Da reportagem
No sábado da semana passada, 6, o estádio “Professor Simeão Sobral”, na vila Jurema, foi o ponto de coleta de alimentos e roupas da “Corrente do Bem”, campanha solidária que arrecadou cerca de 1,2 tonelada de produtos alimentícios.
Duas mães de atletas do Bom de Bola tiveram a iniciativa e receberam apoio do técnico da equipe para promover a ação social. No entanto, elas não quiseram ser identificadas e frisam que a campanha é de iniciativa da “Família BdB”.
Uma delas conta que, ao ver os filhos dela se alimentando, começou a pensar em alguns atletas do projeto social-competitivo que sabia estarem vivendo em situação mais carente. “A Família BdB é tão grande que nós poderíamos ajudar quem realmente está precisando”, afirmou.
Ela procurou a outra mãe, que aceitou de imediato, e ambas foram conversar com o treinador do Bom de Bola, Diego Barros. Elas afirmam que o técnico já estava pensando em promover uma campanha, porém, não sabia como a iniciaria.
A ideia da Corrente do Bem surgiu no dia 2, e a arrecadação foi realizada apenas quatro dias depois. Durante a coleta, os organizadores afirmam que foram tomados todos os cuidados contra o coronavírus, com a utilização de máscaras de proteção, álcool em gel e distanciamento entre as pessoas.
Mesmo em curto período entre a ideia e o dia da campanha solidária, a Corrente do Bem arrecadou 1,2 tonelada de alimentos, além de peças de roupas. Apesar da intenção, o resultado da ação superou as expectativas dos organizadores.
“Resolvemos tudo de última hora e não achávamos que teria tanto sucesso. Graças a Deus, foi muito além das nossas expectativas. Nestes momentos, vemos o quanto o brasileiro é um povo incrível, apesar de todas as dificuldades”, reconhecem.
“Havia pessoas que sabemos que estão em uma situação bastante apertada no momento e, mesmo assim, fizeram questão de contribuir com a campanha da Família BdB”, completam os organizadores.
O secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, esteve no estádio municipal para realizar uma doação. Posteriormente, ele publicou sobre a campanha em uma rede social, parabenizando o resultado alcançado.
Os produtos arrecadados pela ação social permitiram que ainda mais famílias, além das dos atletas do Bom de Bola, fossem beneficiadas. “A princípio, a campanha seria apenas aos familiares dos atletas da equipe. Alguns estão desempregados, em uma situação difícil, e a cesta básica acabou chegando em boa hora. Foi muito emocionante”, apontam.
Conforme a organização, no dia seguinte à arrecadação, 30 cestas básicas já haviam sido doadas e ainda devem ser entregues mais 20. “Caso apareça alguém que realmente tenha necessidade dos alimentos, com certeza, doaremos uma cesta”, sustenta uma das mães.
Elas fazem questão de agradecer “a todos que abraçaram a causa da Corrente do Bem e se dizem gratas por contribuírem, possibilitando que comida fosse colocada na mesa de dezenas de famílias tatuianas”.
Conforme as mães, “a campanha demonstrou que é possível ter mais esperança no ser humano”. “Se cada um fizer um pouco, pensando no próximo, ninguém vai passar fome. Talvez seja isso que Deus quer de todos nós: um novo olhar ao próximo”, declaram.
As organizadoras contam que os filhos delas gostaram muito da campanha e estão com saudade dos companheiros de equipe. Os filhos não puderam acompanhar a arrecadação e entrega das cestas básicas, justamente, devido à pandemia.
“Somos espelhos para nossos filhos e, com certeza, eles aprenderam um pouco com essa causa em prol aos ‘amiguinhos’ deles. Sempre digo para os meus filhos: faça o bem, não importa se for pouco”, reforça a mãe.
As mães ainda destacam o trabalho desenvolvido por Barros, através do Bom de Bola. Segundo elas, “Barros não mede esforços para ajudar e buscar o melhor aos atletas”. “Podermos ajudar as famílias em um momento tão difícil, quanto o atual. Foi gratificante, e isso faz parte da personalidade dele”, acrescentam.
Para o treinador da equipe, a entrega de uma cesta básica o tocou bastante. Ele conta que encontrou um casal recolhendo produtos e recicláveis e perguntou se eles aceitavam uma cesta.
“Quando fiz a pergunta, o homem apenas olhou para o céu. Não falei meu nome e o senhor também não disse o dele, porém, recebi o ‘Deus abençoe’ mais importante da minha vida”, ressalta Barros.
De acordo com o ex-jogador profissional de futebol e idealizador do projeto Bom de Bola, quando era mais novo, costumavam dizer-lhe que o futebol “não o levaria a lugar nenhum” e “não daria futuro”.
Barros afirma que a campanha Corrente do Bem permitiu que ele relembrasse do que havia escutado, pois conseguiu, através do futebol, levar alimento a pessoas que passam por dificuldades.
“No futuro, vamos lembrar que o esporte, neste caso o futebol, já fez algo por nós. Não é só futebol, é muito mais que isso”, finaliza Barros.