Apae participa pelo 6º ano de maior feira da América Latina nesta sexta





Andréia Catarina Leme tem 25 anos “de casa” na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). A professora de 42 anos é uma das muitas profissionais da entidade que acompanha os assistidos em diversas atividades.

“É muito importante para eles que nós possamos levá-los a todo evento possível. Fundamental para o desenvolvimento social e emocional dos assistidos”, disse, em entrevista a O Progresso. Entre as “oportunidades”, Andréia cita a Reatech 2015, a maior feira de reabilitação da América Latina.

Conforme a professora, a instituição participa do evento nesta sexta-feira, 10, com atrações artísticas. A Reatech reúne agências de emprego, instituições financeiras, fabricantes de cadeiras de rodas, departamentos de recursos humanos, indústrias farmacêuticas e dos segmentos de animais treinados, aparelhos auditivos, equipamentos especiais e materiais hospitalares.

A 14a edição do evento acontece em São Paulo no Centro de Exposições Imigrantes (antigo São Paulo Expo Exhibition & Convention Center). Ele conta com participações de fabricantes de produtos de higiene pessoal, próteses e órteses, terapias alternativas, turismo e lazer e entidades assistenciais.

“Ela é uma feira que apresenta tudo que é novo na área de tecnologia assistida”, contou a professora. Andréia disse que no local é possível encontrar inovações que atendam todos os tipos de deficiência (intelectual, visual, física e auditiva).

“É um evento imenso, e os nossos alunos vão se apresentar no palco principal, com números de danças”, antecipou. Ao todo, 27 alunos ocuparão o espaço com coreografias preparadas pela equipe de coordenação artística.

Eles integram projeto realizado com alunos da instituição. “Nós formamos um grupo de dança e de canto e que vai se apresentar por mais um ano”, disse.

O trabalho levado ao evento começou com “um grupo pequeno de alunos”. “Da primeira vez, estivemos em uma equipe restrita, junto com a Apae de Batatais. Ela nos convidou e daí fomos aumentando por conta do sucesso”, recordou.

A primeira participação aconteceu em 2010. No ano seguinte, a Apae de Tatuí recebeu convite para apresentar o trabalho de arte desenvolvido com os estudantes. “Eles fazem um sucesso danado lá”, descreveu a professora da entidade.

A saída dos alunos está programada para as 8h, com retorno às 17h desta sexta-feira. Conforme o ator, artista plástico e professor da instituição tatuiana, Pedro Couto, os assistidos farão apresentação com 45 minutos de duração. O coordenador informou que o grupo subirá ao palco a partir das 13h.

“Nós apresentaremos trabalhos artísticos com dois ritmos com o corpo de baile e mais cinco danças na parte contemporânea, com um ‘pot-pourri’”, informou.

Couto trabalha com os estudantes o projeto ao lado da professora Patrícia Vieira de Moraes. Os dois desenvolvem a iniciativa há anos. “Esse trabalho é feito para integrarmos a comunidade. Ele é realizado dentro do ‘Vozes em Ação’”, disse.

Em Tatuí, o projeto atende 60 alunos da Escola de Educação Especial “Wanderley Bocchi” e das oficinas do centro de convivência. “Nós incluímos todos eles e atingimos todas as pessoas da comunidade que nos convidam e cedem espaço para que os alunos façam uma apresentação”, descreveu.

Além da Reatech, o grupo de alunos tem compromissos assumidos para todo o mês. Na agenda de apresentações, o projeto só tem datas disponíveis para maio e junho. Um dos motivos é que os assistidos desenvolvem as atividades somente às quintas-feiras. Elas são realizadas no horário das 14h às 15h30.

Para conseguir ir até a comunidade, Couto explicou que a Apae conta com parceria da Prefeitura. Segundo ele, o Executivo cede o transporte dos assistidos para os locais nos quais são realizadas apresentações artísticas e desenvolvido trabalho de conscientização a respeito da deficiência. “Na verdade, nós apresentamos dados sobre a eficiência dos nossos alunos”, disse ele.

Dentro do projeto, os alunos realizam apresentações de canto e dança. Couto disse que as atividades fazem parte da missão da instituição que é a de tornar os assistidos mais independentes e aceitos pela comunidade onde vivem.

Em cada um dos espaços percorridos, o trabalho não termina com o fim das apresentações. Couto disse que a entidade solicita uma “devolutiva” para as escolas, entidades ou projetos nos quais o grupo de alunos leva canto e dança.

“Depois desse retorno, nós esclarecemos alguns pontos e dúvidas que as pessoas ainda têm sobre o que é deficiência. Ainda nos dias de hoje temos uma dificuldade de entendimento. As pessoas não sabem que deficiência mental não é doença mental. Então, tem essa confusão, mas esse projeto vai ao encontro disso. De esclarecer para a população a respeito do tema”, declarou.

Há 30 anos na Apae, Couto salientou que mesmo com a entidade se aproximando dos 40 anos, algumas pessoas ainda não conhecem o trabalho dela. A instituição completa quatro décadas no mês de julho do ano que vem.

Sobre a Reatech

A Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade tem início nesta quinta-feira, 9, e término neste domingo, 12. Ela é promovida pela Fiera Milano e representa “oportunidade de plataformas de negócios e relacionamento entre empresas do segmento e seus consumidores”.

Com entrada gratuita, o evento espera receber público de 52 mil pessoas, entre visitantes e profissionais da área de saúde e educação. Eles irão conferir uma “gama diversificada de produtos e serviços, dos expositores nacionais e internacionais”.

Serão apresentados recursos de países como Itália, Suíça, Polônia, Venezuela, China e Taiwan. A feira também oferecerá atividades voltadas para a temática da inclusão social e cultural como palco com shows e desfiles.