Da reportagem
A exposição “Barbie Negra — O Poder da Representatividade”, de Rafaele Breves, estará disponível para visitação de 9 a 30 de março no Museu Histórico “Paulo Setúbal”. No Dia Internacional da Mulher, 8, às 19h30 acontece a abertura, com o bate-papo “Mulheres e suas Pluralidades”.
O evento é parte da programação cultural em homenagem ao “Mês da Mulher”, organizada pela prefeitura de Tatuí, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, e terá entrada franca, seguindo todos os protocolos sanitários de combate à Covid-19.
O Museu Histórico “Paulo Setúbal” está aberto à visitação das 9h às 17h de terça-feira a domingo. E está situado na praça Manoel Guedes, 98, centro.
Rafaele conta que a mostra é uma forma que encontrou para homenagear meninas e mulheres, pois, apesar de se tratar de uma exposição de brinquedos, ela tem o intuito de atingir o público de todas as idades.
Nascida e criada em Tatuí, ela é atriz formada pelo Conservatório, jornalista pela Universidade de Sorocaba e gestora pública pela Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), além de capoeirista e youtuber. Dentre essas atividades, ela informa sempre ter muito contato com a cultura e o ativismo negro.
Assim, “com paixão e fascínio pela boneca Barbie desde a infância”, Rafaele só foi adquirir a primeira boneca negra aos dez anos – na época, uma edição especial das Spice Girls, tendo a Barbie como uma representação da cantora negra Melanie C.
Não ter acesso fácil às bonecas negras que se parecessem com ela e não se sentir representada na estética das Barbies “padrão” durante a infância foram os motivos que a motivaram a iniciar a coleção.
Em 2017, ela comprou a primeira boneca, que hoje faz parte de um acervo com mais de 60 exemplares raros e edições limitadas de Barbies, todas negras. Esse acervo é o que será exposto do museu durante o Mês da Mulher.
Depois da própria experiência com representatividade, a artista viu necessidade em tornar isso acessível ao público e se motivou para expor a coleção. Já que, conta, quando pequena não teve acesso a tantas bonecas que a “representassem de forma eficaz”.
Por isso, ela acredita que expor os exemplares é, também, mostrar possibilidades para outras crianças negras, “algo essencial para o processo de identificação e aceitação na infância”, sustenta.
“Se uma criança olhar para minha exposição e ficar feliz, se sentir representada, já vai ter valido a pena. Meu propósito, com esse projeto, é que as crianças de agora não passem por aquilo que passei; elas podem ser aquilo que quiserem, inclusive, a boneca mais famosa do mundo”, destaca.
Agora, possuindo uma das maiores coleções de Barbies negras do Brasil, Rafaele também gera outros conteúdos a partir da coleção. Além da exposição, ela possui um canal no Youtube e um Instagram desde o ano passado, intitulado “Minha Barbie Negra”, somando cerca de 30 mil visualizações e em torno de 500 seguidores no Instagram.
Nele, Rafaela fala sobre representatividade e diversidade em brinquedos e como isso eleva a autoestima das crianças negras. Não só isso, também relata um pouco sobre o processo de garimpo e compra das edições raras e limitadas das bonecas.
Ela destaca os vídeos sobre suas edições especiais da Barbie em homenagem a Rosa Parks, Maya Angelou, Barbie Brasil, versão que representa mulheres baianas e outras tantas de personalidades negras de relevo.
Todas essas versões estarão disponíveis na exposição, entre elas, um exemplar original da primeira Barbie negra lançada no mundo, criado em 1980 pela estilista negra Kitty Black Perkins. Com longo vestido vermelho, cabelos e adereços de inspiração étnica, ela promete ser um dos destaques da exposição.
Para ficar por dentro de todos esses detalhes sobre as bonecas, é possível ter acesso a quatro visitas guiadas com bate-papo direcionado a crianças e adolescentes, que também acontecerá no Museu.