Raul Vallerine
A cada novo minuto você tem a liberdade e a responsabilidade de escolher para onde quer seguir, mas é bom lembrar que tudo na vida tem seu preço!
(Zíbia Gasparetto)
Ao acompanhar certas pessoas em seu desenvolvimento pessoal observamos que há certas perguntas que praticamente todos nós fazemos em algum momento da vida e que ocorrem desde a Antiguidade.
Tendemos a remoer questões como “Quem sou eu realmente?” ou “Como posso conseguir ser eu mesmo?” Há uma tendência a se martirizar, a funcionar sob crenças que nos bloqueiam e causam estresse ante a mudança e a incerteza.
As pessoas muitas vezes se guiam pelo que acreditam que deveriam ser, e não pelo que realmente são. Vivem condicionadas demais pelos julgamentos dos outros e tentam pensar, sentir e se comportar da maneira que o outro pensa que devem fazer.
É como se quiséssemos ser quem não somos. O Ocidente criou uma sociedade competitiva em que aspiramos ao sucesso e à excelência, e não se aceita bem o fracasso.
Desde a infância aprendemos jogos de competição e somos considerados por outros como hábeis ou desajeitados, bons ou ruins.
Na escola somos julgados por professores e colegas. Sentimos a pressão de termos que ser o número um na nossa turma, no esporte, em suma, no nosso âmbito.
Em vez de desfrutar de cada etapa, nos concentramos em tentar vencer para alcançar o primeiro lugar em tudo, e isso vai moldando a identidade de cada um.
O papel dos pais também é básico: frases como “isso é bom”, “não seja mau” ou “isso não se faz” são típicas no vocabulário dos progenitores. Mas o excesso desse tipo de indicações pode prejudicar o caráter da criança.
Uma vez na universidade e no mercado de trabalho, o número de maneiras em que podemos fracassar aumenta substancialmente. Cada encontro com alguém pode nos lembrar de algo em que sejamos inadequados
Crescemos dando importância à opinião dos outros e a seus olhares, uma vez que determinam o nosso valor na comunidade. Do estilo de roupa ao corte de cabelo.
Alguém irá dizer-lhe para relaxar e aproveitar, outro reclamará que você não trabalha o suficiente e está desperdiçando seu talento; alguém vai recomendar que se concentre na leitura ou que se dedique mais aos estudos.
Por outro lado, a imagem que os meios de comunicação projetam também pode gerar frustrações pessoais.
Sua pressão está normal? Tem viajado o bastante? Cuida da sua família? Está em dia com a política? Seu peso é adequado? Faz esporte o suficiente? Viu o último filme de maior bilheteria? Esse tipo de perguntas faz a pessoa sentir que não está à altura das circunstâncias.
Quando o indivíduo decide mostrar sua verdadeira personalidade deve ter consciência de qual visão tem dele mesmo.
Quando conseguimos ter essa imagem realista não nos afogamos com metas inatingíveis nem nos menosprezamos com propósitos que nos diminuem.
Para isso devemos considerar metas apropriadas ao nosso caráter. Um exemplo: quem quer perder peso mas não se vê mais magro. Por mais esforço que faça não será duradouro e voltará a engordar, porque ainda não se vê mais magro.
Devemos aceitar as imperfeições. Quando conseguir se ver como alguém com falhas que nem sempre age como gostaria, aproveitará mais e se cuidará melhor.
Todos nós já tivemos uma história positiva e significativa. Resgatá-la do passado e apreciá-la no presente nos dará confiança.
Quando a pessoa consegue se conectar novamente a si mesma torna-se mais criativa e as perguntas mudam: “Como experimento isso? “O que isso significa para mim?” “Se eu me comportar de uma certa maneira, como posso começar a perceber o significado que terá para mim?”
Ou seja, finalmente deixou de pensar sobre o que os outros estavam esperando e começa a considerar o que você realmente quer. Como dizia o filósofo grego Epicuro, nunca é cedo demais nem tarde demais para cuidar da própria alma.