A ambiguidade humana

Aqui, ali, acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: “Do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem”. (Jesus Cristo, Marcos 7)

Caros amigos.

Esta incrível frase de Cristo, mostra com uma clareza solar nossa parte psicopatológica; que é de dentro de nós que vem o mal que nos prejudica e aos outros também, precisando ser, claro conscientizado e contido.

Mas o que nos maravilha é que, em outro ensinamento Ele afirma: “O Reino dos Céus está dentro de vós”. Ou seja, tudo o que existe de melhor, de bom, belo e verdadeiro está também em nosso interior – é uma questão de aceitá-lo, ao contrário da recusa que lhe temos feito.

De modo que não podemos dizer que somos totalmente bons, porque todo mal provém de dentro de nós; e não podemos dizer que somos totalmente maus, porque em nosso interior mora tudo que existe de mais perfeito, bom, belo e maravilhoso.

É dentro desta ambiguidade que podemos escolher a cada momento: seguir o bem, ou seguir o mal que provêm de nosso interior.

Há os que lutam para perceber e conter a própria maldade, vivenciando o interior bom, sendo denominados indivíduos melhores; e os que se esforçam para conter o amor e o bem do seu interior, entregando-se ao mal, sendo chamados de pessoas patológicas ou negativas.

Mas, se o Criador é o Total Bem, e se nos criou à sua imagem e semelhança, por que não somos totalmente bons? De onde provém o mal que surge em nosso interior?

Para a explicação deste fato temos de recorrer à ciência da teologia, sobre o pecado original, quando o ser humano se opôs ao Criador, tornando-se um ser decaído e transmitido isso aos descendentes.

E como consertar isso? A ciência psicanalítica integral nos dá uma boa resposta:

“O ser humano já nasceu com sua natureza estragada; no entanto, as maiores dificuldades são provenientes de sua atitude errônea (…) relacionada com a resistência em ver suas próprias misérias. Constantemente, estamos cometendo grandes desatinos; porém, não os queremos enxergar; e todos os prejuízos são advenientes, por não cuidarmos de tal realidade. Pelo contrário, constatando-a, inicialmente, poderemos exercer forte controle sobre o desequilíbrio e ainda aproveitar o que resta de são, de forma a desenvolvê-lo e aperfeiçoá-lo” (KEPPE, Norberto, A Libertação).

Até logo.

* Jornalista e escritor tatuiano