Da reportagem
Um levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, nesta terça-feira, 9, mostra que, desde o início da pandemia, pelo menos 191 profissionais desse setor local já foram afastados por suspeita de contaminação pelo novo coronavírus em Tatuí.
Em 29 trabalhadores da linha de frente, a infecção foi confirmada. A maioria dos profissionais afastados pela doença é de técnicos, auxiliares de enfermagem e enfermeiros, justamente aqueles que mais mantêm contato com os pacientes.
O número de notificações representa 15,18% do total de funcionários da área, admitidos por meio de concurso público (cerca de 900), ou seja, sem contar os profissionais em atuação na Santa Casa de Misericórdia e no hospital da Unimed.
Dos profissionais confirmados com a doença, 26 são considerados curados e já voltaram à rotina, enquanto outros três permanecem em quarentena.
A secretária da Saúde, enfermeira Tirza Luíza de Mello Meira Martins, explicou que o afastamento preocupa, independentemente da confirmação da doença. Segundo ela, todo o profissional que apresenta suspeita precisa ser afastado do trabalho por um período, para se observar os sintomas e prevenir a transmissão.
“Os 191 são funcionários que estavam trabalhando e foram afastados devido à notificação da doença, mas, além disso, temos profissionais que fazem parte do grupo de risco, como idosos, gestantes, portadores de doenças crônicas, entre outras patologias, que já estavam afastados”, completou a secretária.
Tirza informou que medidas de prevenção estão sendo tomadas pela pasta para resguardar os próprios profissionais de saúde e os pacientes, como distribuição de EPIs (equipamento de proteção individual) e testagem.
Conforme a secretária, o município recebeu uma remessa de 2.470 testes rápidos para Covid-19, dos quais 1.260 já haviam sido realizados, tendo como prioridade a testagem dos trabalhadores da Saúde.
Grupos mais expostos à transmissão do coronavírus, como profissionais que atuam nos postos de saúde, nos serviços de urgência, emergência, internação e trabalhadores da área de segurança pública, que apresentaram sintomas, passaram pela testagem e foram afastados em caso de confirmação.
“Nós nos preocupamos muito com os nossos profissionais, oferecemos todos os equipamentos necessários, eles tomam todos os cuidados, mesmo assim, por estarem na linha de frente, o risco de contaminação é alto”, explicou a secretária.
Tirza, inclusive, foi uma das profissionais afastadas. No dia 2 de junho, começaram os primeiros sintomas e ela ficou em total isolamento. “Tive dor de cabeça, um pouco de dor no corpo e congestão nasal. Então, já tive aquele alerta, fiz o teste e deu positivo”, relatou.
A profissional recebeu o resultado do teste positivo no domingo, 7, cinco dias depois do início do tratamento. Tirza disse não ser possível afirmar onde contraiu o vírus e que sempre aderiu todas as medidas de segurança.
Contudo, ponderou que, pelo cargo que ocupa, faz visitas constantes a postos, unidades de terapia intensiva e enfermarias que estão fazendo tratamento de pacientes diagnosticados com a Covid-19. Ela volta à rotina na segunda-feira, 15.
“Temos que contar com a conscientização das pessoas para que fiquem em casa. Quanto mais as pessoas se contaminam, mas pacientes serão atendidos e mais aumenta o risco da equipe de saúde. Nossa maior preocupação é também para que tenhamos pessoas suficientes para atender os pacientes que precisarem”, acrescentou a secretária.