Da reportagem
Eleito no dia 15 de novembro do ano passado com 1.246 votos, o vereador João Eder Alves Miguel, 28, do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), assumiu no dia 1º de janeiro o segundo mandato na Casa de Leis.
Em entrevista a O Progresso, Alves Miguel, um dos vereadores mais novos na atual legislatura, falou sobre o resultado das eleições 2020, projetos para os próximos quatros anos, metas e prioridades na atuação dentro do Poder Legislativo.
Com relação às eleições, Miguel, o quarto vereador mais votado do pleito, disse ter ficado surpreso devido ao aumento do eleitorado. Em 2016, ele recebera 788 votos – resultado 58,12% menor em comparação à eleição de 2020.
“Devo confessar que o número me surpreendeu, até por ter feito uma campanha simples. Trabalhei conversando com os meus eleitores – claro, seguindo os protocolos de prevenção da Covid-19 -, mas sem cabo eleitoral, apenas mostrando o meu trabalho e minhas propostas”, comentou.
O vereador credita o aumento de votos ao fato “de ter mostrado trabalho durante o mandato na primeira legislatura”. “Minha campanha dependeu muito das pessoas que viram o trabalho realizado nos últimos quatro anos, que acreditaram nas novas propostas e ajudaram a multiplicar meus votos”, completou Miguel.
O político ainda aponta ter “herdado” parte do eleitorado do pai, Job dos Passos Miguel, eleito vereador na 15a legislatura (2009 a 2013) e reeleito para a 16ª legislatura (2013 a 2016). Passos não disputou a eleição em 2016 para apoiar a campanha do filho.
“Quando concorri em 2016, já trazia comigo um público que sabia do meu interesse pela política, mas agreguei muito daquilo que meu pai já tinha construído”, sustentou.
“Eu não era tão conhecido pelo público e o bom trabalho que ele desenvolveu ajudou muito na minha eleição e, agora, na reeleição”, ressaltou.
Conforme Miguel, a vontade de seguir carreira política vem desde garoto. Quando frequentava o ensino fundamental, o vereador diz ter sido engajado em causas da comunidade. Na adolescência, aprimorou a vocação política em reuniões de grupos de jovens da Igreja Católica.
“A primeira vez que eu disse que queria ser candidato foi com quatro ou cinco anos, na escola. Participava de muitos movimentos, dei até entrevistas, inclusive a O Progresso, ainda criança, falando sobre política. É uma coisa que eu gosto muito”, acrescentou o vereador.
Pela trajetória pessoal e, a exemplo do pai, Miguel defendeu a reeleição e disse ser contra a campanha “Não reeleja vereador”, ocorrida por meio das redes sociais, principalmente durante a campanha eleitoral de 2020.
O resultado das urnas, em novembro do ano passado, renovou 76,47% das cadeiras da Câmara de Tatuí. Com isso, Miguel e outros três candidatos conseguiram a reeleição e 13 chegam pela primeira vez ao Legislativo. Além disso, 23,52% da nova composição são mulheres.
“Acho que a gente tem que reeleger aquele que atendeu à expectativa da população. Se você realmente não atendeu, tem que dar espaço para outra pessoa, mas, se foi um bom vereador, não tem por que não ser reeleito”, justificou.
Miguel ainda acentuou que, embora a Câmara tenha sido renovada, os vereadores reeleitos ocupam os primeiros lugares na relação dos mais votados de 2020, obtendo votação “expressiva”.
“Percebo que todos os candidatos que foram eleitos têm uma história de colaboração na sociedade, assim como os quatro reeleitos. Trabalhamos muito, cada um à sua maneira, mas tendo em comum um contato próximo com a população”, ressaltou.
Apesar de defender a reeleição, Miguel disse apoiar a inserção de novos perfis na política e informou ter recebido mais de 400 crianças e adolescentes em visitas na Casa Legislativa, visando incentivar e “despertar a vocação política” nos jovens.
“A renovação é um fato que ocorre naturalmente, mas também acho que a gente precisa dar espaço para novas pessoas e novos perfis. O que precisamos é de pessoas que tenham compromisso com a cidade e a população”, enfatizou Miguel.
O vereador disse ter pautado o mandato em um contato próximo com a população. “Deixo meu telefone à disposição. Minha obrigação é escutar as demandas, a segunda é tentar resolver e a terceira é dar um retorno”.
Para o próximo mandato, além de manter as atividades inerentes ao cargo e fiscalizar as ações do Executivo, Miguel afirmou ter projetos em diversas áreas. Segundo ele, os principais envolvem educação e agricultura familiar.
“Trabalhei muito pela questão educacional. Enxergo a educação como a base de tudo e vejo nela uma ferramenta realmente eficaz para oferecer oportunidade para quem sonha em ter uma profissão, principalmente para os mais carentes”, apontou.
Entre as ações já realizadas pelo setor, Miguel destacou a parceria com Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) – que oferece curso superior gratuito -, com polo instalado nas dependências da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Tatuí, “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”.
“O estado tinha a intenção de interiorizar a Univesp, e trabalhei internamente, com outros vereadores, para conseguir que a prefeitura atendesse o que a entidade pedia e que a Fatec cedesse espaço para a instalação do polo. Hoje, mais de 200 pessoas têm acesso ao ensino superior gratuito”, enfatizou.
Ele ainda elencou a parceria firmada com a Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) para a implantação do programa “Futuro Cientista” na rede municipal de ensino tatuiano, pela qual afirma ter intercedido junto à universidade.
“Esses programas mostram para as crianças e para os jovens carentes que o futuro vai depender do esforço deles, mas que eles têm caminhos para poder concretizar o sonho de concluir os estudos”, frisou o vereador.
“Propus-me a trabalhar por essa área mesmo sabendo que isso não me traria retorno político. Vejo a educação como um ponto fundamental para plantar a semente de uma cidade melhor. É o que eu entendo que pode transformar vidas”, completou.
O parlamentar também diz querer o acompanhamento técnico e gerencial aos tatuianos que vivem da agricultura familiar. O suporte ajudaria os agricultores a aumentarem a renda, com a diminuição de custos e a venda da produção a preços “mais justos”.
“Acho que a gente se apega muito à área urbana e as pessoas que moram no sítio acabam tendo mais dificuldade de ter voz. Trabalhar pela agricultura familiar é possibilidade de fomentar uma atividade econômica, gerar renda e desenvolvimento para a cidade”, declarou.
Como projeto para a nova legislatura, Miguel ainda afirmou querer continuar abrindo espaço para os jovens na Casa de Leis, com horários reservados para visitações e programas em parceria com a rede de ensino, buscando oferecer informações sobre a rotina do Legislativo e incentivar a participação deles na política.
“Quero abrir cada vez mais espaço para que eles conheçam o Poder Legislativo e criem também uma consciência política. Claro, nunca com o objetivo de colocar a ideológica na cabeça de ninguém, mas de despertar uma consciência cidadã nos nossos jovens”, concluiu.