Da reportagem
O mês de abril amargou o fechamento de 565 postos formais de trabalho em Tatuí. O resultado é decorrente de 279 novas admissões para 844 desligamentos, conforme mostram dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, divulgados em 26 de maio.
Este é o primeiro relatório do Caged após o preenchimento das informações da base de dados ter sido passado para o Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). Com a mudança, o cumprimento de 13 obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas fica centralizado no sistema.
Uma das mudanças do novo Caged é o agrupamento de setores da economia. Até dezembro passado, eram oito: comércio, serviços industriais de utilidade pública, extrativa mineral, administração pública, agropecuária, construção civil, indústria de transformação e serviços.
Com a reformulação do Caged, os dados passam a estar na mesma divisão feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). São eles: comércio, serviços, indústria geral, construção civil e agricultura.
Conforme o órgão, o setor tatuiano que mais sofreu com a queda no quarto mês do ano é o de prestação de serviços. A atividade econômica fechou 187 postos de trabalho em abril – resultado de 137 contratações para 324 demissões.
Na análise entre os 13 subsetores da prestação de serviços, o relatório mostra que apenas dois obtiveram saldo positivo: saúde humana e serviços sociais (mais 24); e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (mais quatro).
A prestação de serviços de alojamento e alimentação registrou o pior resultado da atividade econômica, com o fechamento de 84 postos de trabalho – 44,91% do total geral de demissões do setor.
Também com saldo negativo, aparecem: transporte, armazenagem e correio (menos 61); artes, cultura, esporte e recreação (menos 18); informação e comunicação (menos 18); atividades administrativas e complementares (menos 11); educação (menos 8); imobiliárias (menos 6); profissionais científicas e técnicas (menos 4); outras atividades de serviços (menos 3); serviços domésticos (menos 1); administração pública, defesa e seguridade social (menos 1).
O comércio (que agora soma também serviços de reparação de veículos automotores e motocicletas) aparece com o segundo pior desempenho, com menos 185 vagas de trabalho, advindas de 73 contratações para 258 demissões.
A atividade industrial obteve o terceiro pior resultado de abril, com a redução de 154 postos de trabalho, resultado de 59 admissões e 213 demissões. A atividade é dividida em três subsetores: indústria de transformação (menos 161), eletricidade e gás (menos um) e indústrias extrativas (mais um).
Em seguida, aparecem os setores de construção, com saldo negativo de 32 postos de trabalho, com oito contratações para 40 desligamentos; e agropecuária, com menos sete vagas – resultado de duas admissões e nove demissões.
Esse foi o segundo mês do ano com saldo negativo. Em janeiro, 17 postos de trabalho acabaram fechados na cidade, com 936 contratações e 951 desligamentos. Em fevereiro, os números subiram, e 232 novas vagas foram geradas.
A tendência de saldo positivo foi mantida em março, com saldo de cinco postos de trabalho, fruto de 782 admissões e 777 demissões. Contudo, a queda no número de contratações e a alta das demissões, registrada no mês de abril, contribuiu de forma expressiva para o saldo negativo de empregos formais no primeiro quadrimestre do ano.
Conforme o relatório do Caged, de janeiro a abril, 3.026 trabalhadores foram contratados, enquanto 3.371 acabaram demitidos, o que resulta no fechamento de 345 vagas formais de emprego na cidade.
No acumulado do quadrimestre, o único a fechar com saldo positivo foi o setor de serviços, com a geração de 199 vagas. Os outros quatro setores analisados tiveram baixa: comércio (menos 245), indústria (menos 192), construção (menos 104) e agropecuária (menos três).
Ainda segundo o levantamento, comparado ao primeiro quadrimestre de 2019, as admissões caíram 1,32% e as demissões subiram 12,14%. O levantamento não leva em consideração funcionários públicos estatutários e trabalhadores na informalidade.
Após a primeira divulgação do novo Caged, o ministério definiu calendário para os próximos dados de emprego formal no país: as informações de maio serão divulgadas no dia 29 de junho; em julho, serão divulgados os dados de junho e assim por diante.
O desempenho da cidade é equivalente ao de todo o país. No Brasil, as demissões ocorridas em abril superaram as contratações com carteira assinada em 860.503 postos de trabalho. Foram 1.459.099 desligamentos e 598.596 contratações.
Enquanto as demissões tiveram incremento de 17,2%, as admissões caíram 56,5% na comparação com abril de 2019. Em valores nominais, São Paulo teve o pior desempenho, com o fechamento de 260.902 postos de trabalho. O estado é seguido por Minas Gerais (menos 88.298); Rio de Janeiro (menos 83.626) e Rio Grande do Sul (menos 74.686).
Em nota à imprensa, o secretário especial da Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, Bruno Bianco, aponta que o resultado reflete os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia brasileira.
Em março, mês de início das medidas de isolamento social, o saldo de emprego formal ficou negativo em 207.401 vagas. Foram 1.316.655 admissões e 1.524.056 desligamentos.
De janeiro a abril de 2020, houve 4.999.981 admissões e 5.763.213 demissões no país, com resultado negativo de 763.232. O salário médio real de admissão no Brasil passou de R$ 1.496,92, em abril de 2019, para R$ 1.814,62, no mês passado.
“É um número duro, que reflete a realidade de pandemia que vivemos, mas que traz algo positivo. O Brasil está conseguindo preservar emprego e renda, no entanto, pelos mesmos motivos de pandemia, não estamos conseguindo manter a contratação que tínhamos outrora”, comentou o secretário.
O chefe da agência regional do Ministério do Trabalho em Tatuí, Ricardo Augusto Ordonio de Morais, também apontou a pandemia como responsável pela baixa nos empregos e acentuou que o fechamento de vagas já era esperado.
“Não posso falar em números, mas, devido à pandemia, já imaginávamos este cenário. Desde que a quarentena começou, empresas fecharam, outras demitiram, tudo isso contribuiu”, comentou Morais.
Ele acrescentou que, “muito embora o governo tenha instituído uma suspensão do trabalho para tentar impedir as demissões, infelizmente, elas acabaram ocorrendo”.
Para o chefe, nos próximos meses, a situação não deve ser diferente. “É difícil dizer o que vem pela frente, mas sabemos que a consequência dessa situação pode perdurar por algum tempo ainda”.
“Mesmo que tudo volte ao que era antes da Covid-19, ainda teremos um longo caminho a percorrer. Esperamos que tudo isso passe o quanto antes para que tudo possa caminhar de forma positiva e, gradualmente, voltem a aparecer novos postos de trabalho”, concluiu.