André Rezende *
Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de 24Economia da Fundação Getúlio Vargas), publicado na Folha de São Paulo do dia 12, revelou números alarmantes em relação ao desemprego no país. Devido à crise da pandemia causada pelo novo coronavírus, serão até 12,6 milhões desempregados e haverá contração recorde de quase 15% na renda dos trabalhadores.
Esta realidade, no entanto, não tem sido vivenciada apenas em território nacional. Os efeitos da pandemia no desemprego também são devastadores mundo afora.
De acordo com levantamento realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a crise econômica e trabalhista criada pela doença pode aumentar o número de desempregados no mundo em quase 25 milhões.
Para evitar esta situação, a organização recomenda a ampliação da proteção social, o apoio à manutenção de empregos (ou seja, trabalho com jornada reduzida, licença remunerada e outros subsídios) e também aos benefícios fiscais e financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas.
No Brasil, medidas anunciadas pelo governo como o auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais, redução de jornadas e salários e apoio a pequenas e médias empresas com crédito para pagamento de salários, tentam aliviar a vida de empregados e empregadores, mas ainda existem iniciativas individuais muito importantes sendo implementadas neste momento, como o movimento “Não Demita!”.
Criado para incentivar a manutenção dos empregos por, pelo menos, dois meses, o projeto que começou com 40 empresas já conta com a adesão de mais 3.500, incluindo gigantes como Accenture, Alpargatas, Bradesco, C&A e Magazine Luiza.
A iniciativa tem como um dos pilares a construção de um legado com a conscientização de empresários sobre a responsabilidade social que seus negócios possuem para com a sociedade. Até o momento, o “Não Demita! já evitou a demissão de cerca de 1,5 milhão de pessoas que são funcionários diretos dessas empresas.
Apesar de negativa para a economia, a paralisação das atividades comerciais no país ainda é a melhor forma de prevenção contra o avanço da pandemia e isso já foi comprovado em países que começaram a enfrentar a doença antes.
Neste momento tão crítico e sem precedentes, é preciso compreender – e concordar – com declarações como a do renomado economista Richard Baldwin em entrevista à BBC News Mundo. Ele declarou que quarentenas e outras medidas de contenção são uma “imposição moral” diante da pandemia de coronavírus que está “matando pessoas que não deveriam estar morrendo”.
“Se você não entrar em quarentena por causa da pandemia, ela causa mais problemas e mais danos econômicos. (…) Se você não implementa uma quarentena porque quer economizar dinheiro, está enfrentando uma questão moral e não econômica”, disse.
A verdade é que para cada decisão tomada pelos líderes, há sempre uma renúncia e, neste momento, todos os caminhos geram grandes impactos. No entanto, apesar de todas as adversidades atuais de vivermos neste mundo globalizado, existe uma grande oportunidade não muito debatida: agora é preciso nos unirmos não apenas para achatar a curva da epidemia, mas também a da recessão. Afinal, a economia depende das pessoas e as pessoas dependem da economia – um não existe sem o outro.
* Consultor, palestrante e mentor de pessoas e negócios