Desde os primórdios da humanidade, em que o homem saía para caçar e a mulher ficava na caverna com as crias, o cérebro de cada sexo foi sendo moldado para melhor se adaptar a essas funções. Hoje não é bem assim e esse modelo não serve mais, contudo, milhares de anos de evolução imprimiram em nós os seus efeitos.
A mulher que tinha que interpretar os diversos tipos de choros e sinais das crianças, e intermediava a relação do homem – provedor, com os filhos, adquiriu a tendência de agir e pensar mais pelo lado emotivo. Já o homem, precisava ter um foco e uma estratégia para capturar sua presa e assim prover o sustento da sua família, desenvolvendo em si a característica de decidir pelo lado racional.
A partir dessas características adquiridas nas tarefas, cada sexo moldou-se também psíquica e afetivamente, mostrando desta forma o mundo aos filhos. Enquanto a mulher/mãe é mestra em questões de interioridade, em demonstrar como olhar para dentro de si e expressar emoções e subjetividade, o homem/pai dá iniciação aos filhos nas tarefas, mostra processos e funcionamento da natureza e daquilo que os humanos criaram, do que se tornou óbvio e entendido por ele, pai.
Não estou dizendo com isso que as mães não conseguem explicar como funciona isso ou aquilo, nem que os pais não conseguem colocar seu coração numa conversa com os pequenos. Mas, que existe uma tendência maior de cada sexo, e consequentemente, funções diferenciadas do pai e da mãe.
Dificilmente veremos uma mãe inserindo os filhos em aventuras, geralmente presenciamos o pai colocando o filho num lugar alto, como o galho de uma árvore, e encorajando a pular em seus braços. Será mais fácil também ver o pai ensinando um filho andar de bicicleta, ou pelo menos será o primeiro a desafiar esse filho a se equilibrar sem as rodinhas de apoio.
E provavelmente será o pai quem antes se preocupará com que seu filho vai ser na vida. Frei Raniero Cantalamessa, pregador oficial do Vaticano, nos dá uma maior compreensão de paternidade: “O amor paterno é feito de estímulo e solicitude; o pai quer o filho crescido e levado à plena maturidade”.
Por isso, é essencial a presença do pai na vida dos filhos. Não somente a presença que prove o sustento ou tudo aquilo que ele, pai, não teve em sua infância e sonhou em dar ao seu filho. O pai deve entregar de si. A maior herança que um pai pode dar a um filho não é nada material, mas a sua própria pessoa, seu conteúdo intelectual e afetivo.
Vivemos hoje uma crise de paternidade no mundo. Pais que são ausentes, uns por não assumirem a paternidade, e outros, a grande maioria, subtraídos dos lares pelo trabalho.
Pai, seu filho necessita muito mais de seus ensinamentos de vida do que de roupas de grife ou aparelhos de última geração. Qualquer coisa material que seu descendente receber, irá ficar ultrapassado, os valores que você transmitir, jamais!
Me lembro de meu pai devolvendo o dinheiro a mais que recebeu como troco, isso me fez ser honesto; me ensinando a nadar, aos domingos, isso me trouxe a certeza de que sou capaz, e de segurança, pois alguém olha por mim.
Que neste Dia dos Pais, quem receba o melhor presente sejam seus filhos! Dê seu carinho, seu amor e tempo, eles merecem ter tudo o que você é.
Feliz Dia dos Pais!
* Missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas, é autor dos livros “Maria, Humana como Nós” e “As Cinco Fases do Namoro”.