Rafael Sangrador tem exposição aberta na Câmara Municipal de Tatuí

Obras estão disponíveis para visitação até 9 de dezembro, de segunda a sexta-feira

Alves Miguel, Sallum, Sangrador, Pereira, Salvador, Campos e Fonseca na abertura da exposição (Foto: Ilza Eleutério)
Da reportagem

Na noite desta terça-feira, 19, aconteceu sessão solene na Câmara Municipal de Tatuí para a abertura da exposição “Retratos de Maestros do 1º Congresso”, composta por obras do artista plástico Rafael Sangrador.

A mostra, figurada com telas de Sangrador, homenageia maestros e músicos de destaque que participaram do 1º Congresso Internacional de Bandas Sinfônicas de 2004, realizado pelo Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.

São retratados: Antonio Carlos Neves Campos, Cadmo Fausto, Dario Sotelo, José Antonio Pereira (duas reproduções), Luís Marcos Caldana, Santiago Giordano e o trompetista Leopoldo Felício de Andrade.

Participaram da sessão solene o artista plástico Rafael Sangrador; Antônio Carlos Cabral Campos, filho do maestro Antônio Carlos Neves Campos; Sabrina Magalhães, gerente de comunicação do Conservatório; José Antônio Pereira, maestro; Antônio Salvador, gerente artístico e pedagógico de artes cenas e represente do CDMCC; e os vereadores Eduardo Dade Sallum (PT) e João Éder Alves Miguel (União Brasil).

A exposição homenageia os 70 anos do Conservatório, comemorado no dia 11 de agosto, e o 1º Congresso de Bandas Sinfônicas, realizado em 2004, incluindo os maestros que se dedicaram à realização do congresso, professores, servidores e alunos.

No evento, foi contada a história da criação do Conservatório. Segundo informado, em 1950, ao visitar Tatuí, o deputado da época Narciso Pieroni “se encantou com a qualidade da recepção musical feita pela banda Del Fiol”.

Ao perceber o tamanho do entusiasmo, o músico acabou por convencer o político a prometer a criação, no município, da primeira escola pública do estado de São Paulo.

“A oportunidade era tamanha que, na mesma noite, um grupo de intelectuais da cidade se reuniu no bar do Hotel Del Fiol e redigiu o esboço do projeto de lei que criaria a escola, inspirado no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro”.

O projeto foi apresentado à Assembleia Legislativa em dezembro de 1950 e sancionado pelo governador da época, Lucas Nogueira Garcês.

O primeiro endereço da instituição foi um porão emprestado de um imóvel residencial localizado na esquina das ruas Humaitá e José Bonifácio. “Os proprietários habitavam a parte superior da casa e cederam a parte inferior para instalação nas salas de aula”, conta a história.

O anúncio da abertura das vagas em abril de 1954 atraiu 331 candidatos em apenas cinco dias, todos moradores de Tatuí, que contava então com 30 mil habitantes. O primeiro diretor da escola foi Eurico Mascarenhas de Queiroz, que trabalhava como redator de programas musicais do Teatro Municipal de São Paulo.

Mais tarde, na sessão solene, foi contada um pouco da história do artista plástico Sangrador, natural de Palência, na Espanha, que se formou na Escola de Artes e Ofícios de Madrid e chegou ao Brasil em 1976.

Primeiramente, trabalhou com arquitetura, em São Paulo; participou de exposições e concursos artísticos, recebendo prêmios; ministrou aulas livres e de modelo vivo em instituições locais e foi docente em universidade. Sangrador chegou em Tatuí em 1998 e conheceu pessoalmente todos os maestros que retratou.

Posteriormente, em tribuna, Salvador, representando o Conservatório, comentou sobre a instituição: “O Conservatório é um dos mais importantes equipamentos de formação e difusão cultural do governo de São Paulo, vinculado à Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, considerada uma das maiores escolas de música e teatro da América Latina”, lembrou ele.

“A escola atende, anualmente, cerca de 3.000 estudantes, que vêm de mais de 200 cidades, de diferentes regiões do Brasil e de vários outros países, como Peru, Chile, Argentina, Venezuela, Estados Unidos, Japão, entre outros”, enumerou.

Ele ainda acentuou que, ao longo dos 70 anos de existência, a instituição já formou milhares de instrumentistas, cantores, atores, cenógrafos, luthiers e educadores, “que propagam a excelência de ensino da escola desta cidade mundo afora”.

Já Sallum comentou, em discurso, que “precisa ser conversado com a população para que ela se aproxime e seja mais participativa nas discussões sobre cultura”. “É importante que o povo se aproxime disso, que seja participativo nesse momento que estamos vivendo”, reforçou.

“Nós estamos vivendo um momento em que falar de cultura não é bonito. Tem gente que acha bonito falar de maneira intolerante em relação à cultura, com xingamento e preconceitos”, alegou.

Já Sangrador, autor das obras, contou sobre a criação dos quadros que homenageiam os profissionais do congresso em 2004: “Esses retratos inauguraram a entrada do Conservatório, pois foi a primeira exposição realmente artística feita lá”.

Ele ainda destacou o quanto estava emocionado e honrado em ter as obras como primeira exposição na Câmara Municipal e enfatizou que “espera que não sejam as últimas”.

O artista também contou sobre a forma de trabalho escolhida para as pinturas: “A técnica usada em todos esses quadros é a ‘Fusain e pastel seco sobre papel’. Uma técnica impressionista rápida, mas a qual dificilmente aceita correção depois do desenho feito, e caso se coloque a mão em cima, o papel fica marcado e não se consegue corrigir”.

Após a revelação das obras, Sabrina Magalhães, gerente de comunicação do Conservatório, contou que a ideia do projeto foi de Sangrador, o qual entrou em contato pedindo o levantamento de onde estavam as obras. A instituição, então, fez o “resgate” para que fosse possível a exposição.

Já Salvador declarou ser sempre importante resgatar a história do Conservatório: “São 70 anos de história. Se não conseguirmos contar, não existe Conservatório, não existe 70 anos, não existe uma tradição, não existe uma reivindicação”.

“A história é sempre um alicerce da instituição; se comemora os 70 anos de olho no futuro, sempre antenado no que se tem de novo e querendo mais 70”, complementou Sabrina.

José Antônio Pereira, um dos mestres homenageados, relatou que o sentimento de ser um dos escolhidos passou por vários questionamentos. “Começa assim: eu mereço ser homenageado? O que eu fiz merece ser publicado? O pintor que admiro me escolheu para representar algo que quer passar para outras pessoas”.

Já Sangrador contou que, para a realização da mostra, ele procurou Sallum, o qual, além de vereador, é presidente neste biênio (2023-2024). O parlamentar, então, chamou o diretor do Legislativo de Tatuí, Adilson Fernando dos Santos, para que auxiliasse na organização do evento.

“Aí, começou a ‘andar’, e conversamos para que fosse decidido o local que ficaria, a iluminação, e fizesse a montagem da mostra”. Ele ainda explicou que a gestão do Conservatório “deu total apoio”, acrescentando que cinco obras da exposição estão tombadas e são de propriedade da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do estado de São Paulo.

“Tenho obras ‘tombadas’ em vida, o que normalmente acontece quando a pessoa já faleceu. Estou realmente muito orgulhoso”, completou o artista plástico.

A exposição pode ser visitada até 9 de dezembro, das 13h às 20h, de segunda-feira a sexta-feira, na Sala de Sessões “Vereador Rafael Orsi Filho”, à avenida Cônego João Clímaco, 226.

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