Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa - Cremesp 34.708 *
Definição
A DRGE é o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, e que pode provocar vômitos em jatos pela boca, que ocorre por vários mecanismos, sendo o mais importante o relaxamento do esfíncter, que fica entre esses dois órgãos.
Como se manifesta?
A forma mais frequente de refluxo ocorre em bebês antes dos seis meses de idade, e se manifesta por meio de regurgitações (“golfadas”), acompanhadas ou não de vômitos. Essa forma é considerada fisiológica (se for em pequena quantidade e não muito frequente) e tende a desaparecer até um ano de idade.
Já as crianças com DRGE, especialmente menores de seis meses, podem apresentar, além dos vômitos e regurgitações, sono leve, irritabilidade, soluços frequentes, falta de apetite, dificuldade em ganhar peso e até obstipação intestinal (dificuldade de evacuar).
Porém, nem todos os bebês irritados têm DRGE. A irritabilidade pode ter múltiplas causas, como a cólica do lactente, a alergia à proteína do leite de vaca e mesmo algumas alterações no ciclo de vida do bebê, entre outras.
A DRGE também pode se manifestar por alterações respiratórias, como o chiado (bebê chiador) ou a tosse. Crianças maiores e adolescentes com DRGE podem vomitar e sentir azia, enjoo, queimação no peito ou dor na “boca do estômago”. Neles, o refluxo pode estar associado à asma brônquica, tosse crônica, laringite, faringite, rinite, otite, sinusite, calos nas cordas vocais, rouquidão e pigarro.
É importante afirmar que, quando o leite volta em “golfadas” na DRGE, ele traz consigo o ácido clorídrico (HCl) contido no estômago e que serve para ajudar na digestão. Sendo assim, a criança sente dor retroesternal por azia ou queimação no esôfago.
É muito frequente a criança se engasgar quando “volta” a mamada e também apresentar otite média aguda (infecção de ouvido) por causa de refluir leite pela trompa de Eustáquio (canal este que comunica o “fundo” da boca com o ouvido interno).
Como diagnosticar?
O diagnóstico da DRGE geralmente é clinico. A grande maioria das vezes não há necessidade de exames, porém existem vários exames especializados que o pediatra pode pedir.
Como tratar?
Para realizar o tratamento adequado, é fundamental diferenciar o refluxo fisiológico da DRGE. Apenas o médico pode fazer essa distinção e orientar a melhor conduta a ser adotada.
Medidas dietéticas
Os bebês que são amamentados exclusivamente devem continuar recebendo apenas o leite materno, adequando-se a “pega” do bebê e a sua posição. Já aqueles que recebem fórmula podem ter suas mamadas fracionadas, ou seja, mamar o volume menor mais vezes ao dia.
Além disso, é fundamental não oferecer a fórmula com o bebê deitado, e mantê-lo elevado por aproximadamente 30 minutos após a mamada. Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de fórmulas especiais espessadas ou antirrefluxo (AR).
Quando for utilizada a mamadeira, nunca se deve aumentar o orifício do bico, pois há a oferta de um volume maior ou menor tempo. Os bebês que usam mamadeira podem engolir mais ar, o que aumenta a chance de regurgitações. As crianças maiores, por sua vez, devem evitar refeições volumosas, alimentos gordurosos, cítricos e líquidos gasosos. Evitar tomar líquidos durante ou após as refeições.
Medidas posturais
Embora os estudos sobre o refluxo não demonstrem que a posição elevada possa diminuir os episódios de refluxos, a sua utilização é rotineira e pode evitar a aspiração de conteúdo em caso de vômitos.
Sabe-se que posicionar o bebê deitado para o lado esquerdo pode diminuir a regurgitação. Porém, é recomendado que os bebês durmam de “barriga para cima” (posição supina), pois outras posições (por exemplo, de “bruços”) podem aumentar o risco de morte súbita, segundo orientação da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
Tratamento
Os remédios devem sempre ser indicados pelo médico. Os mais indicados são aqueles que reduzem as “golfadas” e a acidez gástrica e são usados, normalmente, por tempo prolongado, até cessar os sintomas da DRGE. Consulte sempre um pediatra!
Acompanhamento
As crianças com DRGE devem ser acompanhadas durante toda a infância. Embora a maioria não venha a apresentar mais sintomas após um ano de idade, outras continuarão com eles, ou, ainda, apresentarão outras manifestações causadas pelo refluxo. É muito importante o acompanhamento dessa criança, para evitar complicações futuras e melhora da sua qualidade de vida.
Fontes: site da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e folheto para pacientes desenvolvido pelo Laboratório Aché, com bibliografia contido no mesmo.
* Título de especialista em pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB) e diretor clínico da Alergoclin Cevac – Clínica de Pediatria e Vacinação Humana.