Da redação
A relação da saúde bucal com o bem-estar geral das mulheres são tema de artigo escrito pelo dentista e especialista em saúde coletiva, João Piscinini. O profissional afirma que há “inúmeras evidências destacando essa relação”. Dentre eles, Piscinini destaca um estudo realizado pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo o dentista, o trabalho aponta que questões hormonais, como a pós-menopausa, podem ocasionar o desenvolvimento de problemas bucais, gengivais e dentários. Na análise, o profissional destaca que a pesquisa da universidade aponta a prevalência de doença periodontal crônica significativa em mulheres entre 50 e 59 anos, assim como em mulheres na pós-menopausa.
Piscinini explica que a prevalência de doenças bucais é de 64,4% em mulheres que não realizam reposição hormonal, em comparação com 46,3% entre aquelas que faziam o tratamento.
De acordo com o especialista em saúde coletiva, esses dados comprovam que a variação dos hormônios nas mulheres propicia o surgimento de inflamações. “É de conhecimento dos profissionais da odontologia que a questão hormonal é um fator agravante, pois há uma maior predisposição a problemas bucais em mulheres durante outras fases de forte impacto de hormônios, como a puberdade, o ciclo menstrual, a gravidez e a própria menopausa”, avalia.
Impacto na saúde do corpo todo
Piscinini acrescenta, ainda, que “é fato que a partir das doenças bucais diversos outros problemas podem ser desencadeados no corpo da mulher”. Entre eles, distúrbios de infertilidade, complicações na gravidez, partos prematuros e, em alta incidência, o câncer de mama.
Além disso, problemas como gengivite, cárie, aftas e a própria doença periodontal criam um chamado “efeito dominó”. Segundo o dentista, a tendência é que os problemas surjam com maior facilidade e gravidade em pacientes que estão em tratamento contra o câncer de mama. “Lesões bucais são complicações frequentes da quimioterapia e da radioterapia, devido à alta sensibilidade oral aos efeitos dos quimioterápicos”, acrescenta.
Piscinini cita, ainda, que as informações trazidas pelas pesquisas reforçam a necessidade de acompanhamento regular com um profissional dentista, não só como hábito de rotina, mas principalmente durante o tratamento de doenças e outras alterações na saúde do corpo.
“É essencial que essas pacientes recebam cuidados multidisciplinares para prevenir e tratar problemas na cavidade oral, pois, em casos graves, essas complicações podem agravar ainda mais a qualidade de vida dessas mulheres”, afirma o dentista.