Volta da Festa da Caridade atrai multidão

Festividade no Lar S. Vicente contou com a colaboração de pessoas de todas as idades

Festividade teve início às 9h, com celebração de missa na Praça da Matriz (foto: Fábio Morgado Rotta)
Da reportagem

Após paralisação de dois anos, na quinta-feira, 16, feriado de Corpus Christi, o Lar São Vicente de Paulo de Tatuí promoveu mais uma tradicional Festa da Caridade, então em sua 92ª edição.

A festividade teve início às 9h, com celebração de missa na Praça da Matriz, com as participações do bispo diocesano de Itapetininga (SP), dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, e do padre Élcio Roberto de Góes, reitor da Basílica Nossa Senhora da Conceição (Igreja Matriz).

Em seguida, a procissão do Santíssimo Sacramento saiu da Praça da Matriz, percorreu a rua Juvenal de Campos até a avenida Coronel Firmo Viera de Camargo e terminou na rua Santa Terezinha, em frente ao Lar.

Após a programação religiosa, teve início a parte recreativa, que aconteceu das 9h30 às 19h. Neste ano, cerca de 800 voluntários trabalharam no evento, que faz parte do calendário turístico da cidade.

“A festa foi bem animada. É um momento de confraternização, além de ser rentável. Logo pela manhã, as pessoas estavam participando ativamente, aproveitando os atrativos e saboreando os quitutes que foram preparados com todo o carinho pelos voluntários, sempre zelosos”, comentou o presidente do Lar, Miguel Nunes Júnior.

A praça de alimentação contou com barracas de lanche de pernil e linguiça, produtos de milho-verde, churrasco, acarajé, bolinhos de frango e de bacalhau, cone de batata frita, mandioca frita, hambúrguer, pastel, pizza, bolos, doces e bebidas. Além disso, acrescentou comidas típicas das festas juninas como opção aos visitantes.

O evento ainda contou com espaço kids, oferecendo um parque com brinquedos e atrações exclusivas para crianças. Nas duas tendas montadas, o público assistiu shows de música sertaneja e participou do tradicional leilão de animais.

Ainda conforme o presidente, a festa é a terceira maior fonte de renda da instituição, sendo responsável por suprir um déficit mensal de, aproximadamente, R$ 25 mil.

O balanço total da Festa da Caridade deve ser calculado até o final da semana que vem.  Segundo Nunes Júnior, após a apuração do valor arrecadado, será feita uma análise pela qual se decidirá o destino do dinheiro.

“Há pouco tempo, o prédio do Lar passou por uma grande reforma. Estamos finalizando os pagamentos e tomando todos os cuidados necessários com a aplicação da verba”, acrescentou.

De acordo com Nunes Júnior, desde março, a direção do Lar está se reunindo para a organização da festa. No momento, 34 coletivos diferentes se mobilizam para o evento.

O presidente destacou que trabalhar de forma antecipada ajuda a reunir mais voluntários e arrecadar os produtos a serem usados. A intenção é reduzir as despesas e aumentar a receita da festa.

A conselheira do Lar Célia Maria Oliveira Holtz pontuou terem sido realizadas reuniões junto à Secretaria Municipal de Saúde e ao setor de epidemiologia da cidade. O intuito foi chegar a um consenso sobre a realização da festa e os cuidados necessários.

“Tudo foi pensado no bem-estar dos moradores, por conta da pandemia. Os cuidados são muito grandes, já que são pessoas que têm idade avançada e comorbidades”, enfatizou Célia.

Segundo ela, os moradores ainda não podem receber a visita dos parentes, por conta de restrições em razão da Covid-19. “Eles conversam com seus familiares por um telão, ao vivo”, contou.

Para ela, o dia ensolarado e o clima contagiante coroaram o trabalho em conjunto com os envolvidos na elaboração e consolidação da festa.

Neste ano, redobrando os cuidados com os idosos, a área de convívio e os dormitórios dos internos não foram acessados pela população. Porém, os internos participaram da festa e interagiram com o público através de um espaço fechado, no jardim.

Atualmente, o Lar abriga 63 idosos permanentemente e possui 45 funcionários, sendo três trabalhando no setor administrativo, três na cozinha, seis na limpeza e os demais cuidando diretamente dos moradores.

Além disso, nas atividades diárias, o asilo conta com voluntários que prestam serviços em diversos setores, como auxiliares de cozinha, barbeiros, manicures, horteiros, massoterapeutas, oficineiros e em outras atividades

Festa do Asilo retorna com grande público e anima organizadores (foto: Fábio Morgado Rotta)

Na pandemia, o asilo de Tatuí não registrou nenhum óbito por Covid-19. Para Nunes Júnior, “isso se deve, também, ao trabalho das madres. Elas acreditam muito na providência, e eu não posso deixar de crer que Deus foi muito providente nesse período com todos aqui do Lar”, declarou Nunes Júnior.

A moradora Gracinda Afonso Fernandes, 96, conversou com a reportagem de O Progresso de Tatuí. Nascida em Portugal, Gracinda veio para o Brasil em 1948, um ano após o término da Segunda Guerra Mundial. Viveu grande parte da vida na cidade de São Paulo e, há 13 anos, é moradora do Lar.

“Hoje é um momento de alegria para nós. Eu estava ansiosa pela volta da festa. É lindo ver as pessoas felizes e passeando por aqui. Estava sentindo a falta desta movimentação. Só lamento não poder ficar junto aos visitantes, mas isso é necessário ainda”, comentou Gracinda.

Ela contou que, ao ingressar no Lar, integrou a equipe da cozinha durante nove meses, principalmente para ajudar no preparo de saladas. Depois, passou a contribuir na confecção do café da manhã, junto com os funcionários.

“Antigamente, havia mais moradores no Lar. Era uma correria. Eu adorava ajudar. Hoje, não posso mais, por conta das minhas limitações físicas”, contou Gracinda.

‘Turistas’

Procissão sai da Praça da Matriz com destino ao Lar São Vicente (foto: Fábio Morgado Rotta)

A festa atraiu pessoas de diversas cidades, como Capela do Alto, Cesário Lange, Guareí, Iperó, Pereiras, Porangaba, Quadra e Torre de Pedr. De São Paulo, entre ouros tantos, esteve o arquiteto José Gomes Freitas, que veio passar o feriado prolongado na chácara de um cunhado, no bairro Água Branca, zona rural.

“Minha família e eu adoramos vir para Tatuí. Desta vez, coincidiu de chegarmos no dia da festa. Gostei do clima familiar e do objetivo da festividade”, comentou Freitas. O paulistano elogiou também os comes e bebes. “O bolinho de frango, tradicional da cidade, estava uma delícia. Notei como o preparo foi feito com esmero pelas pessoas. Se Deus quiser, estaremos na festa do ano que vem”, celebrou Freitas.

Para o secretário municipal da Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Sinisgalli, a Festa da Caridade consolida como o retorno dos eventos é importante para a economia local.

“São festejos que agregam e geram empregos, desenvolvimentos direto e indiretamente, que mexem na cadeia de produtos, serviços e, acima de tudo, no de turismo”, complementou.

“Fico muito contente com o empenho que foi dado. O resultado é este que vimos: público gigante prestigiando, se divertindo em prol de uma ação nobre”, completou Sinisgalli.