RAUL VALLERINE
Só entende o valor do silêncio quem tem necessidade de calar para não ferir alguém.
Rousseau
Existe um provérbio bastante popular que diz que a palavra é de prata, enquanto que o silêncio é de ouro. Realmente, dizer as coisas certas é muito bom, mas saber a hora de se calar é uma qualidade extraordinária.
Além de evitar falar coisas que não gostaria, o poder do silêncio é positivo porque nos possibilita ter uma visão mais ampla da situação, para que seja possível refletir com serenidade antes de tomar decisões e nos pronunciarmos.
Sábio é aquele que, em silêncio, desenvolve um estado mental que o ensina a ser prudente e coerente com o que vai dizer. Nesse silêncio, pode parecer óbvio, mas quanto mais pensamos, menos vamos falar. Falar mais é pensar sempre menos.
Certamente, você já se viu em algumas situações que falou o que não deveria ou falou mais que deveria. Em momentos de crise, por exemplo, somos sempre convidados a emitir nossa opinião. Como esse momento nos obriga a avaliar, nos sentimos prontos para falar sempre mais. E é aí que precisamos ter cuidado!
Da mesma forma como não se pode apressar o amadurecimento de uma fruta sem afetar seu sabor, o silêncio também precisa de um estágio de amadurecimento. Imagine um cenário onde você é testado a dizer o que não te interessa.
Mesmo sendo difícil ficar calado quando por algum motivo algo não te agrada, se você for apressado em sua fala, haverá uma grande chance de você ser afetado pelas circunstâncias externas. Ou seja, você ainda precisa exercitar o silêncio para evitar a pressa de falar, quase sempre, o que outro quer ouvir.
Sendo assim, quando o sábio é testado a dizer aquilo que o tolo quer ouvir, basta o silêncio para distorcer seu modo habitual de se impor. Por isso, quando se diz por meio do silêncio, cala a arrogância. O silêncio é uma virtude que revela o olhar dos sábios.
Em um diálogo, é no silêncio dos intervalos que nos completamos nas falas. Se você tentar se impor, na tentativa do convencimento, bloqueará todos os sentidos de quem te escuta.
Falar e silenciar são como o sol e lua: quando um está presente, o outro não está. Exercitar o diálogo é tão necessário quanto praticar o silêncio.
Observe, por exemplo, quando você fala. Quando no silêncio, você deixa de refletir sobre o que vai falar, você passa a adjetivar.
Em um mundo destituído de consciência, não queremos mais o silêncio. A fala reflexiva deu lugar às artificialidades postadas diariamente nas redes sociais.
Quando temos a informação, mas não nos preocupamos com a formação, falamos o que escutamos. E como a nossa capacidade de ouvir está muito baixa, temos medo de que o mundo não saiba quem somos. Com isso, não importa ser, é preciso parecer e aparecer.
Como podemos ver, o silêncio tem um poder extraordinário de te fazer relaxar e se conectar profundamente com o seu eu interior.
Ao conquistar este autoentendimento conseguirá se conhecer melhor e encontrar todas as respostas que precisa para tomar boas decisões, se acalmar, sentir-se mais pleno e agir de acordo com a sua essência.
Estar em paz com a mente impactará de forma positiva em sua saúde física, emocional e mental. Valorize o poder do silêncio, conecte-se com a sabedoria destes momentos e fique melhor em todas as áreas da sua vida.
Eu te convido a uma reflexão! Que o seu silêncio interior seja abastecido com palavras de bondade e de amor, pois o silêncio sem essas palavras seria um vazio absoluto.
Que o seu silêncio não seja a recusa da palavra, mas a possibilidade de dizer de forma honesta, sempre considerando quem vai te ouvir, não importando quem seja. E não se preocupe com o barulho, só por meio dele é que se revela o silêncio.