana”, de Tietê.
Foi militante político e descreveu a política “como muito confusa”. Também foi fotógrafo e artista plástico. O “Professor Josué”, como era conhecido, registrou a história dele por meio de monumentos, os quais podem ser apreciados no Conservatório de Tatuí e na Estação Experimental (na Etec “Sales Gomes”, sua obra “O Condutor” acabou despedaçada durante a poda de uma árvore e ainda segue sem restauro).
A obra “O Apascentador”, situada em frente ao Teatro “Procópio Ferreira”, foi capa de inúmeras revistas e publicações, “elevando ainda mais a estima musical dos tatuianos”, acentua a assessoria de comunicação da prefeitura.
Em 1971, realizou a exposição pedagógica “Mostra 71”, do então Ginásio Industrial Estadual “Sales Gomes”, e, ao lado dos alunos José Carlos da Silva e João Pereira de Araújo, produziu o monumento “O Condutor”, com estruturas de aço revestidas com concreto e o rosto em cobre.
Também criou o monumento “Extraterrestre”, com dois metros de altura, situado no Museu Ufológico de Varginha, em Minas Gerais.
O professor, artista plástico, fotógrafo e escultor Josué Fernandes Pires faleceu em 19 de dezembro de 2008.