A Opinião dos Outros!

RAUL VALLERINE

Isto é a liberdade: sentir o que o seu coração deseja, independente da opinião dos outros.

Paulo Coelho

O medo da opinião dos outros é a primeira barreira inibidora da vida. Deixamos de cuidar da nossa autoestima, perdemos o gosto pela liberdade e, muitas vezes, o seu efeito é paralisante

Já foi aqui falado que somos movidos pelo desejo de agradar. E nesse exercício qual é o nosso termômetro? A opinião dos outros.

Importamo-nos muito com que os outros pensam sobre nós. Se não há uma opinião favorável sobre nós não somos aceitos, amados, admirados. E pior, somos rejeitados pelos outros. E quem são esses outros? Geralmente são aqueles que admiramos.

Experimentamos o bem e o mal da opinião dos outros desde cedo. Mas incrivelmente, nunca chegamos a ser experientes. Uma criança no jardim de infância lamenta que o amigo não queira brincar com ela. O adolescente sofre e carrega o trauma de não fazer parte do grupo dos populares para a vida adulta.

Nessa luta, há várias formas de confronto. Há quem lance mão do prático-racional “não estou aí”, “ninguém paga as minhas contas”. Os duros na queda dizem simplesmente que “não se importam com os outros”. Parece uma solução, ocorre que não é verdade. A vida é com o outro, tudo o que fazemos caminha em direção ao outro. Pensamos, agimos, reagimos, refletimos, compartilhamos, tudo com o outro.

Mesmo Nietzsche que tinha uma real consciência da sua grandiosidade, sabia dos seus muitos níveis acima do cidadão comum e tinha um longo caminho percorrido em direção a si mesmo, ansiava pelo olhar dos outros.

Sócrates, convicto de que sua missão era fazer o outro refletir sobre a vida, teve de escolher entre parar de falar aos outros sobre filosofia, sair de Atenas ou tomar cicuta. A primeira opção ele rejeitaria a si mesmo, a segunda ele teria de rejeitar os outros. Optou pela cicuta.

Todos nós em maior ou menor grau sofremos com a opinião dos outros. O que fazer? Vigilância e autoanálise. Devemos estar muito atentos sobre quem está no comando.

Não abra mão do seu protagonismo. Seja o roteirista da sua vida. Adquira o hábito de separar muito bem quais são as suas palavras e quais são as dos outros. Principalmente quando essas palavras são contra nós. A opinião dos outros é a dos outros mesmos. Não são suas e muitas vezes, estão longe da verdade.

Muitas vezes a opinião dos outros sobre nós, diz mais sobre o outro do que sobre nós. Porque uma apreciação negativa pode ter origem no passado do outro ou mesmo no seu momento presente.

Que isenção podemos esperar de alguém que está inseguro, estressado ou de mal com a vida? Há quem espere apenas uma brecha para despejar o seu arsenal de frustrações. Saia da mira.

E, claro, devemos escutar o outro, mas com discernimento. Primeiro avalie se a opinião do outro soma, se é possível aprender alguma coisa com ela. Para isso, reveja os seus objetivos, suas necessidades e as suas buscas.

Não perca de vista o seu caminho. Colha o que estiver alinhado com o que você deseja e descarte o que não contribui para a sua causa. E sobretudo, fuja daqueles que com seus medos e traumas diminuem a sua força. Posto isso, entre medos e traumas fique apenas com os seus.

A partir de agora, depois de todas essas precauções, as sensações de insegurança e a rejeição passarão longe de você? Não.

A rejeição sempre chega. E esse é mais um motivo para que você não dê a esse tópico excessiva importância. Haverá sempre rejeição. Não leve os outros muito à sério.

Esperar harmonia e aceitação constantes é frustrante e nos transformam em pessoas reativas. Nós podemos desenvolver e fortificar o nosso autoconhecimento em qualquer época da vida. Logo que você desenvolver essa percepção interior, descobrirá o que é capaz de realizar.