AC Prefeitura / Evandro Ananias
Prefeito anuncia troca de secretário da Saúde; Fábio Villa Nova pede exoneração do cargo e Máximo Machado Lourenço assume
O médico-veterinário Máximo Machado Lourenço assumiu a direção da Secretaria Municipal da Saúde na segunda-feira, 10. Ele substitui Fábio Villa Nova, que pediu exoneração do cargo.
De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura, o novo titular da pasta tem a missão de “dar continuidade e aprofundar” as reformas iniciadas pelos antecessores do cargo.
A substituição, que já estava sendo comentada na cidade, foi anunciada oficialmente pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, na segunda-feira, 10.
O anúncio aconteceu na sede da Secretaria Municipal da Saúde, com a presença de funcionários do setor e dos vereadores Jorge Sidnei Rodrigues da Costa (PMDB), Antonio Marcos de Abreu (PP) e Rosana Nochele Pontes (Pros).
De acordo com a assessoria de comunicação, durante o encontro, Manu enalteceu o trabalho de Villa Nova e pontuou algumas das conquistas da gestão dele à frente da Saúde.
“Tatuí é grata ao trabalho desse jovem, idealista, competente e, antes de tudo, ético, que é Fábio Villa Nova. Temos, agora, a responsabilidade de dar continuidade a esse trabalho, com foco na melhoria do serviço e do atendimento ao público, a partir do conceito de acolhimento”, afirmou o prefeito.
Na reunião, Villa Nova agradeceu ao prefeito pela oportunidade.
“Durante esse período, pude crescer enquanto ser humano, enquanto profissional, enquanto administrador e agente público. Tenho certeza de que muitas sementes lançadas nesse período irão florescer e render bons frutos para nossa cidade. Vou continuar sempre à disposição, trabalhando na rede pública, como venho fazendo desde 1994”, completou.
Conforme a assessoria de comunicação, Lourenço deverá apresentar, nos próximos dias, um planejamento sobre as atividades que irá desenvolver à frente da secretaria.
Perfil
Médico veterinário, formado pela Unesp, o novo secretário, segundo a assessoria de comunicação, acumula “larga” experiência no setor.
É funcionário de carreira da rede pública municipal desde 1992, onde coordenou a Vigilância em Saúde e a Vigilância Sanitária. De acordo com a assessoria de comunicação, Lourenço participou “ativamente” do processo de municipalização da Saúde.
“Atuou na assessoria de diversos diretores e secretários, assumiu o Departamento Municipal de Saúde entre 2002 e 2003. Foi presidente do Conselho Municipal de Saúde e presidiu, por dez anos, a Fundação Educacional ‘Manoel Guedes’, sendo responsável pela implantação e ampliação das vagas do curso técnico de enfermagem na Escola ‘Gualter Nunes’”, comunicou a assessoria.
Sobre a saída
“Eu pedi exoneração do cargo porque não tive muita autonomia para fazer o que deveria ser feito, e teve algumas interferências de terceiros, não do prefeito. Quero deixar registrado que eu agradeço muito pela indicação, não tenho nada contra ele (Manu)”.
Questionado sobre o que deveria ter sido feito enquanto esteve à frente da secretaria, Villa Nova argumentou que poderia ter acontecido a troca de alguns médicos que não davam suporte e retaguarda suficiente ao pronto-socorro, lembrando que ele, como secretário, também era responsável por isso.
De acordo com Villa Nova, a maior dificuldade enfrentada foi o pronto-socorro, pois não havia médicos para compor as escalas, e também era necessário agir na atenção básica, para diminuir a demanda no PS, o que, de acordo com ele, já estava acontecendo.
O ex-secretário, que permaneceu por quatro meses na direção da pasta e concluiu ter feito um bom trabalho, afirmou que foi uma experiência “muito gratificante” e que saiu com saldo positivo.
“Claro que fiquei devendo, porque tinha planejado a médio, curto e longo prazo, apesar de não poder fazer planejamento a longo prazo num cargo como esse. Mas, durante a minha gestão à frente da secretaria, consegui fazer bastante coisa”, afirmou Villa Nova.
Ele pontuou algumas ações que estavam sendo efetuadas enquanto era secretário: “Quando assumi a secretaria, a gente tinha uma fila muito grande com relação à carteirinha de deficiente, pois, durante a campanha política, muita carteirinha provisória foi distribuída para pessoas que não tinham o direito de recebê-las, e a fila de espera para agendamento da perícia estava para agosto deste ano”.
“Muitas dessas pessoas não tinham o direito, portanto, começamos a tirar. Acabamos com essa carteirinha provisória e fizemos um novo tipo de agendamento”, contou.
“Hoje, praticamente, não tem fila. Se alguém quiser este benefício, é só ir à secretaria, pegar um formulário, passar em qualquer médico da unidade básica, e esse médico vai atestar se a pessoa tem ou não direito ao benefício”.
Villa Nova apontou que também estava tentando acabar com os “acordos”, que, segundo ele, alguns médicos têm, de fazer menos atendimentos que os outros. “Os casos mais gritantes a gente já tinha acabado, estava nesse processo de acabar com todos”.
O ex-secretário também destacou o Centro Municipal de Fisioterapia, que foi inaugurado e iniciado durante a gestão dele.
Afirmou, também, que, enquanto atuava como gestor da secretaria, foi iniciado o Projeto de Proteção Animal, implantadas as seis horas diárias de trabalho para funcionários da Saúde, iniciado o serviço de hemodiálise na UTI da Santa Casa, comprados equipamentos para a maternidade e finalizada a Raps (Rede de Assistência Psicossocial), entre outros.
Villa Nova argumentou que, se o trabalho tiver seguimento, “poderá render frutos no futuro, principalmente com a diminuição da demanda no pronto-socorro, que foi outra coisa que tínhamos começado”.
“Os gastos com saúde estão concentrados em uma parcela da população, que são, normalmente, as pessoas com maior vulnerabilidade, em risco social. Nós estávamos identificando essas famílias, para dar preferência para consultas e exames médicos”, afirmou o ex-secretário.
Ele complementou dizendo que, com essa ação, a secretaria poderia, no futuro, diminuir a demanda no pronto-socorro.
Ainda sobre a saída da secretaria, Villa Nova lembrou que o secretário responde criminalmente por determinadas ações.
“Como vi que não iria ter muita autonomia, eu não poderia ficar à mercê de outras ações que não fossem as minhas. Eu posso ser processado pelo resto da vida, inclusive, até preso, com multas diárias. Hoje em dia, a gente tem muita demanda judicial”, argumentou.
“A Saúde é uma área que não depende só de projetos dela mesma. A falta de educação reflete na Saúde. Quanto mais anos a pessoa tem de estudo, ela vai ter uma saúde melhor. Problemas no trânsito refletem na Saúde, problemas na infraestrutura refletem na Saúde. Então, é uma área bastante complexa”, afirmou.
Segundo o ex-secretário, a Saúde é o setor mais complicado da administração, mas ele garantiu que continuará atuando na área, como faz há 19 anos.
Villa Nova afirmou que seguirá auxiliando o coordenador de saúde bucal e também integrará a parte clínica do Centro de Especialidade Odontológica.
Conforme ele, o orçamento da Saúde também pode ser um grande desafio para Lourenço, uma vez que agrega valor “limitado”.
Villa Nova sustentou que está com a consciência tranquila por ter feito um trabalho sério, mas que também precisou pensar no desgaste que ele e a família estavam tendo nos últimos meses.
Conforme Villa Nova, a pasta está muito bem representada, pois o novo gestor, que já foi diretor da Saúde, está preparado para o cargo.
“Estou deixando a secretaria em muito boas mãos, o Máximo é uma pessoa pela qual tenho muita consideração. Há 11 anos, ele me convidou para ser coordenador da Saúde Bucal e, a partir de então, comecei a gostar de saúde pública”.
“Isso é até um agradecimento que faço ao Máximo, porque, se não fosse por ele ter me tirado da unidade básica, eu não teria assumido a Secretaria da Saúde”, afirmou Villa Nova.
O ex-secretário disse que deixa para Lourenço o começo de uma mudança e espera que ele continue com os projetos, “principalmente a ir atrás de pessoas mais necessitadas”.
De acordo com Villa Nova, o foco dele sempre foi “desenvolver ações de promoção e prevenção à saúde para toda a população, mas dando sempre prioridade às pessoas com maior vulnerabilidade social, que são as que irão desenvolver doenças que gerarão maiores gastos dos recursos destinados à Saúde”.
“Não me arrependo de ter assumido e nem de ter saído. Eu saí de lá outra pessoa, com outra visão. Hoje, profissionalmente e pessoalmente, eu me sinto, eu sou uma pessoa muito melhor do que quando entrei”.
No entanto, reiterou: “Não poderia continuar à frente da secretaria sem a autonomia necessária para escolher a minha equipe de trabalho, bem como desenvolver as ações necessárias para o benefício coletivo, pois este deve ser o foco da saúde pública, e não benefício de poucos.”
“Se eu continuasse no cargo, estaria indo contra os meus ideais e princípios, o que me levou a aceitar a ser o gestor da Saúde de Tatuí”, concluiu Villa Nova.