Da redação
O relógio mecânico e histórico do Santuário e Paróquia Nossa Senhora da Conceição, que tem 69 anos de fabricação, será restaurado, conforme anunciado pelo pároco do templo, padre Élcio Roberto de Góes.
A restauração ainda inclui a troca da base de sustentação e substituição da casa de cobertura. Os serviços serão realizados por uma empresa da cidade de Dourado (SP), a Tavano Engenharia Sinos e Relógios.
A O Progresso, Góes informou que a equipe especializada levará o relógio da Matriz para a fábrica, onde será promovida a restauração. Conforme o pároco, a data para a retirada da peça ainda não está agendada, contudo, após o início da restauração, os serviços devem durar de 60 a 90 dias.
“O relógio é todo mecânico, e algumas peças já não existem mais, então, a empresa vai fabricá-las para repor. Como é um relógio que já tem 69 anos, o problema maior é a engrenagem, que está gasta. Mas, ele será completamente restaurado, desde o relógio em si até a casa que abriga a peça”, afirmou o pároco.
Segundo pesquisa do historiador Renato Ferreira de Camargo (1938-2012), mantida pelo filho dele, o jornalista Christian Pereira de Camargo, o relógio do Santuário e Paróquia Nossa Senhora da Conceição foi uma doação do industrial Mário França Azevedo.
No jornal O Progresso, de 12 de dezembro de 1951, há a nota: “O ilustre conterrâneo senhor Mário França Azevedo, acaba de oferecer à nossa Igreja Matriz um belíssimo relógio, no valor aproximado de 35 mil cruzeiros. A doação foi feita em homenagem à sua virtuosa e piedosa senhora, d. Zeneide de Campos Azevedo”.
“O novo relógio, que logo mais estará marcando a hora oficial de Tatuí, é da premiada Fábrica Michelini, de São Paulo, com 40 anos de existência e a mais conceituada em todo o Brasil. Basta que se diga, para prová-lo, que são da referida fábrica os relógios da Estação da Luz e da Sorocabana, na Capital Paulista. A população católica de Tatuí prepara uma demonstração de apreço e reconhecimento ao benemérito industrial tatuiano e sua excelentíssima esposa”.
Ainda conforme os registros,antes do atual relógio, já havia sido instalado um outro no templo, em uma das torres da Igreja Matriz, em 1927. “Aliás, às 12h do dia 4 de dezembro de 1927, com a participação da comunidade católica e da Corporação Musical Santa Cruz”, aponta o historiador.
O jornal O Progresso, à época, fez dois registros. Em ambos, credita ao padre Joaquim Antonio Canto (natural de Piracicaba e que havia chegado em Tatuí um ano antes, em 1926), a “importante conquista”. Não há um registro oficial público do destino desse antigo relógio.
Góes antecipou que os serviços estão orçados em R$ 19.820. Os recursos estão sendo arrecadados pela paróquia. “Não estamos fazendo uma campanha específica para a restauração, mas tenho dito aos fiéis o valor que será gasto para levantarmos o fundo”, disse Góes.
Segundo o padre, a ideia do restauro já estava sendo estudada havia alguns anos pela paróquia. O técnico responsável por dar corda no relógio semanalmente já havia informado ao pároco sobre o desgaste da peça.
Atualmente, o relógio está parado. “O Orsi da relojoaria subia toda semana para dar corda no relógio e já tinha me dito que estava gasto. Até que parou de vez, e nós começamos a correr atrás de uma empresa e conseguimos essa para fazer a restauração”, contou o padre.
Góes destacou haver duas opções: restaurar a peça existente ou adquirir um relógio elétrico. A segunda seria mais econômica para a igreja, entretanto, a paróquia decidiu restaurar e deixar em funcionamento “aquele que já faz parte da história da cidade e da Igreja Matriz”.
“Para a entrega, nós estamos programando uma inauguração, como foi feita com o sino da Matriz. Por mais que esteja distante, esteja lá em cima da torre, é uma coisa que faz parte da vida da cidade. Hoje, todo mundo tem celular, relógio de braço, mas sempre dá uma olhadinha no relógio da Matriz”, salientou Góes.
Os dois sinos do campanário erigido à direita do edifício da Matriz receberam um sistema eletrônico em 2017. A automação permite que a equipe da paróquia programe os sinos para tocarem.
“Acho que restaurar as peças que já existem é valorizar a própria história. Além disso, no caso do relógio, o engenheiro da empresa especializada informou que, com a restauração, a peça deve durar pelo menos mais 60 anos”, finalizou o pároco.