Da reportagem
A celebração da missa de instalação canônica da Basílica Nossa Senhora da Conceição, em Tatuí, será realizada no próximo dia 21 (feriado de Tiradentes). Com início às 16h, a celebração eucarística marcará oficialmente a elevação da igreja e poderá receber mais de mil pessoas, segundo a organização.
Com a elevação, a Igreja Matriz de Tatuí se tornará a 74ª Basílica Menor do Brasil, 22ª do estado de São Paulo e a segunda da Diocese de Itapetininga, juntamente com a Basílica de São Miguel Arcanjo, na cidade homônima, que conquistou a elevação em 2018.
De acordo com o reitor da basílica, padre Élcio Roberto de Góes, diferentemente das outras celebrações do calendário católico, essa missa tem um roteiro diferenciado. A particularidade ocorre, principalmente, nos momentos iniciais, quando os bispos presentes serão recepcionados pelo prefeito de Tatuí, Miguel Lopes Cardoso Júnior, e pelo reitor, nos arredores da Igreja.
“Lá, eles acompanharão o hasteamento das bandeiras do Pavilhão Nacional e do Vaticano – sob o som da Banda do Batalhão de Polícia Militar de Sorocaba –, e farão uma entrada solene no templo, com um breve momento de oração na Capela do Santíssimo Sacramento. A reza se findará com uma oferta de flores à imagem de Nossa Senhora da Conceição – conhecida no município como a ilustre Padroeira dos tatuianos”, explica o padre.
De acordo com a organização da cerimônia, mais de mil pessoas devem estar presentes na basílica para a missa, entre autoridades religiosas, civis, militares, além dos fiéis, que para melhor serem acomodados, terão um espaço amplo no exterior do templo para acompanhar a celebração, com cadeiras e telão.
Durante o rito, será apresentado o “Decreto Pontifício”, documento no qual constam as motivações que fundamentaram a concessão do título de Basílica Menor à igreja. Haverá apresentação também da outorga do Papa Francisco, por meio da “Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos”, que dispõe sobre os privilégios e as obrigações inerentes a este título.
Além disso, serão acolhidas as insígnias basilicais: Virga Rubra (uma espécie de bastão, revestido de tinta vermelha com decorações e ponteiro em prata); Tintinábulo (espécie de estandarte com um pequeno sino); e Umbela Basilical ou Conopeu Basilical (um tipo de guarda-sol, usado sempre semiaberto e possui as cores do Vaticano, o brasão do papa, o brasão do bispo, o brasão da Diocese, o brasão do reitor da época da eleição e a bandeira do município onde está instalada a Basílica).
A missa de instalação da basílica será presidida por Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, bispo de Itapetininga. O momento histórico acontece durante as comemorações de 200 anos de existência da igreja, fundada em 1822, antes mesmo da própria cidade de Tatuí.
A elevação
Conforme Góes, o processo de elevação foi sugerido em reunião entre os padres das comunidades tatuianas e o bispo da diocese de Itapetininga, dom Gorgônio, e teve início em fevereiro de 2020.
Na ocasião, foram encaminhadas duas cartas, uma à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a outra ao prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, cardeal Robert Sarah.
O parecer favorável da presidência da CNBB chegou à diocese de Itapetininga em 11 de maio de 2020, em carta assinada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em Minas Gerais, dom Walmor Oliveira de Azevedo.
A partir da autorização da CNBB, a diocese e a paróquia começaram a montar um processo completo, com fotos da igreja, histórico e arquitetura detalhada do templo religioso para enviar ao Vaticano.
Já o Vaticano autorizou o processo de análise e enviou o questionário ao bispo diocesano no dia 12 de junho, em carta assinada por dom Arthur Roche, arcebispo secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, quando a paróquia iniciou nova fase na busca pela elevação.
Uma comissão formada por lideranças paroquiais ficou responsável pelo preenchimento do material e, por meio dos dados apresentados, a Santa Sé definiu que o santuário atendeu aos requisitos necessários para ser elevado.
A primeira reunião da comissão ocorreu no dia 24 de agosto, com participação do padre Márcio Almeida, reitor da Basílica de São Miguel Arcanjo, primeira igreja elevada à basílica na diocese de Itapetininga.
O reitor orientou os membros da comissão sobre os passos necessários para a composição do questionário e às etapas seguintes dentro do processo de solicitação de elevação da igreja a basílica.
A comissão foi dividida por membros responsáveis pelo levantamento das fotografias, planta baixa, relatório da vida pastoral, material litúrgico, imagens dos santos, brasões, histórico, vida litúrgica e financeira.
A documentação exigida para o processo de concessão foi reunida e, depois de pronta, entregue ao Vaticano pelo paroquiano Leonardo Costa de Camargo Barros, que esteve em Roma em agosto de 2021.
Barros participou de reunião com o secretário ecônomo da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano, dom Salvatore, no dia 23 de agosto, na qual entregou um questionário respondido pela paróquia e um processo completo do local, com fotos, histórico e arquitetura detalhada do templo religioso.
No Vaticano, o paroquiano ainda participou de audiência pública com o papa Francisco e entregou ao pontífice uma cópia resumida do relatório sobre o processo de elevação canônica, além de uma pasta personalizada do Santuário Nossa Senhora da Conceição, de Tatuí.
Depois de quase dois anos de espera, o santuário recebeu a notícia da elevação à basílica menor, justamente na semana em que iniciou a programação dos 200 anos de fundação no município.
O evento teve abertura no dia 3 de janeiro, com a Missa da Solenidade de Epifania do Senhor, celebrada pelo bispo diocesano dom Gorgônio e pelo padre Élcio de Góes.
A elevação ao título de basílica menor traz mudanças na estrutura física e espiritual do templo religioso, “em virtude das muitas graças que uma basílica pode conceder aos fiéis”.
“Espiritualmente, a basílica passa a ser uma Igreja de comunhão mais ampla, mais próxima ao Vaticano. Além disso, passa a ter elementos próprios de uma basílica – que nos remetem à figura do papa e são próprias dessas igrejas”, explicou o reitor.
“Ela também passa a oferecer graças especiais, como as indulgências plenárias em seis datas ao ano, tudo isso próprio de uma basílica. Além de se tornar referência de beleza, arquitetura e, principalmente, de uma vida litúrgica vivida a partir dos ensinamentos da igreja”, completou.
História
O templo religioso foi tombado por decreto municipal em junho de 2007. O prédio é um patrimônio histórico que preserva detalhes arquitetônicos do século 19 e possui afrescos pintados pelo artista plástico piracicabano Mário Tomazzi.
A pedra fundamental do prédio, que tem porte e estilo de catedral, foi instalada no dia 9 de agosto de 1884, sendo a primeira obra da cidade a utilizar tijolos cerâmicos.
Para a construção do edifício central – já com dois pavimentos – e das duas torres de 30 metros de altura cada, foram gastos 550 mil tijolos, 355 carradas (cargas de um carro) de pedra e 8.000 sacas de cal.
O templo foi eleito, em 8 de dezembro de 2006, patrimônio histórico e cultural da cidade e, em 2007, com o tombamento, passou a integrar o conjunto de prédios históricos do município.
Já em dezembro de 2009, na comemoração dos 180 anos, a pedido do padre Milton de Campos Rocha, a diocese de Itapetininga elevou a paróquia ao título de santuário.