A aparência das mulheres: um olhar reflexivo inspirado no BBB

Mayra Cardozo
Mayra Cardozo *

Nos últimos anos, temos testemunhado uma crescente conscientização sobre questões relacionadas à imagem corporal e padrões de beleza impostos pela sociedade.

No entanto, o controle da aparência das mulheres muitas vezes é visto apenas no contexto de relacionamentos afetivos, ignorando outras formas de influência e pressão externa.

O recente caso envolvendo Rodriguinho e Yasmin Brunet no BBB 24 serve como um lembrete vívido de como até mesmo pessoas distantes podem exercer controle sobre o peso e a aparência feminina. Até mesmo em mulheres como a Yasmin, que se encaixa na maioria dos padrões de beleza impostos pela sociedade.

É importante reconhecer que o controle da aparência das mulheres não se limita a relacionamentos abusivos ou íntimos. Muitas vezes, indivíduos com quem mal temos contato podem influenciar sutilmente nossas escolhas e percepções em relação ao nosso corpo.

Comentários aparentemente inofensivos, piadas ou expectativas sociais internalizadas podem contribuir para um ambiente em que as mulheres se sintam constantemente pressionadas a atender a padrões irreais de beleza.

Para se ter uma ideia, um estudo realizado pelo Instituto Ideia revela que apenas 3% dos homens brasileiros se acham feios e 47% se consideram bonitos.

Enquanto o resultado da pesquisa com mulheres, a realidade é outra: 20% sofrem com baixa autoestima. Mostrando a influência do machismo e do patriarcado na percepção de mulheres sobre si mesmas.

O caso de Rodriguinho e Yasmin Brunet no BBB 2024 é um exemplo emblemático desse fenômeno. Mesmo sem ter um relacionamento direto com os participantes, espectadores e comentaristas nas redes sociais expressaram opiniões e críticas sobre o corpo e a aparência de Yasmin, destacando como principalmente, mas não apenas, figuras públicas estão sujeitas a esse tipo de escrutínio.

Essa narrativa alimentada pela mídia e pelas redes sociais pode ter um impacto significativo na autoestima e na saúde mental das mulheres, reforçando a ideia de que suas aparências são objetos de escrutínio público e validação externa.

É urgente uma mudança de paradigma que valorize a diversidade e promova uma cultura de inclusão e respeito mútuo. Afinal, a verdadeira beleza não está em conformidade com padrões impostos, mas sim na aceitação e celebração da singularidade de cada indivíduo.

Somente quando reconhecemos e celebramos a diversidade de corpos e aparências podemos criar um ambiente em que todas as mulheres se sintam validadas, respeitadas e livres para serem autenticamente elas mesmas.

Diante desse cenário, é crucial que promovamos uma cultura de aceitação e respeito à diversidade de corpos e aparências. Devemos desafiar ativamente os padrões de beleza inatingíveis e questionar as normas sociais que perpetuam a pressão sobre as mulheres para se conformarem a uma determinada imagem ideal.

É hora de reconhecer que a beleza vem em todas as formas, tamanhos e cores, e que cada mulher tem o direito de definir sua própria relação com seu corpo, livre de julgamento e controle externo.

A verdadeira liberdade reside na aceitação e celebração da individualidade e autenticidade de cada mulher, independentemente das expectativas impostas pela sociedade ou por figuras públicas.

* Sócia da Martins Cardozo Advogados e advogada especialista em direitos humanos e penal e mentora de mulheres mal comportadas.