Balanço ‘não é bom’ para dois estaduais





Segundo candidato mais votado como deputado estadual pelo município, o médico João de Oliveira Filho, do PTB, somou 2.705 votos no Estado de São Paulo. Em Tatuí, obteve 2.172, 4,10% do total dos válidos.

O vereador José Marcio Franson, do PT, contabilizou 2.202 votos no “geral”, tendo recebido 625 em Tatuí. Isso equivale a 1,18% dos 53.002 votos válidos da comarca, mas menos que os votos em branco, por exemplo, que somaram 5.629 votos (8,77% do total de válidos).

Não eleitos, os dois mostraram-se descontentes com o resultado. A soma dos votos obtidos por eles não se equipara ao número de abstenções. No município, 17.798 eleitores não compareceram às 218 seções eleitorais.

Em entrevista a O Progresso, Oliveira disse que o balanço é negativo. Ele afirmou que esperava receber um número maior de votos e não soube explicar o motivo pelo qual não conseguiu se eleger. “Não sei o que aconteceu”, afirmou.

O médico disse ter confiado nos eleitores, mas que o resultado “não apareceu nas urnas”. Oliveira relatou que conversou com os pacientes e citou que muitos deles se propuseram até a ajudá-lo por conta própria. O candidato citou, ainda, que pautou a campanha “dentro do consultório” dele.

“Eu me questiono até em relação ao que aconteceu. Às vezes, a gente fica sabendo de coisas e não acredita. Mas, estamos em um país de impunidade”, disse.

Apesar do resultado, Oliveira não declarou se deixará a política. O médico afirmou, porém, que uma eventual participação em 2016 vai “depender do contexto”. “Não dá pra dizer ‘dessa água nunca mais beberei’”, citou.

Ele também não descartou a possibilidade de candidatar-se a vereador. Comentou que isso deverá ser discutido “quando chegar o momento” e que poderá voltar a conversar sobre uma nova candidatura a deputado.

“Entrei na política para buscar recursos para a saúde, criar a UTI (unidade de terapia intensiva) neonatal. Não estou desistindo disso. Desde o momento em que fui convidado a ser candidato, jamais deixei de lutar por minha profissão, pelas causas que defendo. É difícil fazer esse prognóstico agora, mas minha luta não acaba agora”, comentou.

O médico também agradeceu os votos recebidos e afirmou que “aprendeu a cair e a levantar”. Finalizou dizendo que vai “sempre andar de cabeça erguida”.

Ouvido pela reportagem, Franson disse estar “bastante descontente” com as eleições. O vereador esperava obter mais de 70 mil votos para poder ocupar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado. Recebeu 635 votos em Tatuí, 300 a menos que em 2002, quando elegeu-se para a Câmara Municipal.

“Não significa quase nada para eleger um deputado. Foi uma negação, uma tristeza”, iniciou. Franson disse que o desempenho é preocupante, considerando-se a eleição municipal que acontecerá em menos de dois anos.

“Com essa quantidade de votos, eu não seria eleito nem vereador. Estou, inclusive, pensando se serei candidato em 2016, ou não, porque a quantidade de votos foi muito pequena. Eu tenho motivos para explicar o que aconteceu, mas me preocupa, e muito, porque a quantidade de votos foi pequena”, argumentou.

O vereador também disse que a incerteza sobre uma candidatura futura está relacionada ao fato de ele não conseguir implantar políticas voltadas à proteção dos animais. “Meu negócio, minha luta, é proteger animais. Mas, não sei se fazer política é a forma melhor de acontecer essa proteção”.

Franson afirmou que os políticos “são uma negação” com relação à proteção. Conforme ele, em média, um candidato a deputado gasta R$ 60 para obter um voto e que esse valor aplicado nas campanhas vem “de algum lugar”.

Nesse caso, “de empreiteiras e comerciantes”. Por conta disso, os eleitos ficariam comprometidos com os colaboradores, o que ocorreria em 95% das cidades.

O vereador divulgou que gastou menos de R$ 1,50 por voto, totalizando mais de R$ 3.000 em toda a campanha. Também disse que, se tivesse mais dinheiro, o número de votos chegaria perto de “qualquer outro candidato, tendo chances de ser eleito”. A certeza vem do fato de que ele defende “uma ideia que a sociedade também gosta, de modo geral”: a proteção aos animais.

“Acontece que a sociedade precisa saber dessa ideia e receber essa informação. Para isso, precisa de dinheiro. E esse dinheiro, se eu pegar das empresas, vou me tornar um corrupto, o que eu nunca vou fazer”, declarou o vereador.

Mesmo descontente com “o modo de fazer política”, Franson afirmou que continuará “lutando” para que o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, implante o projeto Protetor Público de Animais no município.

Também antecipou proposta denominada de “Protetor de Quarteirão”, que envolverá pessoas que “gostam de animais”. Entre eles, ativistas e protetores, em geral.

Franson declarou que vai “encontrar outras maneiras” de implantar projetos, contando com a colaboração da sociedade e descartando os políticos.

O vereador disse sentir-se “enganado”, uma vez que teria feito acordo para implantação dos projetos, razão pela qual votou favorável ao aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). “Peço perdão aos tatuianos”, falou, ainda em referência ao projeto de reajuste do imposto apresentado pelo Executivo.

Ele também afirmou que a atual administração deve “sofrer” caso não “melhore o modo de ver a questão dos diretos dos animais”. Sustentou que, mesmo se ficar fora da política, poderá “influenciar nos resultados de eleições futuras”.

O vereador afirmou não estar “muito empenhado” com relação aos resultados obtidos em Tatuí por candidatos de fora do município. Ele destacou que “não está na Câmara para defender a população, mas os animais abandonados”, e que não existiu em Tatuí candidatos que fizessem campanha em “volume suficiente que se mostrasse como alternativa” para a população.

“Ou era o Gonzaga, ou era quem? O Franson, que era uma boa alternativa política, na minha concepção, mas não teve dinheiro suficiente pra fazer campanha”, disse.

Franson encerrou afirmando que uma nova candidatura a deputado estadual está “totalmente fora de questão”. Voltou a dizer que pode não concorrer a vereador e agradeceu, “de todo coração”, a confiança depositada pelos eleitores.

Com 439 votos obtidos no “geral”, sendo 310 em Tatuí, Márcio Medeiros não comentou sobre o desempenho nas eleições. O engenheiro agrônomo, que concorreu pelo PHS, teve 0,58% dos votos válidos no município. No Estado, obteve o mesmo percentual de Franson, 0,01%.

Em entrevista, Medeiros agradeceu aos eleitores que “acreditaram nele” e afirmou que espera “somente que os candidatos eleitos fiquem mais próximos do eleitor durante o período de vigência do mandato”. “E que não seja aquela situação comum, de se aproximar somente perto das eleições”.

O membro do PHS afirmou, também, que a votação obtida por ele é “reflexo da disparidade de investimento na campanha”. Medeiros apontou que alguns candidatos recebem doações; outros usam recursos próprios. No caso dele, teria trabalhado “maciçamente” por meio da internet (redes sociais).

“Não usei cabos eleitorais. Aliás, essa é uma dúvida. Como muitos candidatos pagam cabos eleitorais? Por que eles não trabalham de graça?”, questionou.

O engenheiro também disse que não “usou a máquina pública em favor da campanha” e que tampouco recebeu ajuda de vereador ou suplente de vereador. Também criticou a presença de propaganda de candidatos em estabelecimentos comerciais e afirmou que tem novos projetos para o futuro.

Entre eles, está a criação de uma ONG (organização não governamental) voltada à fiscalização de “erros cometidos por candidatos durante campanhas eleitorais”. Também existe a ideia da criação de grupos de discussão na internet para denunciar eventuais irregularidades nesse mesmo sentido.

Medeiros quer, também, reformular o PHS, abrindo-o para a participação de “gente nova”. Afirmou, ainda, que a legenda terá candidatos próprios em 2016, mas não confirmou se concorrerá daqui a dois anos como deputado.

Na contramão dos políticos ouvidos por O Progresso, Leandro de Camargo Barros, do PSB, comemorou os votos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não divulgou oficialmente a votação obtida pelo guarda civil municipal, que teve candidatura indeferida pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e mantida pelo TSE.

“Magrão”, como é conhecido, porém, informou que recebeu 1.053 votos – ele não disse se os números somam eleitores somente do município ou de todo o Estado. “O balanço da campanha é totalmente positivo”, disse.

O motivo da comemoração é o fato de que ele não contou com “estrutura”. Magrão relatou que divulgou o nome somente com “cartãozinho” e que não utilizou carro de som, placas nas casas ou cavalete nas ruas – retirados pela Justiça.

“Eu tive duas placas: uma na minha casa e outra na casa da minha mãe. Não tinha pessoas trabalhando pra mim. Não fiz caminhada na rua, não fiz passeata, carreata. Não tive tempo hábil para ir às lojas conversar com as pessoas sobre o processo que eu tinha enfrentado. Foi superpositivo”, considerou.

Conforme o GCM, os votos dele devem aparecer se o STF (Supremo Tribunal Federal) definir a candidatura como válida. Magrão recorreu de decisão do TSE, durante a campanha e em seguida ao indeferimento, conforme reportagem divulgada em O Progresso.

Sobre o desempenho, ele também disse que os votos obtidos neste pleito dão esperança para as eleições municipais, sinalizando a uma eventual corrida à Câmara. Magrão afirmou que já iniciou conversar com “pessoas e o partido”.

Na semana que vem, ele deve encontrar-se com o vice-governador eleito, do PSD, Márcio França. O político teria ligado para o candidato a deputado estadual por Tatuí por conta das eleições.

“Em 2016, estamos aí. Vamos chegar junto. Vamos trabalhar, sim. Essa eleição foi só mais um degrau. Vamos continuar com o plano do PSB”, comentou.

De acordo com ele, o PSB tem “projetos grandiosos” para o município.

Entre eles, está a candidatura de Magrão ao próximo pleito, junto a “um grupo de pessoas”. Uma eventual disputa como deputado estadual, no ano de 2018, dependerá de mais apoio, uma vez que o GCM disse já ser conhecido.

Ele afirmou, ainda, que “foi muito elogiado pela entrevista” concedida a O Progresso, e que, em geral, recebeu comentários de que ele havia apresentado “mais conteúdo em relação aos outros candidatos”. No entanto, Magrão disse que 2016 será o “próximo passo” e que 2018 vai depender de estudo e organização.

Com a participação nesta campanha, ele afirmou que “agregou contatos” e espera, com eles, obter melhor desempenho nas próximas eleições. Magrão citou que estreitou laços com Luiza Erundina, Marcos Pontes e Flávio Augusto da Silva, o “Flavinho da Canção Nova” – este último, eleito e que veio a Tatuí.

Ainda em entrevista, o GCM agradeceu os votos e destacou que eles vieram de pessoas que não tinham nenhum interesse em cargos e salários.

Também pediu que a população continue confiando no nome dele e citou que a “caminhada continua”. “A luta não terminou, o sonho não acabou”, afirmou.

Por fim, citou como ponto negativo das eleições “a mentira que algumas pessoas lançaram”. O comentário diz respeito a boatos relatados pelo candidato de que ele teria batido em uma mulher. “Isso é muito chato para um processo eleitoral. Me atrapalhou, porque algumas pessoas acreditaram”.

O candidato do PMDB, Auro de Jesus Soares Coelho, que recebeu 1.468 votos no total, sendo 1.073 em Tatuí, não retornou aos contatos feitos pela reportagem até o fechamento desta edição (terça, 19h). Na cidade, ele teve 2,02% dos votos válidos.