Da assessoria da Comunique-se 6
O Setembro Amarelo, voltado para atenção à saúde mental e à valorização da vida, ganhou contornos especiais, aliados à situação atual da pandemia.
Além de mexer com a rotina de todos, o novo coronavírus está afetando a saúde mental de muitas pessoas e, de acordo com estudos recentes, há aumento da angústia, ansiedade e depressão, incluindo os profissionais de saúde que estão na linha de frente da Covid-19.
Segundo a coordenadora do curso de psicologia do Centro Universitário São Camilo, Gláucia Guerra Benute, o cenário atual tende a suscitar ou agravar o sofrimento do indivíduo e, consequentemente, aumentar o risco de depressão, ansiedade, além daquele relacionado ao comportamento suicida.
“É esperado que situações como essa promovam instabilidade psíquica que pode estar relacionada a diferentes fatores, como medo, isolamento, solidão, desesperança, acesso reduzido a suporte comunitário e religioso/espiritual, dificuldade de acesso ao tratamento em saúde mental, doenças e problemas de saúde, além de perda de familiares e/ou conhecidos”.
No Brasil, 51% dos casos de suicídio acontecem dentro de casa e se encontram na faixa etária entre os 20 e 49 anos. Estima-se que apenas um em cada três casos de tentativa de suicídio chegue aos serviços de saúde.
“O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que atinge todas as classes sociais. Sua etiologia envolve elementos biológicos, genéticos, sociais, psicológicos, culturais e ambientais relacionados à vida pessoal e coletiva”, informa Gláucia.
Nesse período de mudanças rápidas e adaptações constantes exigidas em situações como a atual vivenciada, alguns agentes tiveram alta, sendo eles: estressores financeiros e outros precipitadores, como o aumento do uso de álcool e outras drogas, além das questões de violência, que podem tornar crianças, adolescentes e suas famílias vulneráveis a comportamentos que coloquem em risco a saúde mental e a vida.
“Embora o cenário de pandemia potencialize o sofrimento, existem medidas protetivas passíveis de serem adotadas. Nesse sentido, é importante promover estratégias que permitam contrabalançar os sentimentos negativos e o reenquadramento dos planos de vida”, completa a professora.
Os transtornos mentais comumente associados ao comportamento suicida são: depressão, transtorno de humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas, esquizofrenia e alguns transtornos de personalidade.
“Com o aumento dos sentimentos de angústia e de ansiedade, a coexistência destas condições agrava a situação de risco de a pessoa tentar tirar a própria vida. Nesse momento, é importante que as pessoas fiquem atentas a qualquer sinal de alerta e aumentem os laços socioafetivos para contribuir com a diminuição de algumas doenças e até mesmo o suicídio”, completa a psicóloga.
Atenção a fatores de alerta:
- Irritação ou agitação excessiva da criança ou adolescente;
- Sentimento de tristeza, baixa autoestima e impotência;
- Tentativas prévias de suicídio;
- Relatos de violência psicológica (humilhação, agressões verbais), física, sexual ou negligência;
- Problemas de saúde mental da criança, do adolescente e/ou de seus familiares, especialmente a depressão e a ansiedade;
- Uso de álcool e/ou outras drogas;
- Histórico familiar de suicídio;
- Ambiente familiar hostil;
- Falta de suporte social e sentimentos de isolamento social;
- Sofrimento e inquietações sobre a própria sexualidade;
- Interesse por conteúdos de comportamento suicida ou autolesão em redes sociais virtuais;
- Isolamento afetivo e sentimento de solidão;
- Sentimento de desamparo e desesperança;
- Autodesvalorização; e
- Crise existencial.