RAUL VALLERINE
Independência! Liberdade! Persegue estas coisas como ao teu maior amor, e agarra-te a elas como à tua maior paixão!
Augusto Branco
A ascensão de Napoleão Bonaparte e seu ímpeto expansionista pelo continente europeu, no início do século seguinte, levaram D. João 6ª a uma fuga caótica de Portugal.
O importante episódio da história brasileira conhecido como a vinda da família real em 1808, também representou uma situação inédita na trajetória da Europa; pela primeira vez, um rei do continente colocava os pés no Novo Mundo.
- Pedro, o responsável direto por nossa Independência, era fruto do casal real D. João VI e D. Carlota Joaquina, tinha 9 anos quando aportou no Brasil.
As novas ideias que provocavam mudanças dramáticas na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, já fermentavam na cabeça do jovem monarca. Era o D. Pedro liberal, ou seja, contrário à velha ordem absolutista.
Ao menos enquanto um ideal, o monarca demonstrou apoio à causa abolicionista. Em um texto apócrifo que tem a letra de D. Pedro e está no arquivo do Museu Imperial de Petrópolis-RJ é afirmado que “todo senhor de escravo desde pequeno começa a olhar o seu semelhante com desprezo” e “eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros”.
Entre meados da década de 1810 e o começo do ano de 1821, a queda de Napoleão e as consequentes mudanças e agitações políticas na Espanha e em Portugal, tutelado pela Inglaterra colocaram pressão sobre a família imperial.
A população lusitana pedia a volta da família real a Lisboa, a obediência a uma Constituição ainda a ser escrita e com menos poderes para o rei e, a reversão das condições mais privilegiadas que o Brasil recebeu como sede do império.
A esse cenário complicado somavam-se movimentos independentistas no Nordeste brasileiro, que poderiam fracionar o território. D. João VI decidiu embarcar para Portugal em abril de 1821.
Os brasileiros já estavam esperando que D. Pedro retornasse a Portugal, o que rebaixaria o país ao status de simples colônia, em vez de um Reino Unido ao de Portugal. Havia temores de que uma guerra civil separasse a Província de São Paulo do resto do Brasil.
Neste cenário conturbado, D. Pedro entregou o poder a D. Leopoldina, no dia 13 de agosto de 1822, nomeando-a Chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil.
- Pedro partiu para tentar acabar com um conflito em São Paulo. Por conta das notícias vindas de Portugal, Dona Leopoldina não teve tempo de esperar pelo marido e precisou tomar uma decisão, na qual foi aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva.
As ordens foram lidas por D. Maria Leopoldina, que convocou uma sessão extraordinária em 2 de setembro e 1822 e nela assinou uma Declaração de Independência. Então organizou uma mensagem e enviou-a com caráter de urgência para D. Pedro, que estava em São Paulo. O mensageiro enviado chamava-se Paulo Bregaro.
O papel chegou a ele no dia 7 de setembro de 1822. Logo partiu para a reação. De acordo com o relato do padre Belchior, que estava junto, no momento da proclamação, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.
- Pedro disse: “As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho” em outra menção ao apelido jocoso usado pelos adversários em Portugal.
O padre descreve a cena contando que D. Pedro I arrancou do chapéu o laço azul e branco, símbolo de Portugal como nação, e disse: “Laços fora! Soldados! Viva a Independência, a liberdade e a separação do Brasil!
Enquanto aguardava pelo retorno de D. Pedro, Leopoldina, governante interina de um Brasil já independente, idealizou a Bandeira do País. Ela foi coroada Imperatriz em 1 de dezembro de 1822, na cerimônia de coroação e sagração de D. Pedro I.