O Carnaval local em 2018 teve como destaque três agremiações que estiveram em praticamente todos os eventos da programação oficial do “Tatuí Folia – Carnaval Musical”.
Do sábado, 10, até a terça-feira, 13, Banda do Bonde, Império do Samba e Cordão dos Bichos tiveram mais de dez participações cada, além das programações próprias já iniciadas antes do Carnaval.
O secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, afirma que os três grupos garantiram o fomento de que o município precisava e que o trabalho deles ainda dará muitos frutos.
“São participações imprescindíveis para o Carnaval. Inclusive, nos reunimos com eles para elaborar a programação. Partiu dos grupos a preferência de fazer o Carnaval neste modelo e não com desfile em passarela”, afirmou o secretário.
Conforme Sinisgalli, existe a preferência da administração municipal por investir nos grupos locais. “Para fazer o desfile, precisaríamos convidar grupos de fora. Então, preferimos trabalhar para fortalecer os grupos de Tatuí, até que estejamos em condições de fazer um desfile por conta própria”.
Maior bloco de Carnaval da atualidade – e considerado um bloco de fato –, a Banda do Bonde soma dez anos de atividades e convive com os desafios do crescimento. Em 2018, foram 720 participantes, mas poderiam ter sido mais.
“Tinha muita gente procurando e optamos por limitar”, afirma Jaime Pinheiro, um dos fundadores da Banda do Bonde, lembrando que, em anos anteriores, o grupo já reuniu mais de 800. “Aí, fomos fazer um desfile de rua e apareceram mais uns 500. Ou seja, o público total chegou perto de 1.400 pessoas”.
Mesmo com número de integrantes muito maior que nos primeiros anos, os coordenadores não abrem mão das características que inspiraram a fundação.
“A gente quer manter característica de bloquinho, que é conhecer a maior parte das pessoas. Então, quem entra precisa se adaptar ao comportamento da maioria. Pouquíssimos são os que não se adaptam”, acrescenta Pinheiro.
A adaptação dos novatos também costuma ser fácil na bateria, comandada por Sérgio de Oliveira, o Lagartixa. “A gente aceita todos, crianças de oito anos e idosos de 80. É um espaço muito democrático, e não tocam só aquelas que já sabem”, comenta Lagartixa. “Afinal, todo brasileiro sabe tocar alguma coisa ou mexer com o pé e a mão. Então, já dá algum resultado”, acrescenta.
A fase de preparação da Banda do Bonde, já no “pré-Carnaval”, é considerada por Lagartixa tão divertida quanto os quatro dias de festa. “Já começamos em novembro, arrumando instrumentos. Passou o Ano-Novo, na primeira sexta-feira do ano, já começam os ensaios. É uma alegria”.
Com igual participação nos eventos da programação oficial do Carnaval 2018, o Império do Samba é considerado uma miniescola de samba. A bateria do grupo, denominada “ala show”, é integrada por cerca de 40 pessoas. “Se tivesse desfile na avenida, teríamos um número muito maior de participantes”, diz a presidente Regina Alves.
Foi na família dela que a miniescola de samba teve origem. Os familiares e alguns convidados começaram a se reunir e criaram o “Tatuq”. Com novos integrantes, surgiu o Império da Vila Esperança, nome do bairro de onde eram os fundadores.
Em um terceiro momento, com crescimento ainda mais expressivo, a agremiação foi rebatizada como Império do Samba. “Seguimos sediados na vila Esperança, mas contamos com integrantes de muitos bairros”, afirma a vice-presidente Roberta Silva.
Regina e Roberta destacam o fato de que o Império do Samba reúne personagens importantes do Carnaval tatuiano, caso de Uéliton Machado Leite, detentor do título de rei Momo do município por vários anos, e de Ketiney Silva, também ex-integrante da corte tatuiana. “A gente tem a batucada do samba mesmo”, orgulha-se a presidente.
Com a marca incontestável de agremiação mais tradicional do Carnaval da cidade, o Cordão dos Bichos também marcou presença em praticamente todos os momentos da festa.
Envolvido com atividades culturais ao longo do ano, a associação oficialmente fundada em 1928 (acredita-se que tenha iniciado as atividades antes) tem no Carnaval o momento mais importante.
“O Carnaval é como se fosse o Campeonato Brasileiro. É onde se vê quem vai ser o campeão. Para nós, o campeonato é poder participar do Carnaval e resgatar a tradição da festa”, afirma o presidente do Cordão dos Bichos, Pedro da Silva.
Para ele, o maior desafio da agremiação é manter a identidade. Reconhecido pela Secretaria Estadual de Cultura, o conjunto não pode fugir do formato original. “As figuras precisam ser sempre assim, construídas de papel e arame, bambu e cola”, explica Silva. No auge, o cordão chegou a ter 76 figuras. Atualmente, são 35 peças restauradas, mas nenhuma é nova.
“O Cordão dos Bichos tem uma tradição centenária; a Banda do Bonde é, hoje, um dos maiores blocos do interior paulista e tem essa tradição de ser um bloco espontâneo, que começou pequeno e foi crescendo; e o Império do Samba é esse resgate do grupo com perfil de escola de samba”, observa o secretário Sinisgalli.
Por causa do público envolvido, da tranquilidade dos eventos e do baixo custo exigido, o secretário faz uma avaliação muito positiva do Carnaval 2018. “Tivemos um pedido da prefeita (Maria José Vieira de Camargo) para que fosse zelado pela segurança e para fazer um Carnaval voltado para a família. Acredito que isso tenha sido alcançado”, concluiu.