As novas vacinas contra a meningite

Já vimos em edição anterior, mas não custa repetir, que a meningite é uma inflamação nas membranas que envolve o cérebro e a medula espinhal e que pode ser causada por vários agentes, como vírus fungos e bactérias. É sempre uma doença grave, principalmente quando a meningite é bacteriana. É causada principalmente pela bactéria Neisseria mengitidis – o “meningococo”.Cinco sorogrupos são responsáveis pela maioria dos casos de doença meningocócica no Brasil: são os meningococos A, B, C, W e Y. É uma doença de evolução rápida e com alta letalidade. Aproximadamente 23% dos pacientes vão a óbito no Brasil. Geralmente acomete crianças e adultos jovens, mas em situações epidêmicas, a doença pode atingir pessoas de todas as faixas etárias. Os casos mais graves e de altíssima mortalidade (cerca de 95%) são as meningococemias, ou seja, quando a bactéria atinge o sangue e dissemina pelo corpo. Os primeiros sinais desse quadro, além da febre alta, são as petéquias, ou manchas roxas no corpo, que iniciam pequenas e vão gradativamente aumentando de tamanho e quantidade.

 Vacina Meningocócica B (Bexsero)

Segundo o Ministério da Saúde, em 2014, foram notificados 17 mil casos de meningite de todos os tipos, sendo 146 do sorotipo B. A vacina que protege contra essa bactéria é a adsorvida meningocócica B recombinante, produzida na Itália pelo Laboratório GSK e que tem nome comercial de Bexsero.  Está indicada especialmente para lactentes, a partir dos dois meses de idade. Lactentes de dois a cinco meses, na vacinação primária, devem receber três doses da vacina de 0,5 ml IM cada, a intervalo de dois meses. Devem receber uma dose de reforço entre os 12 e 23 meses. Lactentes não vacinados de 6 a 11 meses de idade, na vacinação primária, devem receber duas doses de 0,5 ml IM cada, a intervalo de dois meses, e uma dose de reforço no segundo ano de vida, com intervalo de pelo menos dois meses entre a vacinação primária e a dose de reforço. Crianças a partir de um ano, adolescentes e adultos até 50 anos devem fazer duas doses da vacina de 0,5 ml IM, com intervalo de dois meses, como esquema primário, e a necessidade da dose de reforço, ainda não foi estabelecida.

Vacina Meningocócica A, C, W, Y (Menveo)

No Estado de São Paulo, o meningococo C continua sendo o mais frequentemente isolado, nos casos de doença meningocócica, seguido pelo tipo B. Os meningococos W e Y respondem por uma menor incidência, mas sua prevenção é importante devido à alta letalidade e ocorrência de sequelas, mesmo com tratamento adequado. Esses dois sorotipos vêm apresentando aumento significativo de casos na América Latina e EUA.

A vacina conjugada (quádrupla) contra os meningococos A, C, W e Y é também importada, produzida pela GSK, e tem nome comercial de Menveo. O esquema vacinal – esquema primário para lactentes de dois a seis meses de idade são três doses de 0,5 ml IM a cada dois meses. Uma dose de reforço é recomendada no segundo ano de vida (aos 12 a 16 meses). Para lactentes não vacinados de 7 a 23 meses, o esquema primário são duas doses de 0,5 ml IM, sendo que o intervalo recomendado é de pelo menosdois meses para a segunda dose (fazer esta de preferência no segundo ano de vida) e a necessidade da dose de reforço ainda não é estabelecida. Para crianças a partir de dois anos, adolescentes e adultos, o esquema é de apenas uma dose, sem necessidade de reforço.

Tanto a Bexsero como a Menveo se encontram disponíveis nas clínicas particulares de vacinação.

*Médico pediatra pela AMB (Associação Médica Brasileira e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria)  e membro da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) – CRM 34.708