Pesquisa divulgada nesta semana pela Ipsos indica resultado muito preocupante para o mundo e o Brasil em particular. Pela aferição, entre cada dez brasileiros, oito acreditam que há “muita” ou “uma quantidade considerável” de tensão entre pessoas que apoiam diferentes partidos políticos atualmente.
A Ipsos é uma empresa de pesquisa independente, com atuação em 90 mercados. A companhia, que tem globalmente mais de 5.000 clientes e 18.130 funcionários, entrega dados e análises sobre pessoas, mercados, marcas e sociedades.
É a maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, atuando, ainda, nas áreas de marketing, comunicação, mídia, “customer experience”, engajamento de funcionários e opinião pública.
A pesquisa, intitulada “Culture Wars Around the World: How Countries Perceive Divisions”, foi realizada em 28 países. Do total de “respondentes” – como ela classifica os participantes – no mundo, 69% disseram que há “uma quantidade considerável” ou “muita” tensão entre apoiadores de partidos políticos distintos.
O estudo pediu que os entrevistados avaliassem se há “muita”, “uma quantidade considerável”, “não muita” ou “nem um pouco” de tensão em diferentes grupos da sociedade.
Com percentual das respostas “alguma” ou “muita” somando 83%, a tensão política ficou em primeiro lugar no Brasil. Dos 12 grupos apresentados, em 11 o percentual de tensão percebido pelos brasileiros é mais alto que a média global.
“Isso acontece porque quase metade dos entrevistados no país (47%) acredita que o Brasil é dividido por ‘guerras culturais’ ou conflitos de ideias/identidades. Globalmente, apenas 35% estão de acordo com a afirmação”, enfatiza a divulgação do estudo.
Em segundo lugar, o maior índice de tensão percebida pelos brasileiros é entre ricos e pobres (79%). Na terceira posição, figura a tensão entre diferentes classes sociais, com 77%. A nível global, a soma das respostas “uma quantidade considerável” e “muita” tensão para esses questionamentos foi, respectivamente, de 74% e 67%.
“Entre aqueles com ideias mais socialmente liberais e progressistas e aqueles com valores mais tradicionais, o percentual de tensão atual, de acordo com a percepção dos entrevistados no Brasil, é de 76%”, segue a pesquisa.
No mundo, é relativamente menor, de 65%. Além disso, quase três quartos dos brasileiros participantes do estudo (73%) notam um nível de tensão considerável ou muito alto entre diferentes religiões. Considerando a média global, são 57%.
O único grupo em que as respostas dos “respondentes” do Brasil ficam abaixo do posicionamento global refere-se à tensão entre imigrantes e pessoas nascidas no próprio país. Os brasileiros que notam tensão nesse grupo somam 51%. Já no mundo, são 66%.
“Os resultados trazem uma importante contribuição ao debate que se estabelece no Brasil neste momento, em que a polarização política, que tem se espraiado para todos os setores da nossa sociedade, atinge contornos críticos e sem perspectivas de arrefecimento”, afirma Helio Gastaldi, diretor de Public Affairs da Ipsos.
“Comparando com os demais países, o Brasil sempre se destaca pela alta percepção de confrontos entre grupos sociais, o que nos coloca em posição de destaque quanto a esta problemática”, segue o diretor.
“E a maior percepção de tensão é identificada justamente entre os apoiadores de diferentes grupos políticos, o que parece apontar para a origem de uma situação que pode fazer com que cresçam ainda mais as divisões que tradicionalmente assomam também outros setores da nossa população”, conclui Gastaldi.
A pesquisa online foi realizada com 23.004 entrevistas em 28 países, entre os quais, atingindo mil brasileiros. Os dados foram colhidos entre 23 de dezembro de 2020 e 8 de janeiro de 2021. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
O momento de cisão social vivenciado pelo planeta é, portanto, patente e sabido por todos. Neste contexto, Tatuí em nada se difere. Basta rápida passagem por qualquer rede social para constatar-se a discórdia, a provocação e, não raro, a ira em primazia.
Cabe a reflexão, sobretudo a quem não entende ser positivo um futuro ainda mais distópico, se verdadeiramente vale a pena seguir nesse caminho (ao abismo).
Ou se – antes tarde que nunca – já é hora de começar a tomar atitude, seriamente! É notar que, não sendo um dos poucos a lucrar com a política extremista, restam somente ainda mais perdas generalizadas, injustiças de toda sorte (ou azar) e, no momento, mortes aos milhares.
É preciso reconhecer, afinal, que nenhum movimento político (seja em seus extremos fascistas ou comunistas – para ressaltar termos usados na atual manipulação “do povo”), tampouco alguma figura pública em particular (candidato a ditador ou não), jamais vai pagar a conta de água ou luz de ninguém (pelo contrário, vai é impor-lhe tarifa mais cara, isso, sim!).
Não há mínima razão para o engajamento à altercação sistemática, a despeito do apreço de muitos a um tempo de censura, opressão e violência, cuja motivação – o gosto pelo masoquismo social na atualidade -, certamente será motivo de estudo pelos próximos séculos.
No entanto, mesmo esse percentual da população tem como tarefa capital questionar se entende mesmo como algo positivo legar a seus filhos e netos esse futuro miserável, construído neste exato momento sobre a tensão, o medo e a intolerância. Ainda há tempo… Ainda há esperança…