Bancários podem entrar em greve; categoria continua as negociações





David Bonis

Sindicatos incluíram na pauta a necessidade de aumentar a segurança nas agências

 

Perto de completar um mês de negociações, até agora os sindicatos que representam os bancários do Estado de São Paulo ainda não obtiveram êxito. Por isso, persistem as discussões da categoria junto aos bancos pelo menos até sexta-feira, 19, data de encerramento da última rodada de negociações.

Isso significa que ainda há possibilidade de os bancos do Estado – incluindo os de Tatuí – entrarem em greve. De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, Julio Cesar Machado, caso as propostas não sejam atendidas, a ideia é realizar assembleias já na semana que vem, para se decidir sobre possível paralisação.

“Depois da última rodada de negociação, caso não haja acordo, serão convocadas assembleias em todo o país, para decidir sobre a deflagração da greve, que deve acontecer entre os dias 22 e 24 de setembro”.

O presidente do Sindicato dos Bancários lembra que, caso as assembleias decidam pela realização de greve, os bancos de Tatuí também podem parar de funcionar.

Questionado pela reportagem de O Progresso sobre quais agências bancárias da cidade podem aderir à paralisação – caso ela se confirme -, Machado lembrou que o “ato de cruzar os braços” pode ser geral.

“A greve é para todos, independente de município ou banco. Portanto, se a greve for deflagrada, todas as agências do país devem segui-la, pois foi uma decisão da categoria. Porém, não podemos saber antecipadamente a consciência e a conduta de cada gerente”, ponderou.

Ele afirmou também que não dá para saber se alguma agência bancária do município pode furar a greve, caso ela realmente aconteça.

As rodadas de negociações entre bancários e bancos estão acontecendo desde o dia 20 de agosto, e diversas cláusulas já foram debatidas. Segundo Machado, até agora a categoria não obteve êxito em suas conversas com os banqueiros, “que negaram tudo até então”.

Segundo informou, o sindicato busca reajuste de 12,5%, piso salarial de R$ 2.979, “mais saúde e melhores condições de trabalho”. As propostas giram em torno, também, da preservação do emprego, o fim da rotatividade e maior prevenção contra assaltos e sequestros.

No que tange à questão da segurança, o diretor de relações do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, Ricardo dos Santos Filho, explica quais são as reivindicações da categoria.

“Queremos, entre outras coisas, portas giratórias nas entradas dos setores de autoatendimento das agências, queremos que os gerentes não sejam responsáveis pelas chaves dos cofres, seguranças dentro da agência até às 22h, câmeras de segurança na parte externa das agências”.

“Mesmo com lucros altíssimos, os bancos investem o mínimo em segurança. Eles entendem que essa é função do Estado. Mas, pensamos diferente”, acrescentou o diretor do sindicato.

Ainda segundo ele, a categoria também discute propostas de emprego, como a de acréscimo de profissionais dentro das agências bancárias.

O objetivo dos bancos era encerrar as negociações no dia 4 de setembro e deixar o movimento sindical tomar as medidas que julgasse necessárias, como até a realização de greve.

No entanto, o movimento sindical agendou mais uma última rodada de negociação, que se encerrará em reunião às 10h de sexta-feira, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.

Segundo o calendário dessa rodada, antes da última reunião, há mais duas. Na primeira, os bancos apresentariam ontem, terça-feira, 16 (após o fechamento desta edição), dados do II Censo da Diversidade, que trata sobre questões de raça e gênero no setor, e também mostrariam informações relacionadas ao número de bancários afastados do trabalho. Já nesta quarta-feira, 17, a ideia é debater temas pendentes de negociações anteriores.

Caso não haja entendimento entre as partes, há possibilidade de paralisação. “Greve, para nós, é a última alternativa. Primeiro, vamos esgotar todas as possibilidades de negociações. Mas, a greve não está descartada”, finalizou Ricardo dos Santos Filho. Ele projeta que, caso a categoria não chegue a um entendimento junto aos bancos, haverá, já na próxima semana, a realização de assembleias para discutir se os bancários farão greve. Decidido que sim, ela deve começar a partir da semana posterior.

Para não sair no prejuízo com uma futura paralisação, a recomendação do sindicato é que o cliente adiante pagamentos.

Já o advogado especialista em direito do consumidor Marco Antonio Frabeti acrescenta sobre a possibilidade de saldar débitos por outros meios, como a internet, débito automático e casas lotéricas, para evitar que haja protesto, devido ao atraso no pagamento de alguma conta.

“Com relação ao protesto, se isso acontecer, primeiro ele recebe um aviso do cartório com três dias para pagar. Se não fizer isso, aí será protestado”.

Frabeti acrescenta sobre a possibilidade de o consumidor que for levado a protesto em decorrência do atraso no pagamento de dívida recorrer na justiça: “Eu entendo que ele (o consumidor) não pode acionar a Justiça, pois existem diversas formas de se pagar (a dívida). O único senão fica por conta do credor não enviar o boleto, mas aí é outra conversa”, finalizou o especialista.