Da reportagem
O Banco de Sangue “Fortunato Minghini”, da Santa Casa de Misericórdia, busca novos cadastros e pede que as doações sanguíneas continuem para evitar baixa nos estoques nos próximos meses.
Apesar do pedido do Ministério da Saúde para que as pessoas fiquem em isolamento domiciliar como forma de combater a proliferação do coronavírus, o órgão afirma que continua o atendimento e alerta que as doações não podem parar, “já que o sangue é vital para muitas pessoas”.
A assistente administrativa da unidade, Rita Corradi de Azevedo, afirma que a unidade segue funcionando normalmente, com coletas das 7h às 9h, todas as terças-feiras e quintas-feiras.
“Vamos continuar a trabalhar. Quem faz tratamento oncológico vai precisar bastante, não tem como parar as coletas. As cirurgias menos emergenciais estão sendo canceladas, mas, quando acontece algum acidente, é necessário usar o sangue, e nós temos que ter um estoque razoável para emergência”, ressalta Rita.
De acordo com a assistente, o órgão está realizando as coletas apenas com atendimento agendado e horários diferenciados, para evitar aglomerações. A média de coleta envolve quatro pessoas a cada meia hora.
A medida visa, sobretudo, preservar a saúde dos doadores e da equipe técnica do banco de sangue público, sem, no entanto, colocar em risco o estoque de bolsas para continuar abastecendo os hospitais e prontos-socorros e da região.
Na cidade, o estoque do banco de sangue atende à Santa Casa de Misericórdia, ao Pronto-Socorro “Erasmo Peixoto” e ao Hospital da Unimed.
Contudo, a reserva também fornece bolsas de sangue ao Hemocentro do HCFMB (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu), que atende outros hospitais da região, como Jaú e Sorocaba.
“Ainda não baixou a quantidade da coleta, as pessoas estão faltando mais, mas ainda está dando para suprir a nossa média diária. O problema é que não sabemos como vai ser daqui para frente, por isso estamos pedindo para que as pessoas não parem de vir doar”, reforça Rita.
Outro fator que pode afetar o número de doadores e causa preocupação na unidade é a antecipação da Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe, que começa na segunda-feira, 23, para idosos e profissionais de saúde.
Ela explica que a pessoa que recebe qualquer tipo de vacina fica impossibilitada de doar sangue por 30 dias e, assim, faz um apelo, para que os doadores compareçam na unidade para a doação sanguínea antes da imunização.
“Estamos pedindo para que os doadores cadastrados esperem para tomar a vacina e venham aqui no banco de sangue para fazer coleta antes da imunização. A vacina é importante, mas impossibilita a doação. Então, é bom vir doar primeiro, para não faltar sangue”, ressaltou a assistente.
Para doar, é necessário apresentar RG ou outro documento com foto (original), não estar em jejum, dormir ao menos seis horas antes da doação e não ingerir bebidas alcoólicas 12 horas antes. Além disso, os requisitos são ter boa saúde, pesar mais de 50 quilos e ter entre 18 e 69 anos.
A pessoa também não pode estar tomando medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios. Quem ingeriu esses remédios deve esperar 15 dias para doar. Já para quem recebeu imunização contra algum tipo de doença (sarampo, febre amarela, entre outras) o prazo é de um mês.
Mulheres não podem doar se estiverem grávidas. Ainda são recusados os portadores de doença de Chagas, sífilis, hepatites B e C ou que tenham HIV. O doador não deve ter tido convulsões após os dois anos de idade ou ter frequentado regiões com incidência de malária nos últimos seis meses.
A idade máxima para a primeira doação é de 60 anos. Aos 16 e 17, a doação é autorizada somente com a presença do responsável legal, portando documento com foto de ambos. Se a pessoa estiver com gripe ou resfriado, não deve doar temporariamente.
Os doadores já cadastrados no banco de dados da unidade podem agendar a coleta pelos telefones 3205-1333 ou 3259-3114 das 7h às 16h.
O mesmo horário vale para quem pretende fazer o cadastro, contudo, neste caso, é necessário que o interessado compareça à unidade com RG, cartão do SUS e comprovante de endereço. A atualização pode ser feita por telefone.
Rita também destacou que o banco de sangue busca novos doadores e está trabalhando para tentar atualizar milhares de cadastros antigos. Segundo ela, existe um “incontável” número de fichas desatualizadas, e uma das necessidades da unidade, desde a reativação, tem sido recadastrar esses doadores.
Ela acentua que a unidade precisa de todos os tipos. Contudo, existe dificuldade em encontrar doadores dos tipos AB+ e AB-.
Rita reitera que a doação é segura e que não há riscos de contaminação na unidade. Segundo ela, o ambiente é esterilizado diversas vezes ao dia e com atenção redobrada de higiene, reforçando as medidas já existentes durante todo o ano, para a segurança dos doadores, “o que torna o ambiente ainda mais seguro à população”.
“Não tem perigo nenhum, nós estamos higienizando ainda mais o local. Quanto a isso, não tem risco nenhum. Também estamos tomando o cuidado de não colocar muitas pessoas no mesmo horário, já para evitar contato entre elas”, assegurou a assistente.
Os bancos de sangue, de forma geral, estão sendo impactados pela pandemia do coronavírus no país, que resultou na redução de doações em diversos estados e municípios.
Na terça-feira, 17, o governo do estado de São Paulo fez um alerta e um pedido à população da capital, para que faça doações de sangue, pois, segundo o coordenador de Centro de Contingenciamento para o Coronavírus em São Paulo, o médico David Uip, os bancos da capital estão “praticamente vazios”.
A Fundação Pró-Sangue, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado, auxilia a manutenção dos bancos de sangue de mais de cem instituições de saúde da rede pública. Segundo a entidade, ela opera com 60% da reserva necessária. Os sangues do tipo O+, O-, A- e B- estão em estado crítico.
“Fazemos um apelo às pessoas que são doadoras de sangue, principalmente os tipos negativos: ligue aqui, agende seu horário e dá uma passadinha aqui para doar. Muitas pessoas precisam deste sangue para sobreviver”, reforçou Rita.
