Varíola dos macacos (monkey pox)

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp 34708 *

A varíola dos macacos é uma doença atualmente tratada como uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Abaixo, em cinco pontos, veja um resumo sobre o que é a doença, os sintomas, formas de transmissão, prevenção, tratamentos e vacina.

EUA declaram emergência de saúde por causa da varíola dos macacos. SP registra varíola dos macacos em crianças e grávidas: “Todos são passíveis de contaminação”, diz secretário.

1 – O que é?

É uma zoonose viral: uma doença que foi transmitida aos humanos a partir e um vírus que circula entre animais. Antes do atual surto, ocorria principalmente na África Central e Ocidental, sobretudo em regiões perto de florestas, pois os hospedeiros são roedores e macacos.

É causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana. A varíola humana, no entanto, foi erradicada do mundo em 1980, e era muito mais letal. A taxa de letalidade histórica da varíola dos macacos, antes do atual surto, era considerada na faixa de 3% a 6%.

O primeiro caso foi detectado em humanos em 1970. As complicações são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico. Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.

2 – Sintomas clássicos

Os sintomas mais clássicos associados à varíola dos macacos são: febre, dor de cabeça e dores no corpo, dor nas costas, calafrios, cansaço, feridas na pele (erupções cutâneas) e gânglios inchados (que comumente precedem a erupção característica da doença).

As erupções na pele passam por diferentes fases. Elas começam vermelhas e sem volume; depois, ganham volume e bolhas, antes de formar as cascas. Essas feridas são diferentes das vistas na catapora, sarna, sífilis, herpes e outras doenças.

“Vimos manifestações de varíola do macaco que são leves e, às vezes, limitadas apenas a algumas áreas do corpo, o que difere da manifestação clássica vista em países endêmicos da África Central Ocidental”, disse.

Segundo a diretora dos CDC, os casos atuais nem sempre apresentam sintomas associados à gripe. “É importante notar que os casos de varíola podem ter semelhanças com algumas infecções sexualmente transmissíveis”, como herpes, “e podem ser confundidos com outros diagnósticos”, disse.

3 – Transmissão

A varíola dos macacos é transmitida, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de: contato próximo com as lesões de pele, por secreções respiratórias ou objetos usados por uma pessoa que está infectada.

Ao contrário da Covid, em que há transmissão pelo ar através de pequenas gotículas suspensas, o entendimento atual em relação à varíola dos macacos é que o vírus causador da doença se espalha pelo contato próximo com uma pessoa infectada, que pode passar o vírus pelas lesões características na pele ou por gotículas grandes espalhadas expelidas pelo sistema respiratório, como os presentes nos espirros.

4 – Prevenção

O uso de máscaras, o distanciamento e a higienização das mãos são formas de evitar o contágio pela varíola dos macacos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou a adoção dessas medidas, frisando que elas também servem para proteger contra a Covid-19.

Considerando que os dados iniciais mostraram que o maior número de casos notificados estava concentrado no grupo de homens que fazem sexo com outros homens, o diretor da OMS aconselhou que este público deve considerar a redução, neste momento, do número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição. Não há confirmação de transmissão via fluidos sexuais, como o sêmen.

“Não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST) até esse momento porque não foi provada essa transmissão por fluido sexual, segundo o setor de epidemiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Por outro lado, a própria OMS admitiu que a intimidade prolongada durante o sexo parece ser a condição principal que facilita a transmissão da varíola dos macacos durante o sexo. De acordo com a líder técnica da OMS para a doença, Rosamund Lewis, é essencial que a população entenda que todos podem, eventualmente, contrair a doença.

“Apesar de as agências de saúde estarem compartilhando que um grupo é o mais acometido neste momento, é muito importante que todos nós entendamos que qualquer um de nós está em risco. Precisamos de informações sobre como esse grupo pode proteger a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, qualquer um está exposto”, esclarece Lewis.

5 – Tratamento

A doença geralmente se resolve sozinha (é autolimitada) e os sintomas costumam durar de duas a quatro semanas. Não há tratamentos específicos para infecções por vírus da varíola dos macacos, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

No entanto, o vírus da varíola dos macacos e o da varíola são geneticamente semelhantes, o que significa que medicamentos e vacinas para se proteger da varíola também podem ser usados ​​para prevenir e tratar a varíola dos macacos.

6 – Vacina

A doença ainda não tem uma vacina específica, mas três vacinas contra a varíola humana podem ser usadas contra a varíola dos macacos. Dados iniciais apontam que o imunizante produzido pela Bavarian Nordic tem efetividade de 85% contra a varíola dos macacos.

Ainda não há vacina disponível no Brasil: o Ministério da Saúde informou que “articula com a OMS as tratativas para aquisição da vacina Monkeypox”. A pasta também disse que a OMS “coordena junto ao fabricante, de forma global, ampliar o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença”.

Fontes: Instituto Butantan; Organização das Nações Unidas (ONU) – Escritório Brasil ONU News.

* Título de especialista em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria; diretor cínico da Clínica de Vacinação de Tatuí – Sou Doutor Cevac “Dr. Jorge Sidnei”.