Da reportagem
O “Janeiro Branco” deste ano está chegando ao fim. Pelo segundo ano consecutivo, o município adere à campanha e, por meio das secretarias da Saúde e do Trabalho e Desenvolvimento Social, tem série de ações a serem desenvolvidas em favor da saúde mental, até o dia 31 deste mês.
O primeiro mês do ano, em todo o território nacional, é dedicado a campanhas focadas em saúde mental. No Brasil, a ação chegou à sétima edição e, neste ano, tem como tema “Quem Cuida da Mente, Cuida da Vida”.
Na cidade, diversos assuntos estão sendo abordados desde terça-feira da semana passada, 14, e o próximo evento está agendado para terça-feira, 28, no Centro de Artes e Esportes Unificados “Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires” (CEU das Artes).
A partir das 20h, o Espaço de Psicologia e Coaching Meraki, com apoio da prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde, realiza uma roda de conversa sobre “saúde mental e qualidade de vida”.
O tema será conduzido por profissionais como Geyse Barros, psicóloga clínica especializada em atendimento infantojuvenil e perinatal – tentantes, gestantes e puérperas; Juliano Teles, médico especialista em cirurgia do aparelho digestivo, obesidade e medicina preventiva; e Lucilene Alciati, psicóloga clínica especialista em terapia de casal e família.
Também estarão presentes: Marusca Passini, educadora física especialista em atividade física quântica, e Silvia Kitahara, médica psiquiatra que atua no Caps (Centro de Atenção Psicosocial) e CepCar (Centro de Estimulação Precoce e Adaptação e Reabilitação de Tatuí), além de profissionais que integram a equipe do Meraki.
Conforme a psicóloga Jéssica Muhamed Covos, coordenadora do Espaço Meraki, a intenção é mobilizar a população a pensar em todas as questões que envolvem o tema, desde as doenças que afetam a mente até a qualidade de vida e bem-estar.
“Vamos fazer uma mesa de debates com especialistas para falar a respeito do cuidado da saúde mental e sobre a campanha. Precisamos mobilizar a sociedade para cuidar da saúde emocional e desmistificar o termo ‘saúde mental’, que é muito confundido com doenças psiquiátricas”, argumenta a psicóloga.
Não é necessária inscrição prévia e a entrada será “solidária”. Os interessados em participar devem comparecem ao CEU das Artes com um quilo de alimento não perecível. Os itens arrecadados serão doados à Casa do Bom Menino de Tatuí.
Na quarta-feira, 29, a unidade ESF (Estratégia Saúde da Família) do Jardim Gonzaga realiza, a partir das 14h, a última palestra de um circuito com o tema “Quem Cuida da Mente, Cuida da Vida”.
Desde o primeiro dia da campanha Janeiro Branco em Tatuí, o circuito já percorreu unidades de saúde do Jardim Santa Rita de Cássia; ESF “André Batista”, vila Santa Luzia; ESF “Othoniel Cerqueira Luz”, na CDHU; e ESF do Jardim Tóquio.
“Nas unidades, as enfermeiras convidaram as pessoas a pensarem sobre o sentido e o propósito de suas vidas, incentivando-as a manter relacionamentos sadios e a se conhecerem cada vez mais”, conforme informado pela prefeitura.
“Elas também abordaram a importância de refletir sobre suas emoções, pensamentos e comportamentos, refletindo sobre como ter uma higiene mental para uma vida mais harmoniosa e com acontecimentos magníficos”.
Na quinta-feira, 30, às 19h, a programação continua no CEU das Artes em evento interno da Secretaria Municipal da Saúde, com apresentação do fluxo de atendimento de saúde mental de Tatuí, voltado aos profissionais da rede de saúde.
A campanha será encerrada na sexta-feira, 31, às 14h, no Cras (Centro de Referência e Assistência Social) Leste, à rua Prefeito Alberto dos Santos, 285, vila Dr. Laurindo, com palestra sobre o tema “Como Vai sua Saúde Mental? Condutas e Questões Frente às Cotidianidades”.
Todos os eventos são gratuitos e voltados à comunidade em geral, profissionais das redes de saúde e educação e também para familiares de pessoas diagnosticadas com transtornos mentais.
O assunto “Como Vai sua Saúde Mental? Condutas e Questões Frente às Cotidianidades” abriu a programação no dia 14, com palestra no Cras da área central (CEU das Artes) e foi tratado também no Cras Norte (Jardim Gonzaga) e Sul (Jardim Santa Rita de Cássia).
A programação ainda contou com ação na Praça da Matriz, dia 17, oferecendo aferição de pressão arterial e apresentações de “amarelinha africana”, com a equipe da Academia ao Ar Livre, do Setor de Corrida e Atletismo Municipal, da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.
A população também pôde ter orientação nutricional, com a nutricionista Débora Lisboa; e acompanhar apresentações dos serviços ofertados pelo Caps, além de terapias alternativas para promover o bem-estar, com reflexologia, reiki e auriculoterapia; e orientação e bem-estar mental com psicólogos.
A campanha “Janeiro Branco” foi idealizada pelo psicólogo Leonardo Abrahão, de Minas Gerais, e surgiu em novembro de 2013. A intenção é reunir e contar com a participação de diversos profissionais, que colaboram participando de palestras, debates e vídeos informativos.
A organização sustenta que a “conscientização já tem grande público em São Paulo” e soma mais de 30 cidades de Minas Gerais e países como os Estados Unidos, Japão e Portugal.
É uma campanha criada e promovida por psicólogos com o propósito de convidar a população a discutir a importância do cuidado com a saúde mental, “em busca de mais felicidade e qualidade de vida”.
O mês escolhido para a campanha de saúde mental é proposital. Janeiro foi escolhido por representar, simbólica e culturalmente, um mês de renovação de esperanças e projetos de vida.
Estudos apresentados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo Ministério da Saúde indicam que o Brasil teve crescimento dos problemas relativos à saúde mental-emocional nos últimos anos.
A OMS aponta que, atualmente, no Brasil, 5,8% da população (12 milhões de pessoas) sofrem de depressão (maior taxa da América Latina, a segunda dentro das Américas e a quinta no mundo).
Em relação aos “transtornos de ansiedade”, o Brasil é o recordista mundial, com 9,3% da população com algum desses problemas. E, quando o problema em questão é o suicídio, o país ocupa a oitava colocação no planeta, em relação à contagem absoluta de mortes autoprovocadas, com 12 mil suicídios anuais.
“São altos os índices de violência (em domicílios, no trânsito ou em escolas), de criminalidade, suicídios, alcoolismo, drogas, depressão, ansiedade, preconceitos e outros sintomas relativos a estilos de vida adoecidos, que colocam em risco o equilíbrio mental, comportamental, espiritual e emocional dos indivíduos e das instituições sociais”, descreve a OMS.