Da reportagem
Após cerca de quatro meses de inatividade, devido à pandemia, aos poucos, os amantes de esportes têm começado a retomar as atividades físicas. No entanto, educadores físicos alertam sobre os riscos e a forma ideal para a volta aos exercícios após extenso período de inatividade.
Para Eduardo Almeida Camargo, educador físico da Academia Estação, é preciso que as pessoas tenham cuidado para retomar a prática de exercícios físicos após mais de cem dias. Ele aponta os riscos de lesões ou articulares, devido ao sedentarismo.
De acordo com Camargo, independentemente da pandemia, “todo início de prática de atividade física, seja qual for, requer um começo, ou recomeço, leve e gradativo, para que o corpo possa sentir as adaptações, permitindo a melhora e a evolução do condicionamento físico do praticante”.
O profissional destaca a importância dos alongamentos antes da realização das atividades. Segundo ele, “os exercícios preliminares contribuem à condição física e muscular, além de possibilitarem melhora do corpo nas atividades diárias”.
“No caso do grupo da ‘melhor idade’, os alongamentos auxiliam na melhoria das dores, causadas pela falta de atividades físicas e de algumas patologias”, complementa Camargo.
O período de quarentena foi iniciado próximo à troca de estação, do verão ao outono. Como no momento se está no inverno, o educador físico dá dicas para exercícios físicos um clima mais frio.
Camargo reconhece que, com a chegada desta estação, algumas pessoas costumam deixar de se exercitar, devido à baixa temperatura. Conforme ele, é preciso cuidado para realizar atividades, pois os músculos ficam contraídos e mais propensos a lesões.
“Se exercitar nesta estação requer alguns cuidados. É necessário um bom aquecimento articular e muscular antes da prática da atividade. O corpo necessita mais tempo para aquecer os músculos e articulações”, informa.
Ele destaca a importância da prática da atividade física na melhora da saúde e qualidade de vida. “Os benefícios dos exercícios físicos, no auxílio a inúmeras doenças e patologias, são comprovados cientificamente”, frisou o educador.
“É importante que as pessoas tomem consciência, procurem um educador físico credenciado para praticar e incentivar a atividade física em todas as idades”, completa Camargo.
Além dos esportistas inativos, a treinadora pessoal Luciana Gonçalves observa haver pessoas que, durante a quarentena, optaram por realizar atividades físicas em casa, por meio de treinamentos transmitidos em plataformas virtuais.
A profissional alerta sobre os riscos envolvendo as pessoas que não possuem “consciência corporal”, e pede que tenham cuidado com os treinamentos.
“Muitas aulas online são baseadas na premissa de que todas as pessoas têm o mesmo condicionamento físico, estruturas de articulação e músculos ou a mesma idade”, aponta.
“Consciência corporal se adquire com o tempo. A pessoa pode tentar copiar algum exercício passado em aula para o qual o corpo não está preparado, podendo acabar se machucando”, aterta Luciana.
Conforme a treinadora, o ideal é que os exercícios sejam recomendados por profissionais de maneira individualizada. Para Luciana, que atua com reabilitação e equilíbrio muscular, “é perigoso, passar uma orientação sem qualquer acompanhamento ou conhecimento da estrutura física, rotina ou o local e acessórios disponíveis ao treino”.
“As pessoas não vivem a mesma rotina. Desta forma, como o seu exercício pode ser o mesmo que o meu?”, questiona. “É difícil passar as mesmas atividades até para pessoas de uma casa. Devido à rotina, os treinos de um marido podem ser totalmente diferentes dos que devem ser realizadas pela esposa”, exemplifica.
Às pessoas que têm condições, Luciana aponta que elas deveriam contratar um profissional da área esportiva para irem às residências realizar trabalho individualizado. Segundo ela, “a segurança é maior para se conquistar um resultado, sem prejuízos”.
“Se a pessoa não puder, que pelo menos procure um trabalho individualizado online. Os exercícios têm de ser passados exclusivamente a cada pessoa. É preciso acabar com essa ideia de massificação, como se todos fossem iguais”, reforça.
Consideradas entre os serviços não essenciais, as academias estão desde março com as atividades suspensas por tempo indeterminado. Apesar de reconhecer a necessidade das medidas de enfrentamento ao coronavírus, Luciana não concorda com o fechamento dos estabelecimentos.
De acordo com a profissional, “as pessoas estão perdendo a saúde física, mental e emocional por conta de não fazerem atividade física”. “Os exercícios aumentam os hormônios que afastam uma eventual depressão ou uma possível queda de imunidade”, reforça Luciana.
Durante a pandemia, segundo a treinadora, os trabalhadores que tiveram de adotar o “home office” podem estar desenvolvendo problemas na coluna cervical ou circulatórios, por falta de movimentação e má postura.
“Antes, se falava da LER (lesão por esforço repetitivo) no trabalho, mas, hoje, elas estão sendo causadas por ficar muito tempo sentado em uma má postura. Ficar muito tempo sentado é pior do que um longo período em pé. Além de comprometer a circulação, ainda prejudica a coluna. É um pacote de prejuízos”, finaliza Luciana.