Por infelicíssima coincidência, aconteceu de a prefeita Maria José Vieira de Camargo ter falecido às vésperas de mais um aniversário da cidade, quando costumam ocorrer festividades e apresentadas novas obras – como o fazem todos os gestores em observação aos momentos mais oportunos para levarem a público suas realizações.
O que era para ser motivo de celebração, por conseguinte, acabou redundando em um marco de pesar profundo – mesmo para quem não é parte do entorno da prefeita ou mesmo da área política, mas certamente a quem ainda guarda um mínimo de sensibilidade e humanidade.
E não foram nada poucos os que assim demonstraram seus sentimentos, tanto em grande volume na Igreja Matriz, onde ocorreu o velório, quanto em manifestações diversas e por variados canais. Todos, reconhecendo o trabalho empenhado, produtivo e bem-intencionado de Maria José.
Sim, de forma não necessariamente inacreditável, também houve quem, por outro lado, aproveitasse a oportunidade para fazer uso de prática deletéria, bem ao mau gosto da atualidade, marcada pela hostilidade, ofensa e franco desamor pela vida – especialmente a alheia.
Não obstante, em momento tão deseducado e pela ínfima manifestação negativa, pode-se concluir que, realmente, a prefeita Maria José entrará para a história como uma das personalidades mais bem-sucedidas e queridas da história de Tatuí.
Por sua vez, em outro acaso desse momento, ocorreu de o jornal O Progresso estar publicando sua tradicional edição especial de aniversário de Tatuí, a qual, em 2021, excepcionalmente deixou de resgatar o passado da cidade com o objetivo de eternizar-lhe o presente, a partir do trabalho de combate à pandemia.
Para tanto, a proposta da publicação esteve pautada em registrar a rotina de trabalho dos profissionais da Saúde, que tanto têm se sacrificado – muito e de diversas formas! – na busca por salvar a vida dos tatuianos acometidos pela Covid-19.
Desse objetivo, embora inadvertidamente, surgiu uma realidade a espelhar, de forma muito feliz, o próprio histórico da prefeita: a força, a tenacidade e a proeminência da mulher em momentos de crise.
Não haveria nem como esse aspecto de similaridade sobre o “empoderamento” feminino ser antecipado e tampouco planejado, contudo, foi muito oportuno e bem observado, inclusive, por diversas leitoras, que se manifestaram junto ao jornal, particularmente em redes sociais.
Coincidentemente (ou não), acabou sendo justamente esse fato a destacar-se no especial de aniversário de Tatuí, intitulado “Pandemia de Ternura”. Reiterando: o protagonismo feminino absoluto na linha de frente da Saúde contra a pandemia.
Isso concluiu-se em satisfação ainda maior – motivo de alegria mesmo – porque, verdadeiramente, não houve qualquer programação para assim ocorrer. Simplesmente, aconteceu!
A ideia, como acentuado na apresentação do especial, era prestar uma grande homenagem a esses profissionais, embora sem qualquer atenção ao “gênero” deles.
Contudo, os contatos foram sendo feitos, as entrevistas, acontecendo e, de repente, com a conclusão das reportagens, notou-se que todas as fontes eram mulheres – demonstrando o quanto elas estão se doando e, claro, colocando as próprias vidas em risco como nunca na história!
Como O Progresso (até por respeito a seu nome) não compactua em nada com certo retrógrado clamor machista da atualidade, foi emocionante a inesperada surpresa quanto a tamanho relevo das mulheres na batalha contra o novo coronavírus, em que lutam com tratamento efetivo, respeito à ciência e muita – muita! – sensibilidade!
Em momento em que ainda parte da população, em saudosismo a um passado político bizarro, parece sustentar o desejo de entrar em um túnel do tempo para regredir à década de 1970 – de preferência, a bordo de tanques (de guerra) -, sobrepõe-se a atitude sublime de incontáveis mulheres, especialmente as profissionais da Saúde.
Essas mulheres, à parte e à revelia da indiferença, do ódio e da truculência do “macho alfa” de um passado sombrio, têm agido firmemente no presente para garantir, ainda, algum futuro a milhões de pessoas, preservando-lhes a vida.
Portanto, benditas e abençoadas as mulheres!
Não apenas na tão esperada vitória contra a pandemia, mas que sejam elas (vocês!) também fundamentais para a cura deste país, que sofre com tantas outras dores.