Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
Frase do dia: De que argila foste feito/ Canto cântaro de amor? (Paulo Bomfim, poema “Canto Cântaro”)
Paulo Bomfim, o príncipe dos poetas brasileiros, nunca se definiu por nenhuma escola, nenhum estilo, seja o romântico, o moderno, o clássico, o parnasiano. Ele era ele. Barco que navegava por todas as escolas, cruzando oceanos poéticos, sem parar em nenhum porto.
Fez muitas poesias modernas, mas escreveu muitos sonetos, no mais clássico dos estilos. Aliás, tem um livro intitulado “Sonetos”, com belíssimas poesias, que o nosso leitor pode conferir no site oficial do poeta, nascido em 1926 e que passou sua longa vida espalhando flores poéticas pelas almas.
Faleceu aos 92 anos de idade, no dia 7 de julho de 2019 – e até o fim da vida conservou o mesmo espírito alegre e generoso, como quando fui vê-lo na festa de seus 90 anos, em São Paulo.
Neste artigo, quero compartilhar com os leitores um soneto que dediquei a ele, em nosso livro “Vida em Versos”, que pretendemos lançar brevemente em Tatuí, junto com a peça teatral que escrevemos baseada no livro “História Secreta do Brasil”, de Cláudia Bernhardt Pacheco, a quem também dediquei o poema “Luzir do Quinto Império”.
Ciranda
A Paulo Bomfim
Eu quis fazer um sinete
Que badalasse em soneto
Quis cavalgar um ginete
De versos em um coreto
Em cada relincho seu
E nas repicadas do sino
Quis ser um novo Romeu
Cirandando qual menino
Verso e homem, sem reverso
Distante do mundo inverso
Quis sonhar um sonho novo
Cavalgando no Universo
O meu ginete de versos
Levando junto meu povo.
Obrigado, Paulo Bomfim, por sua poesia e por sua vida! Como o outro Paulo (Setúbal), a quem também dedicamos um soneto em nosso livro, você ficará para sempre alimentando de beleza, verdade e doçura todas as gerações vindouras.
Gostaria de terminar este artigo com uma frase lapidar, de sua autoria, que, na nossa opinião, dedicou ao amor em seu sentido amplo, de amor pela vida, pelo próximo, por tudo o que existe e pelo próprio Criador.
“Só amando nos renovamos. O êxtase é a única linguagem comum a todo o infinito. É o alimento do efémero e do eterno. Através do amor o humano se diviniza e o divino se humaniza.”
Até logo.