A tosse comprida (coqueluche) e a vacinação dos pais

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa *

A coqueluche é também conhecida como “Pertussis”, “tosse comprida” ou “tosse convulsa”. É uma doença infecciosa aguda e transmissível, responsável por acometer o aparelho respiratório (traqueia e brônquios).

Ela é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que produz uma toxina que faz com que se manifestem os sintomas de tosse comprida, em crises até “perder o fôlego”, constipação e outros.

Além dessa bactéria, cerca de 5% a 20% dos casos de coqueluche podem ser causados por um outro tipo mais grave, a Bordetella parapertussis. Esta doença é extremamente grave para lactentes e crianças pequenas que não foram vacinados, principalmente recém-nascidos com menos de dois meses de idade que ainda não receberam a primeira dose da vacina.

As crianças recém-nascidas têm as vias respiratórias muito finas e que podem ser facilmente obstruídas pelo muco produzido na infecção. Por conta disso, elas podem até correr o risco de não conseguirem respirar. Além de ser altamente contagiosa, sua duração é de seis a dez semanas.

Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a coqueluche continua causando danos e várias mortes. Isto ocorre devido à cobertura vacinal de adultos ser muito baixa, assim eles podem transmitir a doença para bebês ou crianças pequenas.

No Brasil, observa-se um aumento dos casos que afetam principalmente crianças menores de um ano. Os sintomas variam de paciente para paciente, sendo que nos adultos eles ocorrem de forma mais leve (cerca de 1/3 é assintomático), enquanto que nas crianças com menos de 6 anos de idade podem ser fatais.

A coqueluche se desenvolve em três fases sintomáticas sucessivas. Primeira, a fase catarral, que tem início com manifestações respiratórias e sintomas leves, os quais podem ser confundidos com a gripe. Os sintomas podem durar algumas semanas e deixam o paciente extremamente cansado.

Ele poderá sentir: febre ligeira, olhos lacrimejantes, coriza, rinorréia (nariz escorrendo muco), mal-estar, tosse seca e, em seguida, contínua, com duração de duas a quatro semanas.

A crise de tosse da criança leva de 20 a 30 segundos sem parar e, depois, há a dificuldade para respirar. Lábios e unhas podem ficar arroxeados durante as crises de tosse, que geralmente ocorrem mais à noite.

A multiplicação da bactéria causa a tosse comprida, por conta da diminuição do funcionamento da traquéia e brônquios. Assim, a tosse pode ser uma consequência ou um sintoma do problema.

A segunda fase é a aguda: as crises de tosse cessam, devido à inspiração forçada e prolongada; vômitos, fazendo com que o paciente tenha dificuldade de beber, comer e respirar.

A terceira fase é a grave ou convalescença: crises de tosse desaparecem, voltando à tosse comum, bebês menores de seis meses são os mais propensos a apresentarem formas graves da doença, que podem causar: desidratação, pneumonia, convulsões e lesão cerebral.

Recém-nascidos podem apresentar apneia e demais problemas respiratórios sem tosse presente. Bebês abaixo de seis meses estão muito vulneráveis, pois ainda não completaram o esquema primário de vacinação. A coqueluche é uma doença que precisa de atenção, pois desde 2011 sua incidência vem aumentando no Brasil.

Transmissão

Segundo estudos, os principais transmissores estão dentro da própria família, sendo responsáveis a mãe, com 39%, o pai, com 16%, os avós, com 5%, e os irmãos, variando de 16 a 43%.

Prevenção

A melhor forma de prevenção é através da vacinação. Os bebês devem tomar a vacina tríplice acelular (DPTa) a partir de dois meses de idade (portanto estão muito vulneráveis abaixo de dois meses). Recomendamos que, com dois meses, tomem a vacina HEXA (que contém seis vacinas numa só aplicação, da qual faz parte a coqueluche acelular).

Atenção

Aos pais e pessoas que convivem com recém-nascidos, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Brasileira de Imunizações (Sbim) recomendam que, logo nos primeiros dias de vida do bebê, todos os familiares mais próximos, como os pais, avós e irmãos, principalmente adolescentes, recebam a vacina contra a coqueluche (tríplice do adulto).

Atualmente, já se encontra disponível nas clínicas particulares a chamada tríplice do adulto, acelular.  Todos os adultos (principalmente os pais de recém-nascidos menores de dois meses de idade) e aqueles que convivem na mesma casa desses RN devem receber, nas clínicas privadas, a chamada vacina tríplice acelular do adulto – dTpa (Refortrix), que, além de proteger contra a coqueluche (impedindo de transmitir a bactéria Pertussis o bebê), ainda, a própria pessoa vacinada estará fazendo um reforço contra a difteria e o tétano.  Observação:  os RN estão desprotegidos da coqueluche, antes dos dois meses de idade, quando deverão tomar a vacina tríplice pela primeira vez.

Fontes: artigos da Internet e bula da Refortrix (vacina contra a difteria, tétano e coqueluche, para indivíduos a partir de quatro anos de idade).

* Médico especialista em pediatria pela AMB e SBP e membro da Sbim.