Para não acontecer novo surto de dengue em Tatuí

Entre as situações difíceis enfrentadas pelo planeta há cerca de um ano, algumas tiveram avanços positivos, com relevo para a diminuição das mortes por Covid-19, a despeito do aumento de contaminações em virtude da variante ômicron

A guerra contra a doença ainda deve durar décadas, mas o menor número de vidas perdidas indica a vitória de uma batalha a cada dia. E isto, sem qualquer dúvida, tendo a vacinação como a maior arma.

Em meio aos ciclos de aceleração e arrefecimento dos contágios em termos globais, espelhados em Tatuí, a cidade enfrentou outro grande desafio, cujo início aconteceu há exatamente um ano: um surto inédito de dengue, que acabou por atingir dezenas de milhares de moradores.

Com a chegada das temperaturas mais amenas, as contaminações diminuíram e, há algumas semanas, atingiram um patamar interpretado pelas autoridades da área de saúde como contidas, sem representarem perigo maior.

Obviamente, isto é positivo e garante certo alívio entre as tantas outras dificuldades a persistir na rotina de quase todos. Por outro lado, impõe uma responsabilidade ainda maior à população, a qual, se não levada a sério, pode redundar na retomada de um imenso problema já hipoteticamente superado.

A questão figurou recentes discussões promovidas pela municipalidade e deve repercutir-se em ações práticas junto à população durante todo o verão, pelo menos. No momento, contudo, o alerta é ainda maior, devido ao Carnaval.

Por certo, diferentemente deste ano, quando os cofrinhos domésticos da população em geral encontravam-se mais cheios, o fluxo de viajantes durante a farra de Momo era maior.

Já neste 2022, deve ser bem mais modesto, com tanta perda de empregos e negócios, além da pandemia, que ainda não acabou – como não paramos de acentuar.

Mesmo assim, muitas residências podem ficar vazias por vários dias, virtualmente à mercê do Aedes Aegypt, o pequeno vampiro transmissor da dengue. Portanto, é fundamental ter “medo” dele e, assim, tomar atitude.

Ciente acerca do problema, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Setor de Combate à Dengue, divulgou nesta semana um alerta com recomendações contra possíveis criadouros do mosquito.

O alerta serve, principalmente, para quem programou viagem durante o Carnaval. “Isso porque as pessoas viajam no período, ficam um tempo fora, há o período de chuvas e pouca atenção é dada aos controles dos criadouros, fazendo, assim, proliferar os focos de dengue”, divulgou o órgão em comunicado à imprensa.

Conforme o ministério da Saúde, o ciclo de reprodução do mosquito pode levar de cinco a dez dias. “Por isso, mesmo em uma viagem curta, é preciso estar atento à eliminação dos possíveis criadouros”, reforça a nota.

O principal pedido, assim como em qualquer época do ano, é para que os moradores façam uma vistoria buscando eliminar os recipientes que possam acumular água parada e servir como criadouros do mosquito.

Em entrevista ao jornal O Progresso de Tatuí no começo deste ano, a coordenadora do setor de Combate à Dengue, Juliana Aparecida de Camargo da Costa, apontou que qualquer recipiente esquecido no quintal pode facilmente se tornar um foco.

Ela acentuou também ser necessário verificar se a caixa d’água está vedada, as calhas totalmente limpas, pneus sem água e em lugares cobertos, garrafas e baldes vazios e com a boca virada para baixo, entre outras ações para evitar o nascimento do mosquito.

Conforme a assessoria de comunicação da prefeitura, outra situação que levou o município ao alerta é o número de larvas encontradas já neste ano.

Segundo o Setor de Combate à Dengue, no mês de janeiro, foi registrado em Tatuí grande número de larvas do mosquito, principalmente na periferia da cidade. As amostras foram encaminhadas para a Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen-SP), para análise.

Por sua vez, apontando o aspecto positivo, a Vigilância Epidemiológica divulgou, no dia 15, que Tatuí havia completado 12 semanas consecutivas sem casos positivos de dengue.

Até então, balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde mostrava que a última confirmação da doença acontecera no dia 30 de novembro do ano passado.

Em 2021, a cidade viveu o pior ano em relação ao número de contaminações por dengue, com mais de 20,5 mil casos. Somente nos primeiros 20 dias de janeiro, a cidade já havia positivado 53 exames, terminando o mês com 195 casos.

Para prevenir um novo surto, a Sala de Situação de Controle e Combate à Dengue se reuniu novamente, no começo do mês de fevereiro, para discutir estratégias. O encontro contou com representantes da Sucen e de várias secretarias municipais.

Segundo a prefeitura, algumas ações já estão acontecendo e devem ser intensificadas nos próximos dias, como as visitas em imóveis, os controles de criadouros, nebulizações e visitas em pontos estratégicos (ferros-velhos, cooperativas de reciclagem e outros).

A criação das Brigadas de Combate ao Mosquito Aedes Aegypti, que têm a missão de executar vistorias em locais previamente estipulados, de acordo com o “mapa de risco” de cada prédio pertencente às Secretarias Municipais da Saúde, de Obras e Infraestrutura e da Educação, também está em funcionamento.

O objetivo da ação é “formar agentes multiplicadores neste trabalho tão importante de eliminação dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti”, conforme a prefeitura. As brigadas foram treinadas pela Sucen e vão formar outros funcionários dos setores para atuarem no combate à dengue.

Outras ações também seguem acontecendo, como a distribuição de panfletos sobre os sintomas da dengue e os locais onde podem surgir possíveis criadouros do mosquito.

Segundo Juliana, desde julho do ano passado, o setor atua em ações de prevenção. Ela alerta que, apesar do balanço positivo, “é hora de redobrar os esforços no combate ao mosquito para evitar a proliferação de criadouros e novos casos”.

De segunda-feira a sexta-feira, são feitas visitas de rotina nos imóveis e, aos sábados, a visita é de retorno aos que estavam fechados durante a semana, com o objetivo de detectar e eliminar os criadouros do Aedes Aegypti.

Além disso, terá início nos próximos dias a aplicação de inseticida em pontos estratégicos de Tatuí. Isso será feito por meio de agentes de uma empresa terceirizada e especialista no assunto.

O Setor de Combate à Dengue também salienta que as denúncias sobre possíveis criadouros do mosquito podem ser esclarecidas e/ou informadas junto à ouvidoria municipal.

O atendimento pode ser presencial (à rua João Ortiz de Camargo, 594, centro, antiga sede da Secretaria de Saúde), de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17, ou pelos telefones (15) 3251-3576 e 0800-770-0665.

Além das autoridades da área, cabe à população, portanto, colaborar efetivamente. Há informação, há meios para denúncias e há necessidade. Só não pode faltar atitude.