Homenagem e matinê lotam ruas e praça

Evento voltado para criança atraiu jovens e adultos, contou com oficinas, realização de gincanas, performance e apresentações de dança (foto: Cristiano Mota)

Misto de alegria, homenagem e saudosismo marcou a apresentação do Bloco do Vagalume, uma das atrações do sábado de Carnaval, dia 10. Já no dia 11, domingo, uma programação diferenciada envolveu adultos e crianças.

As duas atividades, o desfile e a matinê, lotaram as ruas centrais da cidade e a Praça da Matriz, respectivamente. Parte integrante da programação do Carnaval 2018, da Prefeitura, as ações tiveram início às 16h.

A primeira, no sábado, teve concentração na praça “Paulo Setúbal” (Barão), com participação de mais de uma centena de familiares de Paulo Vagalume, sambista falecido em abril de 2015. Foliões “agregados” também desfilaram.

Filha mais velha do homenageado, Benedita Aparecida samba desde pequena. Aos 67, ela é uma das representantes mais respeitadas do bloco. Não à toa, Benedita ocupou a posição de porta-estandarte. “Desde que me conheço por gente, papai já me levava para acompanhar o Carnaval”, contou.

Ela começou a desfilar desde o surgimento do bloco, a partir da formação da Associação Recreativa Cultural e Beneficente “Princesa Isabel”, no ano de 1966.

Representante de uma geração, Benedita abriu os trabalhos para a bateria do grupo. Ela desfilou ao lado de filhos, netos e bisnetos e dos irmãos. Entre eles, Marisa Silva que considerou o desfile um privilégio para a família.

“Não podemos deixar o espírito do Carnaval passar. O Paulo Vagalume foi muito importante, mas nós estamos aqui para darmos continuidade ao legado dele. Somos uma grande família que tem agregado cada vez mais amigos”, contou.

Para Adriana Rosa, com mais de 30 anos no grupo, o Bloco do Vagalume é um ícone do Carnaval tatuiano. Também exemplo de união familiar. Adriana é neta de Paulo Vagalume e disse que a família costuma reunir-se o ano todo. Entretanto, é no Carnaval que os parentes extravasam toda a alegria.

De acordo com Adriana, além da união, o bloco funciona como uma “memória viva” do Carnaval. “Meu avô sentava conosco, antes das apresentações, para falar das festas antigas. Então, para nós, é um resgate da história”, disse.

Sérgio Roberto Silva, quinto filho de Paulo Vagalume, também não deixou por menos. O sambista ressaltou que a importância do bloco vai além da alegria. Segundo ele, o desfile consiste em uma homenagem ao pai e à folia tatuiana.

“Minhas melhores lembranças estão no bloco. Todos os participantes adultos já desfilaram quando crianças. Temos gerações. Então, não deixa de ser uma recordação e uma homenagem ao meu pai”, apontou.

O bloco com mais de 50 anos retomou o trajeto inicial. Da “Praça do Barão”, os foliões passaram pela rua Maneco Pereira até a rua do Cruzeiro, reduto dos Vagalume. Lá, pararam para as apresentações e confraternização.

No domingo, a animação da matinê ficou a cargo dos irmãos Alexandre de Jesus Bossolan e Sandro Bossolan. Eles dão vida a dois palhaços que realizaram gincanas e comandaram a apresentação das atividades artísticas da programação.

O formato recebeu aprovação de Mariane Costa, mãe dos pequenos Otávio, de cinco anos, e de Marina, de dois. As duas crianças já haviam frequentado a folia mirim em 2017 e, neste ano, participaram de brincadeiras e oficina.

“É importante trazê-los para que aprendam o conceito de Carnaval. Acho interessante eles conhecerem as marchinhas e um pouco mais da tradição”, disse a mãe.

Mariane elogiou a estrutura do evento e disse que as atividades monitoradas garantiram mais tranquilidade para os pais. “O ambiente ajuda muito. As crianças brincam e podem permanecer sob nossos olhares”, contou.

Para Linda Kerry, a matinê permite às crianças interagirem mais durante o Carnaval. Ela é mãe de John Arthur, de quatro anos, e afirmou ter ficado mais tranquila com a programação e o horário das atividades realizadas com as crianças.

“Esse é o segundo ano que eu trago o Arthur. Venho com ele porque gosto de como o Carnaval tem sido realizado em Tatuí. Além disso, Arthur aproveita bastante. Ele brinca, desenvolve atividades e interage com os amigos”.

Na matinê, a Prefeitura ofereceu a oficina de confecção de máscaras e o estande para pintura facial. Ambas as ações realizadas pelas equipes municipais do PEF (Programa Escola da Família). Somente a oficina contou com apoio de dez profissionais, entre gestores e educadores profissionais.

“A oficina foi direcionada a crianças a partir dos quatro anos. Elas escolhem o desenho da máscara, pintam, decoram e, daqui mesmo, já saem usando”, explicou a educadora do programa, Andreia Aparecida Soares Veiga.

No total, o grupo de trabalho preparou 350 máscaras. Uma delas usada por Valentina Gerbelli, de sete anos, que nunca havia comemorado o Carnaval. A menina brincou acompanhada da mãe, Erica Gerbelli, também estreante na folia.

“Somos de Araraquara, nos mudamos há pouco para Tatuí e, lá, não pulávamos Carnaval. Morávamos em uma chácara e não conseguíamos aproveitar. Mas, estou achando tudo muito bom. Está bem animado”, avaliou a mãe.

Valentina ainda participou de concurso de fantasia, comandado por Alexandre Bossolan. Há 23 anos animando o Carnaval de Tatuí, Bossolan disse ter um carinho especial pelas crianças e dispensar preparação.

“Está no sangue. Acredito que é um dom de Deus, uma missão”, declarou. Bossolan e o irmão Sandro são os precursores em Tatuí das visitas hospitalares realizadas na Santa Casa. Em 1997, os dois se inspiraram no modelo “Doutores da Alegria”, que já era desenvolvido na capital.

Para o animador, o trabalho no Carnaval torna-se mais divertido, uma vez que, com o irmão, ele inspira alegria e recebe de volta esse mesmo sentimento das crianças. “Acredito que o futuro do nosso Carnaval sejam as matinês”, opinou.

O animador ainda parabenizou a atual administração pela iniciativa de “não deixar o Carnaval morrer”. Ele mencionou que, além de cultura, a folia representa alegria para a população. A presença de crianças fantasiadas é considerada pelo animador como sinal de que o Carnaval, no formato proposto à população, está sendo perpetuado. “Tudo isso com a participação e o incentivo dos pais”, complementou.

Intérprete do palhaço Batatinha, personagem apontado como referencial para a criançada, o animador ainda realizou performance junto ao público com perna de pau.