A verdade de cada um!

Raul Vallerine

As verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore. (Mahatma Gandhi)

Dizem as lendas que quando A Verdade Absoluta chegou na Terra ela era um grande espelho, que ao tocar o chão ela se quebrou em milhares de pequenos pedaços e se espalhou pelo mundo.

Então quando os homens a encontraram, pensaram que tinham em mãos a verdade absoluta, mas na realidade era apenas um pequeno pedaço dela.

Há bem mais de um século, um poeta americano transformou em versos uma antiga parábola. A primeira estrofe do poema fala sobre: Seis homens do Hindustão, muito ávidos por aprender, quiseram conhecer o Elefante.

Embora, cegos, não o pudessem ver, pelo que observaram, sua mente procuraram satisfazer.

No poema, cada um dos seis viajantes pegou uma parte do elefante e descreveu para os outros o que havia descoberto.

Um dos homens encontrou as patas do elefante e o descreveu como sendo redondo e áspero como uma árvore. Outro sentiu as presas e descreveu o elefante como uma lança.

Um terceiro agarrou a cauda e insistiu que o elefante se parecia com uma corda. Um quarto descobriu a tromba e afirmou que o elefante era como uma grande cobra. Cada um deles descrevia a verdade.

E como sua verdade se baseava em uma experiência pessoal, cada qual insistia que tinha conhecimento do que sabia.

O poema conclui, dizendo: Então aqueles homens do Hindustão, por muito tempo ficaram a debater, cada qual com sua própria opinião a defender. Sem querer ceder, embora cada um deles estivesse certo, em todos estavam errados em seu parecer!

Cremos saber a verdade sobre o que é um elefante. O fato de alguém fazer um juízo com base em um único aspecto da verdade e aplicá-lo ao todo parece absurdo e até inacreditável.

Por outro lado, será que nós reconhecemos naqueles seis homens cegos? Será que já fomos culpados de seguir esse mesmo padrão de pensamento?

Contudo, parece fazer parte de nossa natureza humana adotar pressupostos em relação a pessoas, política e religião, com base em nossa experiência pessoal, que muitas vezes é equivocada e incompleta.

Lembro-me da história de um casal que estava casado havia 60 anos. Raramente brigaram em todo aquele tempo, e os dias que passaram juntos foram cheios de felicidade e contentamento.

Compartilhavam tudo e não tinham segredos entre eles: exceto um. A mulher tinha uma caixa que guardava no alto da dispensa, e ela disse ao marido que ele não deveria olhar dentro dela enquanto fossem casados.

À medida que as décadas se passaram, chegou um momento em que o marido pegou a caixa e perguntou se poderia finalmente saber o que ela continha.

A mulher consentiu, e ele a abriu, descobrindo duas toalhinhas de crochê e R$ 25.000,00. Quando ele perguntou o que aquilo significava, ela respondeu: “Quando nos casamos, minha mãe me disse que sempre que ficasse brava com você ou sempre que você dissesse algo de que eu não gostasse, eu deveria tricotar uma toalhinha de crochê e depois conversar com você sobre o assunto.

O marido ficou comovido até ficar em lágrimas com aquela meiga história. Ficou admirado de que nos 60 anos de casamento ele tivesse incomodado a esposa apenas o suficiente para que ela tricotasse duas toalhinhas de crochê.

Sentindo-se extremamente bem a respeito de si mesmo, pegou a mão da mulher e disse: “Isso explica as toalhinhas, mas e quanto aos R$ 25.000,00?

A esposa sorriu docemente e disse: “Esse é o dinheiro que ganhei vendendo todas as toalhinhas que tricotei ao longo dos anos”.

Essa história não apenas ensina uma forma interessante de lidar com as diferenças no casamento, mas também ilustra a insensatez de tirar conclusões apressadas com base em informações limitadas.

Muito frequentemente as “verdades” que contamos a nós mesmos são meros fragmentos da verdade, e às vezes não correspondem de forma alguma à verdade.

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