Uma história de superação envolvendo uma tatuiana e um jovem que enfrentou o câncer quando criança terá mais uma etapa decisiva no próximo dia 10 de setembro. Os laços matrimoniais vão unir o casal de fisioterapeutas Marina Sallum Barusso, 27, e Bruno Grüninger, 28.
O casamento só ocorrerá por causa do empenho dos profissionais do Centro Infantil Boldrini, segundo a noiva. O hospital é especializado em tratar crianças e adolescentes com câncer e leucemia e funciona na cidade de Campinas.
Quando criança, aos sete anos, Grüninger foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda. A doença é grave e atinge a produção de glóbulos brancos, um dos principais mecanismos de defesa do organismo.
“Se não fossem eles, o Bruno não estaria conosco hoje. O caso era bem delicado, com poucas chances de sobrevivência, e todos estavam desacreditados com o futuro dele”, contou Marina.
A gravidade do caso de Grüninger era aparente pelo peso. Quando deveria estar pesando quase 25 quilos, o garoto tinha apenas 19 quilos. Para combater a doença, ele foi submetido a um tratamento experimental vindo da Alemanha. Por sorte, não precisou fazer o transplante de medula óssea.
“A quimioterapia durava a semana toda. Lembro-me de alguns momentos dentro da sala do tratamento. As enfermeiras me tentavam alegrar de alguma maneira, fazendo gracinhas, conversando”, contou Grüninger.
O noivo lembrou que o tratamento era difícil, desde a coleta de líquido da medula até a perda de amigos que faleceram durante o mesmo processo. Quando não conseguia comer mais a “comida de hospital”, Grüninger se satisfazia com um “banquete” de enroladinho de presunto e queijo.
“O dia mais inesquecível de todos foi o da alta médica, quando fui informado de que só precisaria voltar lá dali uma semana, para fazer exame. Foi uma sensação muito boa”, relembrou.
Marina e Grüninger se conheceram no curso de fisioterapia, na Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). Eles começaram a namorar em 2010, no último ano da graduação. Desde o início do relacionamento, o fisioterapeuta vem contando à noiva a própria história de vida passada no hospital Boldrini.
“O pai dele me conta, os tios também. É sempre muito emocionante saber como a família se uniu e como eles foram acolhidos pelo Boldrini. Eles são muito gratos, e todos os anos vão até o hospital levar brinquedos e presentes”, narrou Marina.
Para celebrar a união, o casal decidiu fazer a cerimônia na Paróquia-Santuário Nossa Senhora da Conceição. A família do noivo e os amigos dele virão conhecer a cidade, para assistir os festejos das bodas.
A médica que atendeu Grüninger não foi esquecida pelos noivos. Ela e a presidente do Centro Infantil Boldrini, Sílvia Brandalise, foram convidadas para o casamento, entretanto, ainda não enviaram confirmação.
“Fomos entregar o convite para a doutora Simone e para a doutora Sílvia. Elas ficaram bastante emocionadas e agradeceram a lembrança. É um momento em que as pessoas que gostamos estarão conosco e queríamos que elas estivessem juntas”, contou Marina.
O noivo resumiu em duas palavras o sentimento de carinho que mantém pelo hospital responsável pelo tratamento da leucemia dele: “eternamente grato”.
“Graças ao empenho e dedicação de todos, tenho uma vida hoje. Isso não tem preço. Há um esforço enorme para que você se sinta bem. Isso o faz se sentir em casa, e essa é, até hoje, a sensação que eu tenho quando estou lá”, finalizou.
O Centro Infantil Boldrini é considerado o maior hospital especializado em cuidados a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue na América latina.
Localizada em Campinas, a instituição já tratou cerca de dez mil pacientes, entre eles, 60 de Tatuí. A maioria dos atendimentos no nosocômio (80%) é feita pelo SUS (Sistema Único de Saúde).