Fernando Rizzolo *
Temos visto atualmente um crescente interesse por filosofia. Muitos são os filósofos que surgem a cada dia, uns mais conhecidos e aplaudidos nos programas de televisão, outros menos conhecidos pela população, mas mais discutidos na Academia, como foi e sempre será Aristóteles, que dizia que a “a virtude está no meio”.
Mas por que, então, a nossa sociedade brasileira, de uns tempos para cá, se polarizou tanto? Uma explicação seria o desencanto com a política, que trouxe à tona o atual presidente, Jair Bolsonaro, um personagem radical, nada político, com ideias que chocam, e que acima de tudo sempre se espelhou no presidente não reeleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Encantou milhares e desencantou outros milhares de admiradores. Seu jeito “sincerão” se esgotou no seu próprio “script”, pois, com a derrota de seu ídolo Donald Trump, passa a falar sozinho, num discurso que não mais entusiasma seus fervorosos eleitores.
Foi na realidade um golpe na socialdemocracia, tão habitual aos líderes europeus e que mais se aproxima dos ideais democráticos dos Estados Unidos, haja vista as pontuações feitas pelo novo presidente americano, Joe Biden.
Hoje não há mais lugar para extremismos, e a maior democracia do mundo já provou isso com a vitória do democrata Biden, que revisa os valores sociais, elevando-os e promovendo uma respeitosa visão social sob todos os aspectos.
Já no Brasil a socialdemocracia foi substituída por um discípulo de Trump que agora passa por um revisionismo eleitoral perigoso, pois surge de outro lado o extremo desta feita socialista, o filósofo Boulos.
Seu partido, o PSOL, é de esquerda, de matiz trotskista, pelo menos era o que afirmavam no início de sua formação. A receita de bolo de Boulos é mesclar os ganhos democráticos de Joe Biden, suas estruturas na defesa dos pobres, dos negros, com um discurso que imita o do ex-presidente Lula, com toques de articulação filosófica que acabam mitigando um esquerdismo virtuoso aos olhos dos incautos.
E cabe aqui um questionamento: estaríamos prontos para sair de um extremo e migrar para outro?
Portanto, ao lado da minha velha poltrona, e entre um gole e outro do meu café amargo da tarde, recorro aos velhos filósofos, como Aristóteles, que dizia: “A virtude está no meio”. Talvez preferindo redescobrir a socialdemocracia responsável e experiente a me lançar nas novas antigas ideias dos que fizeram filosofia e que jamais concordaram com a verdade oriunda do centro.
Jogando-nos para outro extremo, com palavras doces e com discurso populista, acabamos ficando na mesma ao passar da extrema direita para a extrema esquerda. Antes de mais nada, é melhor pensarmos e refletirmos sobre o que é bom para o Brasil, na esperança de fazer renascer o bom senso.
* Advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais.