Da reportagem
Por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a prefeitura inaugurou na tarde desta sexta-feira, 22, de forma oficial, a nova unidade do Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) “Dr. Rodolfo Enrique Postigo Castro”, na vila Paulina.
A cerimônia de inauguração teve a presença do prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior; da secretária da Saúde, Tirza Luiza de Melo Meira Martins; da diretora da Raps, Cíntia Scaglioni; funcionários da nova unidade, vereadores e secretários municipais de outras pastas, além da família do homenageado.
O espaço está em funcionamento desde maio deste ano e atende, em média, 50 pacientes por dia, que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. Segundo anunciado na inauguração, a unidade “permite o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua”.
A secretária da Saúde explicou que o Caps-AD é um serviço de saúde pública de atenção diária, que compõe a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) da prefeitura.
De acordo com as premissas da reforma psiquiátrica, ele não é voltado somente para tratar os usuários em relação ao uso de drogas, mas para “inseri-los de volta na sociedade”.
“O Caps propõe a quebra do modelo de cuidado tradicional, alterando a maneira de lidar com o sofrimento mental e as determinantes. O cuidado aos usuários passa a ser prestado nesses serviços de lógica comunitária, visando à atuação no próprio território de cobertura e ampliando o processo de cuidado aos familiares e as questões de âmbito social”, explica a diretora da Raps.
Em discurso, Cíntia frisou que a unidade era um sonho dos profissionais que trabalham com a saúde mental e, também, dos usuários do Caps, em tratamento pela dependência de álcool e drogas.
“Quando foi inaugurado o Caps II, em 2015, passamos a oferecer atendimento para pacientes em intenso sofrimento psíquico e dependentes químicos”, apontou.
“Com o passar dos anos, com o aumento da população e dos pacientes, sentimos a necessidade de separar os serviços, oferecendo atendimento específico para os dependentes e para a psiquiatria”, argumentou a diretora da Raps.
A nova unidade do Caps-AD tem uma equipe multiprofissional, composta por educadores físicos, médicos psiquiatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
O Centro de Atenção Psicossocial trabalha com o sistema “portas abertas”, em que basta o usuário chegar até a unidade para ser atendido – ou seja, não é necessário ter uma guia de encaminhamento médico de outras unidades de saúde.
Além disso, é realizada a busca ativa, pela própria equipe técnica. Após ser acolhido pelos profissionais, o usuário recebe um Plano Terapêutico Singular (PTS), elaborado pelos técnicos do Caps-AD, em conjunto com o próprio paciente, com diretrizes que melhor atendam às necessidades dele.
O atendimento é dividido em quatro etapas: acolhimento, avaliação e classificação da gravidade; elaboração do projeto terapêutico individual; gerenciamento de caso e encaminhamentos; e tratamento de acordo com o projeto terapêutico.
A nova unidade do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas está situada na rua Benedito Pereira Machado, 450, vila Paulina, travessa da Praça do Carroção, e funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 17h.
A prefeitura ressalta que o Caps já existente na avenida Virgílio Montezzo Filho, 201, bairro Nova Tatuí, deixará de funcionar, dando lugar ao novo Caps-AD da vila Paulina.
A secretária da Saúde informou que o município oferece ainda os serviços do Caps-II (situado na avenida Zilah de Aquino, 1.310, Valinho), exclusivo para pacientes psiquiátricos.
Esse serviço, ainda segundo a prefeitura, substitui “as internações tradicionais por um modelo que favorece o exercício da cidadania, da autonomia e da inclusão social dos usuários e de seus familiares”.
O Caps-II, local aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), atende pessoas com sofrimentos mentais graves e persistentes, principalmente nos momentos de crise.
Para isso, o local oferece diversos recursos terapêuticos, individuais e/ou em grupo, por meio de equipe multiprofissional, realizando o acompanhamento clínico e a “(re)inserção na sociedade”.
Todos os atendidos recebem também o Plano Terapêutico Singular (PTS), que, além do próprio indivíduo, atende à família, “tornando o tratamento mais eficaz”.
“O grande diferencial do método de tratamento do Caps-II é que o indivíduo não necessita do isolamento, tradicional no antigo modelo manicomial”, explica a secretária.
“Nós estamos reestruturando a Raps há alguns anos. Implantamos o Caps-II com foco na saúde mental, logo no início, e tínhamos vários projetos da rede que foram sendo desenvolvidos no decorrer dos anos”, acrescentou.
Segundo ela, a partir de planejamento da secretaria com a prefeitura, surgiram os serviços de residências terapêuticas, os leitos psiquiátricos na Santa Casa de Misericórdia e, agora, o Caps-AD, para complementar a rede.
“Já tínhamos este atendimento no Caps-II, mas vimos a necessidade de ter um instrumento separado para atender esses pacientes dependentes químicos, ajudando essas pessoas no tratamento. Este é um grande dia, é o dia da realização de um sonho”, ressaltou a secretária.
Em discurso, o prefeito também destacou a importância do serviço do Caps-AD para a comunidade e o trabalho prestado pelos funcionários do espaço e de todos da Secretaria de Saúde.
“Podemos dizer que, independente de divergências políticas, nosso objetivo é um só: o bem-estar das pessoas. É para isso que estamos trabalhando, e sou muito grato por poder participar de algo tão grandioso para o nosso município”, declarou Cardoso Júnior.
Homenageado
Na cerimônia, a vereadora Micheli Cristina Tosta Gibin Vaz (PP), autora do projeto de lei que denomina o prédio que abriga o Caps, falou da importância da unidade e leu a biografia do homenageado. A nomeação recebeu aprovação unânime e foi sancionada em setembro deste ano.
Nascido na cidade de Tacna, no Peru, em 1960, Castro ingressou na Faculdade de Medicina de San Agustín, na cidade de Arequipa, aos 16 anos. Em 1988, veio para o Brasil e realizou residência médica em infectologia, adquirindo o título de mestre em doenças tropicais na Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), em Botucatu (SP).
Em 28 anos morando em Tatuí, Castro trabalhou em hospitais e clínicas, como clínico-geral e infectologista, além de ter atuado em empresas e na Vigilância Epidemiológica, órgão da pasta de Saúde. O profissional também atuou na linha de frente do combate à pandemia no município.
Castro foi assassinado em 31 de julho, quando passeava com a família no Guarujá (SP). Ele havia acabado de almoçar e estava na orla da praia quando foi surpreendido por criminosos. A dupla roubou pertences dele e da filha e ainda atirou contra o tatuiano duas vezes.
Ele teve o peito alvejado, chegou a ser socorrido e levado a um pronto-socorro por pessoas que passavam pelo local, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. O caso foi registrado como latrocínio.
Representando a família, a enfermeira Magda Castro, viúva do médico infectologista, disse ter ficado emocionada com a homenagem a agradeceu a aprovação da lei que determinou a nomeação.
“O que mais me deixa feliz é ver que foi colocado o nome do Rodolfo em um lugar tão bonito, e de um serviço tão bonito e que ele admirava. Diversas vezes, em conversas, Rodolfo falava do trabalho realizado por esta equipe. Então, tenho certeza de que ele também está feliz, de onde ele estiver”, concluiu a esposa do homenageado.
A cerimônia de inauguração também contou com apresentação do coral Fênix, formado por pacientes em tratamento no Caps-AD, e foi finalizada com o descerramento da placa inaugural.
