A Fé de Cada Um!

RAUL VALLERINE

“Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”, essa frase de Gilberto Gil é o meu lema. É nela que eu me inspiro e com ela eu sigo com confiança de que dias melhores estão por vir. Que venha um novo ciclo, cheio de paz e amor!

Sem se sustentar em evidências, provas ou entendimento racional, a espiritualidade é o conforto de muitos diante do desconhecido, como a pandemia que assola o mundo. Crença no que não se vê dá sentido à vida.

Em tempos de dor, medos e incertezas, é natural e esperado que cada um procure um caminho que lhe traga conforto, doses de confiança e a chance de encontrar a paz.

Esta estrada é a da espiritualidade, lugar onde o real coexiste e tem conexão com algo maior e sagrado.

É do ser humano buscar uma ligação com o Divino, seja ele representado pela figura de Deus, por meio da religião ou, como bem cantou Gilberto Gil, a fé não precisa, necessariamente, estar ligada à doutrina. Essa força interior de uma crença poderosa pode ser nutrida em relação a sua fé. “Andá com fé eu vou/ Que a fé não costuma faiá/ Andá com fé eu vou/ Que a fé não costuma faiá” …

Diante da pandemia do novo coronavírus, com o isolamento social imposto como medida de proteção contra a disseminação da COVID-19, a fé, do latim fides (fidelidade), é a confiança absoluta, sem espaço para dúvida, que cada um deposita no que escolhe acreditar.

A esperança como antídoto diante de um inimigo invisível, letal e que a humanidade luta para controlar. Enquanto a batalha não se encerra, apaziguar corações e mentes é a busca interna de cada um diante da sua convicção.

Hoje, você poderá ter um tempo para leitura que lhe traga fé, esperança de dias melhores e palavras de conforto de pessoas que se sustentam por algo maior, sem preocupação com materialidade.

A quarentena é tempo de espera e de esperança! Neste tempo de recolhimento forçado, a oração é um forte antídoto espiritual.

Vivemos a cultura da pressa. Tudo nos é imediato. A fala, a vivência, as relações. No dia a dia corrido, mais reagimos do que agimos. Mais confrontamos do que enfrentamos.

O tempo todo nos ocupamos de funções e impomos tantas outras aos que nos são próximos. De repente, a espera. E agora? O que fazer com todo esse tempo que obriga cada um a estar com os familiares?

Muitas vezes a gente se questiona como parar para ouvir o próprio silêncio. Como dar conta da angústia diante do inesperado? Como lidar com os medos? Como inserir que nada, absolutamente nada, controlamos?

Uma maneira é pela oração. É ela o meio, é o caminho entre a espera e a esperança. A espera imposta pela quarentena é fato. A esperança advinda da oração é fé.

Podemos dizer que a oração é a oportunidade de recuperar a intimidade e a confiança em Deus. Ela pode trazer serenidade, confiança e paz.

É ela que converte na espera em esperança. Como diz Padre Fábio de Melo; “É sob a sombra que descubro a luz da palavra”. Assim, a espera pode não ser afastamento adverso da vida, mas esperança de um tempo novo.

Como disse Jesus durante o sermão da montanha, relatado nos evangelhos de Mateus e Lucas. “Olhai os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Podemos dizer: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles” (Mateus, 6, 25-34).

E que a oração possa nos abraçar e converter a espera em esperança, verdadeira passagem e confiança num tempo melhor.

Podemos ressaltar que a espiritualidade e a fé ajudam a superar limites e dificuldades e, ao mesmo tempo, provocam aprendizado e crescimento: Têm relação com a pessoa de Jesus Cristo, que enfrentou a cruz, a morte, a solidão e o abandono e, neste momento, colocou a sua confiança no Pai.